quarta-feira, 15 de setembro de 2010

PRIVATIZAÇÃO X ESTATISAÇÃO

Não sou radicalmente contrário à privatização, nem estatista. Há países ricos – como a França e o Reino Unido - nos quais os serviços públicos estatais funcionam muito bem. Não é por serem públicas que as empresas e os serviços devem operar negativamente. A história é outra: muitos políticos, que deveriam ser homens públicos, estão prioritariamente ligados a empresas privadas, de maneira que não têm interesse em que as coisas públicas, estatais, funcionem bem. O maior exemplo disso é o serviço de saúde no Brasil. São US$ 8 bilhões circulando por ano nos planos privados de saúde, que atendem apenas 30 milhões de pessoas numa população de 190 milhões. Por que o SUS haveria de funcio­nar bem? Outrora, alguém ficava doente e dava graças a Deus por conseguir um lugar no hospital. Hoje, as pessoas morrem de medo de ir para o hospital. Hospital virou antessala de cemitério.

A privatização não é só econômica, é também filosófica, metafísica. Tem reflexos na nossa subjetividade. Também nos tornamos seres cada vez mais privatizados, menos solidários, menos interessados nas causas coletivas e menos mobilizáveis para as grandes questões. A privatização invade até mesmo o espaço da religião: proliferam as crenças ‘privatizantes’, que têm conexão direta com Deus. Isso é ótimo para quem considera que o próximo incomoda. É a privatização da fé, destituindo-a da sua dimensão social e política.
Enfim, hoje fala-se em globalização; ótimo que o planeta tenha se transformado numa aldeia. O que preocupa é constatar que esse modelo é, de fato, a imposição ao planeta do paradigma anglo-saxônico. Melhor chamá-lo de globocolonização!

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