quarta-feira, 23 de março de 2022

EDUCAR COM O CORAÇÃO.

A qualidade da educação vai além da transmissão e do aprendizado de conteúdos informativos e técnicos – essenciais para a condução de processos. Envolve o compartilhamento de convicções e de experiências, emoldurando e fecundando as dinâmicas do contexto educacional. Compreende-se, consequentemente, que ensinar com amor é força pedagógica determinante e investimento importante para que a humanidade consiga revestir-se de um novo tecido civilizatório, com mais fraternidade, justiça e paz. Por isso, abordagens relacionadas aos processos educativos não se limitam aos ambientes das escolas e academias. 

A sociedade pede rápidas mudanças, que podem ser alcançadas por meio de um processo educativo capaz de levar o ser humano a reconhecer a sacralidade da vida e a necessidade de se priorizar a fraternidade universal. Tristemente, o mundo convive com escolhas e decisões equivocadas que inviabilizam esse reconhecimento. Com isso, a justiça e a paz ficam comprometidas, convive-se com os horrores das guerras, com a exclusão social que agrava cenários de miséria e de fome. A vida – da concepção à morte, com o declínio natural – fica permanentemente ameaçada, por escolhas e decisões equivocadas, também de dirigentes e líderes. Convive-se com o envenenamento das manipulações de interesses e até de legislações, para favorecer desmandos e ilegalidades. Atitudes egoístas que atrasam a sociedade na conquista de uma lucidez possível, quando considerados os avanços científicos e as lições oferecidas pela história.

Ensinar com amor é, pois, o desafio a ser assumido para que se possa transformar a realidade. Particularmente, merece atenção o que ocorre no Brasil, onde o ensino formal avançou significativamente nas últimas décadas, mas, ao mesmo tempo, há graves desafios estruturais no campo da educação. As dimensões continentais do País, marcadas pelas singularidades regionais, configuram um cenário complexo, com problemas que, para serem superados, pedem a participação de toda a sociedade, com inteligente e arrojada articulação de instâncias governamentais. De modo especial, é preciso acabar com uma dívida histórica, relacionada à escolarização dos mais pobres. Trata-se de “um dever de casa” que o Brasil não conseguiu concluir.

A atuação de educadores no âmbito formal escolar, na família, nas instâncias governamentais e empresariais é, pois, decisiva. Igualmente importante: cada cidadão compreenda que processos educativos são válidos e cumprem bem o seu papel na medida em que se ensina com amor. Isto significa reconhecer a importância do outro, do sentido de alteridade, conforme ensina a fé cristã. Essa compreensão sublinha a importância do amor, invalidando ódios e disputas. Assim, revela-se prioridade investir na educação dos sentimentos e das emoções, de onde podem nascer preconceitos e discriminações que ferem o tecido civilizacional. Consegue aprender e, consequentemente, ensinar com amor quem se deixa fecundar pela espiritualidade da solidariedade fraterna, curando-se dos extremismos e das polarizações. Trata-se do caminho que leva à competência para falar com sabedoria. O mundo precisa, muito e urgentemente, de quem ensina com amor.

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