quarta-feira, 12 de outubro de 2016

VISITAR OS ENFERMOS.

No “vinde benditos!” ou no “afastai-vos de mim!” do juízo final também entra a obra de misericórdia concretizada na visitação ou não visitação dos doentes. “Estava doente e me visitastes!”. “Estava doente e não me socorrestes!”. Tanto uns, quanto outros perguntarão ao Rei: “Quando foi que te vimos doente e fomos te visitar; ou te vimos enfermo e não fomos te visitar?”. Isso confirma como nossas obras de misericórdia são significativas, quando as conectamos na relação a Jesus Cristo, mas também como é difícil sintonizar com este mistério de comunhão: “...embora muitos somos um só corpo em Cristo, e individualmente somos membros uns dos outros”.

Há muitas razões que confirmam quanto é significativa a visita aos enfermos, principalmente porque todos estamos sujeitos à mesma fragilidade e somos necessitados de solidariedade. Nosso corpo é sempre limitado e nossas aspirações do espírito sempre em necessidade de buscar e encontrar o melhor remédio, novas luzes e novos encontros que nos ajudam a prosseguir. É dentro desta perspectiva, não apenas humana e limitada, mas também situada no horizonte do infinito que encontramos a razão maior para visitar de modo cristão os enfermos. Sabemos que no amor de Cristo a vida se eterniza.

A visita solidária ao doente sempre chega no momento em que a misericórdia precisa ser acionada. A doença que atinge nossa dimensão biológica, também debilita nossa normalidade psicológica e espiritual. O corpo sente a diminuição da energia e clama mais atenção, ajuda, senão mesmo por socorro e dependência de outros. O próprio espírito perde clarividência e agilidade, tornando-se opaco e pesado.

É bem verdade que, com o doente, também sofrem os que com ele convivem. Por esse motivo, a solidariedade humana necessita ir passando para a solidariedade da fé, para não virar deprimente nem para o doente, nem para os que o acompanham, ou visitam. A enfermidade não é estranha para os humanos. Porém torna-se estranha e indesejável quando nos atinge, tanto pessoalmente, como na família ou nos amigos. Diante dessa realidade nossa existência se coloca em crise e traz interrogações profundas e até mesmo revoltas. “Se a fé em Deus é colocada à prova, ao mesmo tempo revela toda a sua potência positiva”.

A visita aos enfermos não aparece com aparato de sensacionalismo, nem na sociedade, nem na Igreja, no entanto é uma confirmação do alto nível de civilização de um povo. Uma das pastorais mais próximas e queridas do Cristo Pastor é a visitação dos enfermos. O importante é caminhar ao lado da pessoa que sofre. Talvez mais do que a cura, ela precise da nossa presença, do coração humano repleto de misericórdia e da solidariedade. Estar ao lado de quem sofre é um modo humano e cristão de manifestar que estamos todos na mesma condição e podemos amenizar até mesmo as dores.

É verdadeiramente sábia a frase popular: “Alegrias partilhadas são alegrias dobradas! Sofrimentos partilhados são sofrimentos amenizados”.

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