quarta-feira, 30 de junho de 2010

UMA PEDRA NO SAPATO DELES.

O Brasil passou, de repente, a ser uma pedra no sapato da União Européia. A pergunta mais patética formulada a Dilma foi: “como, e por que o Brasil deu um reajuste de 7,7% aos aposentados?”.

Isso vem na contramão de tudo o que está sendo programado e feito por aqui. Congelamentos de salário, ou diminuição, diminuição ou limitação de pensões e aposentadorias, suspensão de subsídios destinados ao mercado da classe média e dos mais pobres, fim de auxílios como os dados às mães solteiras, investimentos no pequeno e médio negócio: essa é a amarga receita que está sendo enfiada goela abaixo dos países – leia-se: os trabalhadores e aposentados – da U. E. Conhecemos a receita, fruto tanto do estouro do endividamento programado, como aconteceu na Ásia nos anos 90 e na América Latina no começo dos 80.
Ou seja: a presença do Brasil, que já provocava admiração ao ser um dos países que melhor saiu da crise recente, agora provoca perplexidade, inveja e um certo ar de ressentimento, além de se ter tornado um “mau exemplo”. O nosso país está se saindo bem exatamente por ter feito tudo ao contrário dessas receitas que há meio século, pelo menos, senão mais, são o vade-mecum das finanças internacionais.
Duas semanas atrás o economista Frederick Jaspersen, diretor para a América Latina no Institute of International Finance, uma organização criada em 1983 por 38 grandes bancos de atuação em escala mundial logo depois da crise da dívida latino-americana, previu a vitória de Dilma Rousseff nas eleições de outubro (o otimismo/pessimismo fica por conta dele). E acrescentou que isso era péssimo, porque significava aumentos dos “gastos” públicos, política industrial centrada em estatais, pressão política sobre as agências regulatórias (ou desregulatórias, para nós). Ao contrário, disse ele, a vitória de Serra significaria endurecimento no controle fiscal (leia-se, menos investimentos sociais), ênfase no setor privado (leia-se, transferência de verbas públicas para as empresas privadas) e uma política tributária para encorajar investimentos privados (leia-se, carga tributária regressiva na renda e progressiva no consumo).

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