quarta-feira, 26 de abril de 2017

QUEM VIVE O AMOR?

Sobre o amor muito se fala, muito se escreve, muito se canta, muito se poetisa, muito se filosofa, muito se teologiza, mas, e viver, quem mesmo vive o amor?

É certo que o amor e a beleza nos salvam e nos suspendem do chão da banalidade do mal, e sem essas duas experiências existenciais a vida seria um erro. Mas, onde reina o amor? Onde reina o amor, Deus aí está! Mas onde reina o amor? Em qual chão a sua semente germina livremente? A pergunta permanece: onde reina o amor? Mas uma coisa é certa, onde reina o amor, Deus aí está! O amor é um outro nome para Deus. Se te faltar fé em Deus, mas tiveres fé no amor, então Deus aí está.

Os gregos tinham três palavras para falar do amor. Os gregos sabiam das coisas. As três palavras captam experiências diferentes. A linguagem nesse caso diz do ser.

As três experiências captadas em três conceitos ou palavras são: Philia, Eros e Ágape.

Philia é o amor de amizade. Philia é o amor sem desejo sexual, sem posse, sem ciúme, sem outro objetivo a não ser o bem de estar juntos, conversando, rindo, contando histórias, passeando, festejando, apoiando-se e estando presentes nas vitórias e nos fracassos, nas alegrias e nas tristezas. A Philia, a amizade, diz Aristóteles, é uma única alma habitando em dois corpos. O que interessa mesmo na amizade é a alma. O corpo do outro pouco conta, pois na amizade não se deseja o corpo do outro, mas sua alma, seu espírito, seu modo de ser, seu gênio, seu humor e sua beleza interior.

O Eros, por sua vez, diziam os gregos, é o amor de desejo, amor de atração. Desejo é essa capacidade humana de ir além, de transcender, de ir ao encontro do outro, do totalmente outro. Sim, pois desejo é desejo de algo que nos falta e se nos falta buscamos alcançar. Por outro lado, o Eros é também o impulso e desejo do corpo do outro, é desejo sexual que implica em posse, resultando em ciúme, pois a posse não tem segurança e o outro sempre pode nos escpar. O Eros é o amor conjugal, em vista da família, dos filhos, e o amor dos amantes.

O Ágape, diziam os gregos, de linhagem cristã, é o amor de oblação. É o amor caritas. É o amor desinteressado. É o amor misericórdia, diz o Papa Francisco. É interessante que o Papa Francisco fale mais de misericórdia do que de amor. Mas o sentido é o mesmo. Talvez melhor seria falar em amor, porém, misericórdia dá concretude ao amor. Misericórdia significa dar o coração ao mísero, ao que precisa, ao miserável. Amor de misericórdia é o amor de Jesus. Ele não só amou os amigos ou os filhos do Eros, os do sangue-família, mas amou a todos, inclusive a mim e a ti, que sequer conheceu. E amou os que aparentemente não merecem amor, os inimigos, os delatores.

Francisco de Assis entendeu bem o que é o amor misericordioso, o amor cristão. Ele é exemplo mais alto do amor ao frágil, ao pobre, aos animais, ao cuidado com a natureza. Jesus e Francisco de Assis eternizaram o amor Ágape, o amor misericordioso.

São Paulo dizia que pode nos faltar a fé e a esperança, mas que não nos falte a caridade. A caridade, outro nome do amor, é o outro nome de Deus. Se achares que já não há razão em crer em Deus, mas continua amando, então Deus aí está. Onde reina o amor, Deus aí está!

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