sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

SALVE A ESPERANÇA.

Assim diz a belíssima canção de Gilberto Gil: Louvação. Ali o compositor e recente imortal da Academia Brasileira de Letras, depois de louvar várias situações vitais, louva “a esperança da gente na vida pra ser melhor”. E segue: “Quem espera sempre alcança/ Três vezes salve a esperança”.

Louvemos, pois, a esperança neste início do tempo propício quando o ventre grávido da moça de Nazaré, após o anúncio do Anjo, lateja e pulsa da vida verdadeira feita carne. Louvemos a esperança na vida para ser melhor. Tem que ser melhor por causa da criança que habita o seio da Virgem. Tem que ser melhor por causa do sofrimento do povo, que anseia e clama por dias melhores. Tem que ser melhor por causa da terra, que geme e sofre como em dores de parto vendo seu ventre profanado pelo garimpo e as motosserras.

Começamos o tempo do Advento. Esperamos o que advém, o que se anuncia, o que chega. Depois de todo um ano driblando a doença e a morte, agora esperamos a vida que se faz esperar na alegria, na vigilância e na purificação. Mais do que nunca é preciso esperar. Esperar com paz e com desejo. Esperar com abertura e solicitude. Esperar crendo que, apesar de todas as aparências em contrário, vai acontecer a chegada.

Esperar é preciso. Quem espera sempre alcança. A semente dará seu fruto. Enquanto isso, espera-se o futuro que vive no ventre da mulher. Espera-se um futuro novo, diferente do passado. Ele está chegando e a qualquer momento pode entrar por qualquer fresta de qualquer porta. Três vezes salve a esperança, pois quem espera sempre alcança.

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