sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

ALEGRIA SEMPRE, COMO?

Uma das mais sérias observações feitas ao nosso tempo e à nossa sociedade pós-moderna refere-se ao roubo da alegria de viver. Aqui não são nomeados assaltantes. Eles não têm rosto, nem armas, mas subliminarmente agem sem ação, tiram ser ter mãos e passam sem ter pés. O roubo da alegria parece ser um dos mais sérios prejuízos à convivência humana. Por que andamos assim, tão sérios, com rostos fechados, de mau humor? O que nos rouba a alegria?

 “O grande risco do mundo atual, com sua múltipla e avassaladora oferta de consumo, é a tristeza individualista que brota do coração comodista e mesquinho, da busca desordenada de prazeres superficiais, da consciência isolada... Muitos caem nele, transformando-se em pessoas ressentidas, queixosas, sem vida”

Logo em seguida a essa advertência, Francisco convida a nos deixarmos encontrar pelo Senhor. “Da alegria trazida pelo Senhor, ninguém é excluído... Quem arrisca, o Senhor não o desilude”. Esta é a alegria de base que o mundo não pode roubar. Para cultivá-la e garanti-la necessitamos de uma luta paciente, perseverante e teimosa, pois as ofertas de alegrias passageiras invadem nossa superficialidade e querem se tornar agentes de uma alegria imediata, mas fugaz.

Ser uma pessoa alegre ou ter apenas algumas alegrias, é o que faz a diferença. Temos o sagrado direito da alegria! Essa é o reflexo de uma vida rica de sentido, de poder andar em caminhos abertos, de horizontes amplos e esperançosos. É a alegria de sentir-nos habitados e não solitários na aventura da vida.

Encontrar Cristo é o mesmo que encontrar o verdadeiro mestre da alegria. O sermão da montanha abre-se com a solene proclamação da alegria dos pobres, dos pacientes, dos aflitos, dos que têm fome e sede de justiça, dos misericordiosos, dos puros de coração, dos perseguidos por causa da justiça e dos que promovem a paz.

“Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito, alegrai-vos!”. O que intriga, nas palavras do apóstolo Paulo é a palavra “sempre”. Algum tempo de alegria e algumas experiências rápidas acontecem, mas “sempre” é a questão. Em sua experiência com o Senhor, Paulo se dá o direito de dizer que é possível cultivar sempre este tipo de alegria de base.

Ao pensarmos em Francisco de Assis e sua definição da “perfeita alegria”, ficamos admirados quando o grande santo diz ser possível vivê-la no desconforto total da rejeição, até mesmo dos próprios confrades. Talvez o seu “Cântico das criaturas”, verdadeira explosão de alegria, seja a maior prova daquela alegria que ele sempre cultivou na raiz de seu ser redimido. No meio da dor proclamou e compôs o mais significativo hino de amor e de alegria.

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