sexta-feira, 4 de outubro de 2019

COMO INVENTARAM A SAIDEIRA...


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A narrativa das Bodas de Caná, no capítulo 5 do evangelho de João, é uma das minhas contemplações preferidas. O texto marca a transição da vida anônima de Jesus para o que chamamos de vida pública. Essa divisão, por si só, já é convite à reflexão.

A maior parte do tempo da vida de Jesus entre nós deu-se no mais profundo anonimato. Há registros, poucos, de alguma coisa do seu nascimento, um episódio aos doze anos e, depois, silêncio. Sabemos que Ele crescia em idade graça e sabedoria, diante de Deus e dos homens. E só.

Tanta economia deve-se ao fato de que os evangelhos não são uma biografia do mestre de Nazaré. Os fatos ali registrados e narrados são apenas aqueles que nos ajudam a melhor entender a mensagem da Boa Nova. Ou seja, em comparação aos quase três anos de vida pública, onde estão detalhados gestos, palavras, discursos de Jesus, há um imenso evangelho não escrito, oculto no anonimato da aldeia de Nazaré. E, se não há informação, podemos, pela oração, imaginar, meditar e contemplar...

O elo entre um tempo e outro é uma festa de casamento. Nada mais adequado, uma vez que a mensagem da Boa Nova é anúncio de uma grande alegria.

Imagino a festa; Jesus à mesa, ao lado de pessoas queridas. Sua mãe, seus amigos, o grupo que começava a se formar ao redor dele. Como em toda festa, alegria, música, mesa farta, pessoas em comunhão.

Mas o vinho que acaba é prenúncio de fim de festa. Não para Jesus. Ele até vacila, titubeia, fica em dúvida, mas sua mãe chama sua atenção. Ela percebe o que falta, ela sabe qual é a hora e, afinal, está tão boa essa festa...

Maria chama os criados e diz: “Façam tudo o que Ele disser...”. Eis o cenário perfeito para Jesus fazer seu primeiro milagre: inventar a saideira!

Segundo a narrativa das comunidades de João, Jesus manda que encham seis talhas com água. Cada uma tem 100 litros, ou seja, seiscentos litros de vinho e do bão!

João era pescador, pode ter exagerado... mas não aqui não se trata de quantificar o milagre. Aliás, o verdadeiro milagre não está na quantidade de água transformada em vinho, nem no ato, em si de fazer aparecer vinho onde havia água. Os milagres de Jesus não são um espetáculo de mídia, mas uma experiência de comunhão, partilha e fé. E não há lugar mais apropriado para se viver comunhão que ao redor de uma mesa. E se, nesta mesa, celebra-se o amor, como numa festa de casamento, tudo se transforma. Até água passa a ter o gosto do vinho mais saboroso.

Tudo tão simples...

Contemplo, enfim, o fim da festa. Jesus, sua mãe, os amigos, todos unidos num brinde ao amor dos noivos. Desejos e votos de felicidade, saúde, alegria e paz. Abraços e beijos festivos.

Um brinde ao Deus que é Vida e Amor. E criou a cada um de nós por amor e para o amor...

O amor é a vida em festa, é a festa da vida. Me da a saideira!!!

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