quinta-feira, 7 de abril de 2022

GUERRA NA UCRÂNIA.

 

No momento em que parecia que a humanidade iria emergir do pesadelo da Covid-19, o anúncio da guerra na Ucrânia caiu como uma bomba. Não há outro assunto na mídia, levantando posições diversas sobre um e outro lado desta guerra. E o que se apresenta aos olhos de todos nós é o saldo de sempre: sangue, destruição, sofrimento, vítimas e mais vítimas, sobretudo crianças e pessoas vulneráveis das vulnerabilidades tantas que compõem o cenário da vida humana neste já avançado século XXI.

Discute-se se a guerra é justa ou não; quem tem razão e quem não tem; quais implicações tem esta ou aquela tomada de posição; que organismos internacionais devem ou não intervir.

É sempre bom ouvir o que dizem sábios e justos de outras épocas que viveram situações semelhantes. Aqui trazemos a reflexão da filósofa Simone Weil, que viveu no século XX. Nascida em 1909, viveu a Primeira Guerra mundial, lutou na Guerra Civil Espanhola e morreu durante a Segunda Guerra mundial, em 1943, aos 34 anos.

Para Simone Weil, na sociedade como no mundo a ordem resulta do jogo das forças e energias que se limitam e se equilibram. Isso para ela é a imagem da pureza, o equilíbrio entre a força da gravidade e a energia da luz. Não é possível, portanto, haver relações justas entre os seres humanos senão na medida em que uns e outros sabem limitar seus desejos e não desejam se apropriar dos objetos finitos. Pois um desejo limitado pode compor com os outros desejos que a pessoa porventura tenha e com os desejos limitados das outras pessoas.

A violência surge precisamente quando o homem começa a desejar o ilimitado, ou seja, perde o freio de seus próprios desejos e/ou quando seu desejo se encontra contrariado pelos outros. Enraíza-se, então, em um desejo ilimitado que esbarra no limite constituído pelo desejo de um outro. Para Simone Weil, a justiça e a paz só podem acontecer no momento em que os seres humanos renunciam a possuir o infinito, renunciam a desejar ilimitadamente. Se não conseguem fazer isso, é preciso que a lei os constranja a isso. A lei será o limite nas questões sociais e de luta pela justiça.

A vida e o pensamento desta pensadora nos interpelam hoje, quando presenciamos nações se enfrentando e medindo forças. Na verdade, a força é, segundo ela, o que determina as relações entre os homens. E não é possível amar e ser justo senão conhecendo o império da força e sabendo não respeitá-lo. Que o mundo consiga aprender essa difícil atitude, é o que resta desejar diante da guerra que se trava neste momento, mobilizando o mundo.

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