domingo, 16 de outubro de 2022

UMA RETAFINAL COM MUITA TENSÃO.

Bolsonaro está arruinando o país para comprar votos. Está chamando os seus fanáticos para constranger eleitores. Está prometendo ataques aos locais de votação para questionar os resultados. Mas ele depende da avaliação do MD para a operação visando a anulação do pleito. A pergunta é: que vai fazer o Alto Comando do exército? Esconder a dita avaliação? Endossar o questionamento dos resultados? Ou, como afirma o artigo da Folha, vai aceitá-lo?

Se a última pergunta for respondida positivamente, Bolsonaro não terá outra opção senão apelar para uma rebelião dos oficiais de nível médio contra os comandos maiores. Este apelo é pouco provável, pelos imensos riscos deste salto no escuro. Ele significa propor uma insurreição que pode levar à sua imediata prisão se os comandos de tropa se mantiverem na obediência devida à hierarquia militar. E se a rebelião tiver apoio, Bolsonaro vai gerar uma crise militar única na nossa história, com risco de uma guerra civil. O desfecho mais provável de uma posição republicana do Alto Comando é Bolsonaro aceitar a derrota e botar a viola no saco e ir comer pão com leite moça no seu condomínio na Barra da Tijuca. E rezar para que a enxurrada de processos pendentes contra ele não chegue a sua conclusão final, que o levaria a ir jogar gamão com Sérgio Cabral em um presidio do Rio de Janeiro.

Estamos diante de duas situações de alto risco. A primeira terá que ser enfrentada por cada um de nós, aceitando bravamente os perigos de ir votar enfrentando a máfia bolsonarista ameaçando-nos fisicamente. A segunda é a decisão do Alto Comando do exército, endossando os atentados bolsonaristas ou tirando o tapete do protoditador.

No interminável rol de riscos de última hora poderemos ver a repetição da jogada político-jurídica operada em Alagoas. A Polícia Federal, com o apoio do STJ, interveio na disputa eleitoral daquele pequeno estado para favorecer Bolsonaro e seus apoiadores locais, Artur Lira como emblema. Como parece estar dando certo, podemos esperar outras operações de mesmo tipo em outros estados, e a reação do STF, como sempre, será depois que os efeitos políticos da ação tenham dado seus resultados.

Tudo indica que estamos por decidir o futuro do país por uma margem muito estreita de votos. Isto é inacreditável para qualquer um que tenha dez mil réis de inteligência, mas este é mundo em que vivemos. O mal está mandando e o bem na defensiva. Lula é, gostemos dele ou não, o último baluarte contra a barbárie nas relações sociais e políticas. O nosso esforço, enquanto brasileiros conscientes, é tentar afastar as trevas que se avolumam e ganhar tempo para redefinirmos que país queremos para nós e nossos filhos e netos. Tempo para reencontrar um espaço de diálogo entre os divergentes. Tempo para encontrar racionalidade na busca de soluções para os nossos imensos problemas sociais, muito agravados pelos quatro anos de promoção da divisão, do ódio, da doença, da miséria e do horror.

As manifestações de rua aquecem os nossos corações, mas esta eleição vai ser decidida no voto dos amigos e parentes iludidos com o monte de mentiras disseminados pela máquina de propaganda de Bolsonaro. O esforço pela vitória da civilização contra a barbárie depende de cada um de nós, na busca de tentar entender as motivações de amigos e parentes que votam no fim do futuro, que se atiram voluntariamente no buraco da destruição.

Vamos sair da bolha e buscar os outros. Escolhamos o caminho da amizade, do amor, da compreensão. Aceitemos as diferenças para tentarmos superá-las. O tempo é curto e a emergência é fatal.

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