quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

CORRUPÇAO E MÍDIA

Corromper ou subornar são verbos tão antigos como a própria história da humanidade. No Brasil, vão desde aquela singela cervejinha para o guarda de trânsito – mais conhecida como o “jeitinho brasileiro” – até o que Chico Buarque expressou genialmente em “Vai Passar”:

Dormia a nossa Pátria mãe
tão distraída
Sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações
Os mecanismos de “subtração” aos quais Chico se referia florescem muito mais onde não há democracia, direitos humanos e justiça social. No Brasil, ganharam maior consistência nos bastidores da ditadura militar, onde a classe política foi imobilizada após o fechamento do congresso pelo AI-5 em 1968. Num cenário destes, qualquer “favorzinho” era negociado na base de propina. Do segundo escalão para baixo do governo militar, a corrupção corria solta enquanto a “Pátria mãe dormia”.
Quando recebeu das mãos dos militares a concessão pública para operar em território nacional, a Globo era associada ilegalmente ao grupo americano Time-Life. Significa que além de darem suporte logístico e até militar aos generais (frota marítima americana estacionada na costa brasileira pronta para qualquer intervenção que se fizesse necessária para garantir a “normalidade da ordem golpista”) – os americanos também atuaram na outra ponta do esquema. Para sustentar-se, o governo militar precisava ter voz e apoio na mídia. Isso é fundamental em qualquer golpe (até o surgimento da Internet). Assim, associados à Time-Life que injetou o capital necessário, os militares e o jornalista Roberto Marinho vitaminaram o grupo Globo – Jornal e TV para tornarem-se a potência que são hoje. As diretrizes básicas: alinhamento e subordinação total do país aos interesses americanos na região.

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