quarta-feira, 3 de novembro de 2021

TRANSFORMAR A MENTE.


O admirável apóstolo Paulo, escrevendo à comunidade cristã de Éfeso, partilha, enfaticamente, este conselho: “É preciso renovar-vos, pela transformação espiritual de vossa mente, e vestir-vos do homem novo, criado à imagem de Deus, em justiça e santidade da verdade”. Em outras circunstâncias, por meio da pregação e da escritura, o mesmo apóstolo abordou essa temática, cônscio dos avanços e retrocessos na existência humana, com incidências fortes no tecido sociocultural. A mente humana é patrimônio da liberdade individual, mas com enorme responsabilidade social, por influenciar nas configurações de valores e princípios. Sabe-se o quanto a mentalidade coletiva incide sobre a realidade, inspirando ganhos e perdas, em diferentes etapas da história. No contexto contemporâneo da sociedade brasileira, é preocupante a hegemonia de compreensões que corroem conquistas importantes da democracia e do exercício da solidariedade. Retrocessos perigosos e a tendência de se manter, em “banho-maria”, temáticas relevantes para a preservação dos direitos e da justiça.

A forja dessas perdas é o predomínio de uma mentalidade que precisa ser debelada, a partir de providências urgentes, para reverter a crise antropológico-cultural em curso na sociedade. Sofre-se a consequência de uma verdadeira “babel”, revelada pela falta de conexões na linguagem, manipulada para formular juízos incoerentes, contaminados por vícios que englobam desde a defesa do que é indefensável até as manifestações de ódio. Têm sido nefastas as consequências, que incluem equívocos nas escolhas políticas – o que aponta para a urgência de se investir sempre mais no exercício cidadão de adequadamente escolher aqueles que ocupam as instâncias do poder. Um passo importante nessa tarefa é reconhecer: mentes estão produzindo, mundo afora, “sombras de um mundo fechado”.
É hora de vencer todo tipo de desânimo e cuidar para que não haja propagação de desconfianças, alimentando as polarizações e o caos. A luta por interesses egoístas alimenta a configuração de uma realidade em que todos estão contra todos, onde vencer se torna sinônimo de destruição. O momento requer o exercício da escuta, condição essencial para qualificar aquilo que se diz. Oportunidade para transformar a mente – acolhendo a orientação do apóstolo Paulo – e gerar entendimentos que promovam a fraternidade, com novas incidências existenciais, políticas e sociais.

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