segunda-feira, 10 de junho de 2019

WATERGATE E MOROGATE

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1972. Estados Unidos.

Watergate vem à tona em uma das mais significativas reportagens investigativas já feitas, pois o escândalo político leva à renúncia do presidente dos Estados Unidos. O caso começa com a prisão de cinco homens, pegos instalando equipamentos de espionagem e fotografando documentos na sede do partido democrata, localizada no edifício Watergate (daí o nome pelo qual ficou conhecido). Os jornalistas Bob Woodward e Carl Bernstein, do Washington Post, investigam o caso e começam a receber informações sobre ligações com a Casa Branca. Descobrem que o nome de um dos homens presos consta na folha de pagamento do comitê de reeleição do presidente Nixon, do partido republicano. Os repórteres revelam, em uma série de matérias, que Nixon utilizou dinheiro não declarado para espionar os adversários e beneficiar-se na campanha pela reeleição. A investigação identifica em fitas gravadas que o presidente sabia das operações ilegais. Com as provas levantadas contra o partido republicano, Richard Nixon renuncia. O vice, Gerald Ford, assina anistia ao ex-presidente, garantindo que ele não precise assumir responsabilidades legais sobre o caso.

2019. Brasil

Vazam conversas entre o juiz Sérgio Moro, responsável pela condenação de Lula, e promotores, que comprovam total falta de isenção daquele que devia julgar, e não interferir nas investigações. Mais: os diálogos deixam claro que as ações da lava-jato são coordenadas de modo a determinar o resultado das eleições de 2018. O que as norteia não é o desejo de justiça, mas sim de conquista do poder. O juiz, após as eleições, assume como “superministro” do governo eleito de forma mais que irregular, com uso de robôs enviando fake news através das redes sociais, notadamente pelo whatsapp, que mostra o conteúdo das mensagens apenas aos usuários alvo.

Se o facebook se configura como um grande banheiro público, com pichações nas paredes que podem ser lidas por qualquer um, o whatsapp é o banheiro de casa, ou no máximo do clube (os grupos), em que os absurdos escritos nas paredes se preservam por mais tempo como supostas verdades, pois não sofrem a crítica do contraditório. Não há diálogo, apenas gritos de ódio. Mas,nos dois casos, o cheiro de esgoto é o mesmo.

A grande mídia, por outro lado, também impede o diálogo. Trata com naturalidade o fato de um dos candidatos a Presidente não comparecer a nenhum debate do segundo turno (mas sim a entrevistas solo), evitando também o debate entre ideias e a comparação necessária entre programas de governo. Também silencia a respeito, ou relativiza os diversos depoimentos em apoio à tortura, incentivo à violência, apologia ao racismo e ao estupro da parte de um dos candidatos, dando a impressão que há uma “disputa entre iguais”.

A manipulação midiática se configura como o mais grave estelionato eleitoral, pois a imprensa recebe, no regime democrático, a incumbência de fiscalizar os poderes legalmente instituídos; o executivo, o legislativo e o judiciário. Para isso, deve zelar ao máximo pela ética. A imprensa tem o dever de buscar aproximar-se o máximo possível da verdade (que, na perspectiva filosófica, é impossível de ser apreendida), e a função social de se colocar contra a intolerância. Deveria contribuir, ainda, para preservar a paz e o respeito por todos os indivíduos, pelos diversos grupos que compõem o tecido social. Sem isso, não há como existir uma nação, ou preservar o lema “ORDEM E PROGRESSO”, de nossa bandeira.

O mundo inteiro comenta as irregularidades acontecidas no âmbito político e jurídico no Brasil. Enquanto isso, aguardamos os desdobramentos das denúncias reveladas por Glenn Greeenwald, no site “The Intercept”. Esperamos que o STF consiga superar as hesitações e vacilos e tome as rédeas de uma nação destroçada pela relativização de valores morais, distorcidos e manipulados para servir a um grupo que representa uma elite canalha, vira-lata e arrogante. Os cidadãos brasileiros exigem que todos os envolvidos sejam punidos, e sejam tomadas as devidas providências para libertar o Brasil das amarras da ignorância e da injustiça.

No mais, aquilo que todos nós já sabemos, para o resgate da democracia, Lula livre é Brasil livre.




Publicado anteriormente por: Valéria Dallegrave

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