sábado, 24 de janeiro de 2015

A VIOLENCIA TEM RAÍZES PROFUNDAS.

Cláudio Rodrigues Rocha, 43 anos, teve seus 15 minutos de celebridade. Guarda noturno, foi contratado para zelar pelas residências de uma rua, função que exerce há 15 anos. Sempre atento, percebeu que algo estranho estava acontecendo em sua área. Acompanhado da esposa e de um filho de 10 anos, o dono de uma empresa estava sob a mira de um revólver. O assaltante exigiu o documento e a chave do carro e o segredo do cofre. O guarda procurou uma posição estratégica e acionou sua arma, atingindo o abdômen do assaltante. A polícia foi chamada e o criminoso levado ao hospital, após ser indiciado por roubo. Mas o vigilante também foi preso por falta de porte de arma. É bom lembrar que o Estatuto do Desarmamento proíbe que vigilantes estejam armados.
A prisão do guarda noturno mobilizou os moradores e o bom senso prevaleceu. Um advogado conseguiu sua liberdade provisória, depois de ter passado vinte horas no Presídio Central de Porto Alegre. Cláudio da Rocha responderá em liberdade pelo crime.
A questão do desarmamento foi debatida no Brasil em plebiscito. Após uma campanha emocional o “Não” venceu o “Sim”. Os vitoriosos alegaram que é injusto proibir o cidadão comum portar armas, enquanto os criminosos possuem arsenais e estão dispostos a usá-los. Mesmo que o Sim - desarmamento - tivesse vencido, nada teria mudado. Há uma preocupação em eliminar as consequências sem chegar às causas. Lei nenhuma resolve por si mesma. A violência tem raízes profundas e se alimenta das injustiças do tecido social. A Igreja, a família e a escola já não desfrutam do apoio necessário. Os meios de comunicação, muitas vezes e de muitas maneiras, pregam a violência. A maior ilusão é acabar com a violência pela violência.
Os doutores da lei dos tempos de Jesus contabilizaram 632 mandamentos. Ao ser interrogado sobre o maior deles, Jesus apontou o amor a Deus e ao próximo. Eles constituem a síntese, a essência de todas as leis. Amar o próximo não pode ser apenas uma bela intenção, mas exige também a purificação da sociedade. As leis nunca salvaram ninguém. São Paulo alerta que a lei, sem o espírito, mata. Ela existe para privilegiar um valor. Mais que a humanidade se afasta de Deus, mais leis são necessárias. E inúteis. São Paulo garante: “Onde existe o Espírito do Senhor, aí reina a liberdade”.
Deus quer que seus filhos e filhas sejam felizes. O homem de hoje exige autonomia absoluta e pretende saber como ser feliz. Ele recusa a lei do amor e se obriga a viver sob a lei do temor. O guarda noturno cometeu pequena infração – arma sem porte –mas quem vai dar ordem de prisão aos grandes ladrões deste país? O Padre Antônio Vieira (1608 – 1697) lembrava que o verbo furtar era conjugado em todos os tempos, pessoas e modos. Na antiguidade grega, o filósofo Diógenes dizia que a lei era como uma teia de aranha, que só prendia pequenos insetos.

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