Como todo
mundo já sabe desde criança, 7 de setembro é o dia de nossa independência.
Aprendemos
garotos no colégio, pelo menos na minha época era assim, a cantar o hino do
nosso país, o da bandeira, o da independência e que D.Pedro I é um grande herói
nacional.
Com o
tempo vemos que não foi bem assim.
Assim como
é uma balela esse papo que fomos descobertos. Descobertos apenas pelos
“civilizados”, porque muito antes do Brasil Pindorama já existia com seus
índios, cultura e riqueza. O que pode ter ocorrido em 22 de abril de 1500 foi a
“Invenção do Brasil”. Inventaram um país da forma que eles queriam que fosse e
que é dessa forma até hoje.
Exploraram
nossas riquezas, acabaram com nosso pau brasil, seduziram nossos índios com
espelhinhos, dormiram com as índias, implantaram a catequese impondo religião e
deixaram em troca a escória da Europa.
Os
criminosos, os condenados, aqueles que Portugal queria se livrar e outros
semelhantes foram mandados ao Brasil para povoar e comandar nossa terra. Na
nossa “invenção”, Pero Vaz de Caminha em famosa carta ao rei de Portugal pediu
emprego para seu sobrinho!! O nepotismo e o jeitinho brasileiro nasceram junto
com esse país continental.
Depois a
burguesia se fartou com as capitanias hereditárias. Feudos que existem até hoje
foram criados. A propósito, não duvido que a região do Maranhão tenha sido dada
ao primeiro Sarney. Revoltas que surgiam vinham à tona por interesses próprios.
Esse país
não foi formado por heróis, foi formado por oportunidades.
Os
inconfidentes mineiros pensavam em si em sua rebelião. Nos impostos que pagavam.
Em nenhum momento pensaram, por exemplo, na libertação dos escravos. Na hora que
“deu ruim” todos “tiraram da reta” e sobrou para Tiradentes, que assumiu o papel
de “bucha”.
Tiradentes
bateu no peito, disse “é comigo mesmo”, assumiu a liderança do movimento, parou
na forca e virou feriado e praça (na foto, em 1934).
Mas o
Brasil precisa de heróis e depois que viramos República, criaram o perfil de um
Tiradentes barbudo, cabeludo, igualzinho Jesus Cristo - mesmo ninguém sendo
enforcado dessa forma. Por fim criaram Milton Nascimento cantando “Coração de
Estudante” para o herói ser definitivo.
Também
colocaram essa música na trilha da agonia de Tancredo Neves e provar que
originalidade não é nosso forte.
O processo
da nossa independência também começou com “arregada”. A família real portuguesa
fugiu pra cá com medo de Napoleão. Imaginem aqueles portugueses todos, eram
milhares, correndo para os barcos e desembarcando aqui nesse país tropical e
subdesenvolvido? Só por isso desenvolveram o Brasil, para que pudessem morar em
lugar decente.
Seja para
receber a família real ou as Olimpíadas o Brasil só evolui no tranco. Só fazem
grandes obras, grande desenvolvimento com a finalidade de primeiro melhorar as
condições da burguesia e o mundo ver como somos empreendedores.
Nenhuma
gota de sangue foi derramada para nossa Independência. Ela foi um grande acordo
de gabinete para que Portugal de certa forma mantivesse o poder. O “maior herói
da história do Brasil” decidiu proclamar nossa independência em meio a uma
diarreia.
E nosso
maior herói era namorador e morreu de doença venérea.
Nossa
maior guerra resume-se a entrar sob ordem da Inglaterra para dizimar um pequeno
país vizinho. Nosso maior guerreiro, Duque de Caxias, era um facínora. Outra
grande guerra que entramos, a 2°Guerra mundial, o Brasil demorou a decidir que
lado estava e também decidiu por interesse.
A
“revolução” de 1964 foi feita com interesses da burguesia e a derrubada do
Fernando Collor de Mello em 1992 com interesse da Globo.
O Brasil é
um país que deu errado? Por incrível que pareça, com tudo isso que citei acima,
não.
Tudo bem,
o futebol era nosso maior orgulho, éramos os melhores e deixamos de ser pelo
menos por enquanto, mas somos mais que o futebol.
Somos um
país com um povo maravilhoso, com defeitos evidentemente, mas de uma gente
valente, guerreira, mais que Tiradentes e Duque de Caxias, que entra na guerra
do dia a dia com tudo contra e vence.
Somos o
país também de Pelé, Chico Xavier, Irmã Dulce, Santos Dumont, Betinho, Villa
Lobos, Tom Jobim, Chico Buarque, Vinicius de Moraes, Chico Mendes, Paulo Freire,
Machado de Assis, Darcy Ribeiro, Nelson Rodrigues, Fernanda Montenegro, Elis
Regina, Clara Nunes, Carmem Miranda (sei que era portuguesa, mas
brasileiríssima) e tantos outros que nos orgulharam e orgulham.
O
problema, como eu disse acima, é que todas as nossas grandes mudanças, guerras,
revoluções foram por interesses pessoais ou de uma coletividade. Nunca foi uma
coisa para o país todo e nos momentos que poderíamos ter nos fortalecido como a
independência que comemoramos essa semana ela veio de uma “cagada”.
Isso nos
transformou numa nação passiva, que diz que “é assim mesmo” e vê a vida passar
no Gatonet.
Só
acredito em revoluções de baixo para cima, que venha dos “filhos da
miséria”.
Porque há
uma hora em que todo mundo cansa, até o que se acostumou apanhar.
Há de
chegar a hora que os filhos da miséria, os mendigos, os delinquentes, as
prostitutas, os bêbados, os crackudos, os loucos, os desempregados, os
favelados, os negros, as mulheres, os operários que arriscam suas vidas em
construções, os presidiários, o camelô que acorda cinco da manhã, os que sofrem
de amor, os que sofrem de vida, que todos eles vão acordar e ver que a
independência é uma falácia, ninguém é independente.
E essas
pessoas, elas que estão à margem da sociedade, do politicamente correto e do
Brasil inventado em 1500 tomarão de volta Pindorama. Não para os índios, porque
esses infelizmente foram dizimados pela “cultura” e pela “civilização”.
Mas
tomarão das mãos de quem rouba. De quem desvia dinheiro da saúde, da educação,
do saneamento básico, segurança, quem compra votos e ri da nossa cara todos os
dias em câmaras de vereadores, assembleias legislativas e governos municipais e
estaduais.
E os
filhos da miséria irão marchar até Brasília, nadar naquele lago em frente ao
congresso e entrar lá naqueles dois prédios tomando de volta o que é dele, pois
dizem ali ser a casa do povo e não de mensaleiros.
No STF
eles darão as ordens e não vão absolver bandidos e vão fazer rolar pela rampa do
Planalto todo o desmando e humilhação que sofreram até hoje.
Aí sim
acreditarei em revoluções e independência. No dia que a bandeira nacional for
substituída por uma camisa rasgada e suja de graxa e sangue.
Enquanto
isso vamos aproveitando o feriado de 7 de setembro, para alguma coisa serve essa
mentira.
Na nossa
pátria mãe gentil não há lugar para os filhos da miséria.
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