terça-feira, 25 de agosto de 2020

AS CRIANÇAS NÃO NOS OUVEM, ELAS NOS IMITAM.

 Crianças que não brincam ao ar livre não se preocupam em preservar ...

Você tem alguma memória de brincar na natureza em sua infância? Subir na árvore, deitar na grama, caçar tatu-bola ou construir uma cabana ao ar livre? Infelizmente, é possível que essas memórias estejam em extinção para muitas crianças que vivem no ambiente urbano da atualidade.

Estudos mostram que entre 1997 e 2003 houve um declínio de 50% na proporção de crianças de 9 a 12 anos que passavam tempo em atividades externas nos Estados Unidos. As crianças brasileiras são as que mais passam tempo na frente da televisão e chegam a ficar 90% do tempo em lugares fechados nos grandes centros urbanos.

As consequências dessa desconexão dos pequenos com a natureza estão sendo percebidas, estudadas e colocadas em pauta em diversos contextos e espaços. São levantadas, por exemplo, questões como obesidade infantil, ansiedade, depressão, dificuldades de concentração e menos interação social.

A fala de um dos maiores especialistas da área, entretanto, chamou minha atenção para um aspecto interessante (e preocupante): “Estamos criando um ambiente em que, creio eu, as crianças estão menos vivas.” Richard Louv aponta que um dos principais impactos da desconexão com a natureza é o encolhimento de seu mundo sensorial. Ao invés de terem experiências primárias, diretas e exploratórias com o mundo, crianças estão apenas observando, dialogando e vivenciando o mundo por meio de telas e aplicativos.

As novas tecnologias não envolvem o toque humano e dessa maneira nossos sentidos estão sendo eletrificados e segundo o próprio Louv, corremos o risco de despersonalização da vida humana.

Queremos crianças menos vivas? Tenho certeza que não. Como começar a reverter esse quadro? Nós, adultos, precisamos nos (re)encantar e (re)conectar com a natureza. A grande maioria dos adultos, atualmente, não se sente parte da natureza e a enxerga como um ambiente cheio de riscos, perigos, sujeiras e sem “progresso”. E adivinhem só: as crianças nos observam o tempo todo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário