sábado, 29 de janeiro de 2022

UM SURTO DE INTOLERÂNCIA


Em meio ao terrível sofrimento provocado por nova explosão de contaminações pela Covid e a epidemia de influenza (gripe), ao menos contamos com vacinas que, de fato, se revelam eficazes. Lutamos para que a ONU proclame as vacinas contra vírus como bens comuns da humanidade. É preciso denunciar como iniquidade o fato de indústrias da saúde triplicarem os seus lucros a partir da dor e das doenças da imensa maioria da humanidade. Parece que, para não mudar essa realidade cruel e desumana, a elite que multiplica sua riqueza a partir da desgraça da multidão usa como arma eficiente os vírus da intolerância. No mundo inteiro, há um surto de intolerância e discriminação contra grupos culturais e religiosos diferentes da cultura dominante.

No Brasil, a cada dia e por horas e horas, os canais de rádio e televisão transmitem cultos e pregações do Cristianismo ritual, alienado e alienante, seja católico, seja evangélico, ou pentecostal. É claro que há um público de pessoas idosas que tem o direito de terem em casa suas missas tradicionais, ou cultos de suas Igrejas. No entanto, ao mesmo tempo que os canais se abrem para esse tipo de expressões cultuais não permitem nem aceitam comunicar nada que, mesmo no âmbito de celebrações católicas ou evangélicas, sejam de conteúdo mais profético e crítico. E mantêm um muro de censura e silêncio cúmplice sobre a violência cotidiana que sofrem grupos religiosos minoritários, principalmente, comunidades das religiões afro-brasileiras, a cada dia, vítimas de ataques e perseguições. Apesar da Constituição Brasileira defender a liberdade de culto para todas as religiões, ainda existem programas de rádio e televisão nos quais se prega a intolerância e se combatem os cultos afro. Esses atos de violência religiosa não são praticados por ateus dogmáticos, contrários à religião. São cometidos por grupos que se dizem cristãos e agem em nome de Deus. Apoiam-se em uma leitura ao pé da letra e fanática de certos textos bíblicos para justificar uma imagem de Deus cruel, violento e intolerante.

No mundo atual, a diversidade cultural e religiosa faz com que os diferentes caminhos espirituais possam se complementar e se enriquecer mutuamente. Faz com que cada grupo reconheça os elementos de verdade que existem em outros grupos e se abram ao que Deus revela a cada um, não somente a partir da sua própria tradição, mas também através dos outros caminhos religiosos.

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