sexta-feira, 26 de julho de 2013
"MAIS MÉDICOS", O BOLSA FAMÍLIA DA SAÚDE?
O sucesso delineado na expressiva adesão dos municípios ao programa ‘Mais
Médicos' merece análise exaustiva.Talvez represente mais que um alívio pontual
no cerco conservador anabolizado pelas manifestações de junho, cuja
corrosão no apoio ao governo tem sido
meticulosamente atualizada, em rodízio reiterativo, pelos
institutos de pesquisa. O programa lançado pelo ministério da Saúde, há
menos de um mês, poderá inspirar uma bem-vinda reconciliação com a
dimensão política da luta pelo desenvolvimento, esgarçada por um certo
economicismo nos últimos anos. Não se trata de desdenhar o que é fundamental: o
planejamento público de longo prazo, algo de que tanto se ressente a
economia brasileira. Mas não se pode reduzir um governo a um escritório de
acompanhamento de projetos. Intuitivamente, o ‘Mais Médicos' ataca esses
desvios. Seu desenho resgata um modelo de ação engajada cuja cepa remete
às premissas da política de segurança alimentar, combate à fome e à miséria,
lançada no início do governo Lula, em 2003. Atacar o emergencial e o
estrutural, ao mesmo tempo e com igual intensidade, era o cerne da estratégia
contra o que se tornou intolerável. Fixar prazos críveis e benefícios visíveis
no horizonte imediato da população, um ingrediente mobilizador. Outro:
estabelecer metas de apelo popular que colocavam sob pressão instancias
políticas e administrativas, de cuja adesão dependia o sucesso da política.
O ‘Mais Médicos' foi lançado em oito de julho.Até 8 de agosto estará
estruturado. Em 30 dias terá dado sinais concretos de uma mudança na
vida de cidades e cidadãos até então condenados a uma combinação perversa de
precariedade e incerteza no acesso a um serviço vital. O 'Mais Médicos'
pode se tornar o Bolsa Família da saúde pública. O governo não deve
desperdiçar o potencial dessa experiência. E as lições que ela encerra para
outras áreas
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