Roberto Carlos e muitos adeptos da jovem guarda nos
anos 60 chamavam os amigos de cara ou de bicho. Os novos baianos usavam a
expressão tigresa ou tigre para se referirem aos amigos, misto de civilizados e
selvagens. Outros chamam os amigos ou amigas de gato, gata, de cachorra e
cachorrão. Tudo é visto como expressão de carinho. Isso mostra que as palavras
têm sentido relativo. O que está no dicionário é uma coisa e o que está no
cotidiano das pessoas é outra. Tigre ou tigresa, com z ou s, não quer dizer
animal; gato e gata não quer dizer felino. Combater não adianta, até porque o
sentido está com quem fala e com quem recebe, e não com os de fora. Alguém pode
ser chamado de negão e adorar o apelido. Soa como respeito pela cor e pela
cultura do outro. Mas um sujeito azedo que use a mesma palavra de maneira
depreciativa pode acabar num tribunal.
O ideal e o correto é jamais apelidar
alguém com nomes depreciativos. Dias atrás, vi alguns jovens tratando-se aos
risos por anta, hiena, gambá. Ninguém se ofendia. Talvez queiram dizer por
dizer, porque puxa assunto e provoca riso. Não há como fugir aos apelidos,
sobretudo entre amigos e jovens, mas se depender de nós apelidemos para elevar e
não para diminuir. Conheço uma menina estudiosa e apaixonada por livros que, de
vez em quando, é descrita como portadora de DNA de traça. Ela não se ofende. Os
amigos admiram. O apelido já levou muitos jovens ao gosto pela
leitura.
Tigre, leoa, gato, traça, beast, animal… Tudo depende do jeito e do
afeto…
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