sábado, 2 de abril de 2016

DAR UM PASSO MAIS

Era uma vez. Assim começam muitas histórias. Era uma vez um bando de rãs. No pequeno lago onde habitavam foi organizada uma competição. O objetivo era alcançar o topo de uma torre. Uma multidão juntou-se para apreciar. Todos eram de opinião de que nenhuma delas conseguiria superar o desafio. Tratava-se de algo impossível.

Uma dezena de rãs habilitou-se. Vocês não vão conseguir, diziam todos. O esforço será inútil, vocês vão fracassar. A competição começou e o pessimismo contagiante foi crescendo. Algumas rãs aceitaram o fatalismo e desistiram. Outras tentaram mais um pouco, mas chegaram à conclusão que seus limites haviam sido atingidos e também desistiram. Mas uma rã, muito teimosa, continuou na luta, passou por momentos difíceis, mas insistiu e chegou ao topo da torre.

Entre o espanto e a curiosidade, todos queriam saber seu segredo. Como ela conseguira superar aquele desafio considerado impossível. A rã vencedora não se deixara empolgar pelos elogios e pela crítica. A verdade veio em seguida: ela era surda. E porque era surda não foi influenciada pelo derrotismo de todos. Não escutara os profetas do pessimismo.

A vida é uma grande competição. Todos competimos, mas a competição não é contra os outros. Competimos conosco mesmos. Nosso dever é conseguir o máximo. E o máximo é conseguir dar um passo mais.

Saint Exupéry, num de seus voos, espatifou seu pequeno avião contra as catedrais de gelo dos Andes. Era impossível sair daí. Seus companheiros não tinham ideia do local da queda. Cansado, desanimado, teve a tentação de deixar que o frio intenso da neve e do gelo trouxesse a paz da morte. Mas ele pensou: se meus companheiros sabem que eu estou vivo, terão certeza que eu estarei caminhando. Com estrema fadiga, deu o primeiro passo. Depois, caminhou três dias e três noites, quando foi localizado e salvo.

Henry Ford, o pioneiro do automóvel em série, dizia aos seus subordinados: “Se você acha que pode, ou se você acha que não pode, sempre terá razão”. E Jean Cocteau - da Academia Francesa - parece ter dado os contornos definitivos nesta questão: “Ele não sabia que era impossível, foi lá e o realizou”.

A história está cheia de coisas “impossíveis” que alguém realizou. Foi assim que surgiram a televisão, o avião, a conquista da lua, o raio laser. A cada Olimpíada, recordes, considerados definitivos, são superados.

Na dimensão da fé, Paulo apóstolo garante: “Tudo posso naquele que me conforta” (Fl 4,13). Caso não consigamos, vale a luta. Nosso maior compromisso não é vencer, mas lutar até o fim. Dar um passo a mais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário