segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

AQUILO QUE SEMEAMOS, COLHEREMOS...

Uma dona de casa, a cada dia, fazia um pão para cada filho e um a mais para algum faminto. Deixava os pães no peitoril da janela, para quem quer que desejasse levá-los. Um mendigo corcunda, todos os dias, levava um dos pães. Em vez de agradecer, ele resmungava: o mal que você faz, recai sobre você; o bem que você planta, você colhe. Isso aconteceu durante anos e nunca o mendigo teve uma palavra de agradecimento. Outro agravante: ele escolhia sempre o melhor pão.
Uma ideia perversa surgiu no coração da dona de casa. Já que o mendigo é ingrato, vou dar a ele um pão envenenado! E chegou a colocar veneno no pão. Mas logo se arrependeu. Jogou fora o pão envenenado e - nesse dia - preparou um pão ainda mais delicioso para o mendigo. Mais uma vez, ele levou o pão e resmungou: o mal que você faz, recai sobre você...
Todos os dias, na hora em que o mendigo pegava o pão, a mulher rezava por seu filho que partira para a guerra e há tempos não tinha mais notícia. Nesta tarde bateram à porta da casa. Assim que abriu deparou-se com o filho, magro, barbudo, faminto, mas vivo. E o filho, após um longo abraço, explicou: mãe, é por milagre que estou aqui... Eu estava tão faminto e cansado que perdi os sentidos... Mas um velho mendigo corcunda, que passava por ali, deu-me água e deixou-me um pão, bem igual aos que a senhora faz e disse-me: isso é o que eu como todos os dias. Pode comê-lo porque hoje você precisa mais do que eu... A mulher empalideceu, dando-se conta que o pão envenenado poderia ter sido comido pelo próprio filho. Ela entendeu a cantilena do mendigo sobre o bem e o mal.
A vida é a arte das escolhas. São elas que fazem nossa vida. Porém sempre podemos refazer nossas escolhas. E valem as escolhas feitas agora. Aquele que semeia espinhos, colherá espinhos, aquele que semeia flores, colherá flores. Aquele que nada semeia, nada colherá.
Um coração generoso sempre agradece. Um coração maduro dispensa o agradecimento. Se exigimos o agradecimento, esse se torna nossa única recompensa. Se dispensamos o muito obrigado, o Pai do céu, um dia, recompensará com generosidade.
Não somos bons ou maus por causa dos outros. É certo que pessoas boas nos ajudam a fazer o bem, mas não se constituem na única razão. Aquele que faz o bem, sem pretensões, já tem sua recompensa. Pode ser hoje, amanhã ou depois, mas a recompensa virá. De resto, nossos gestos têm duas mãos. Ninguém faz o bem sem receber o bem, e quando fazemos o mal, estamos semeando males para nós mesmos. Quando damos, também recebemos. Que o diga o mendigo corcunda.

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