quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

APRESSANDO O VELÓRIO

Não há como escapar: previsão do tempo tornou-se prenúncio de susto, meteorologia associou-se à sensação de insegurança. E assim será por algum tempo, mesmo que o "El Niño" 2009-2010 seja mais breve e menos intenso – o que não parece provável.

Não adianta apelar para as lágrimas das vítimas, dos sobreviventes ou para a emoção das audiências. O telespectador de repente tornou-se mais solidário e mais exigente: quer providências, quer saber o que está sendo feito na sua rua, bairro, cidade, estado. O leitor, o ouvinte, o acessador da Internet quer saber onde estão naquela hora os prefeitos, os governadores e os ministros. O cidadão quer vê-los tomando providências à luz do dia e não nas entrevistas coletivas montadas por especialistas como se fossem shows.

Informações são processadas nas redações mas são colhidas na rua e para que os jornalistas possam ir ao encontro de tantas tragédias simultâneas é preciso de mais recursos e, sobretudo, mais gente, melhor treinada.

É ofensivo perguntar àqueles que tudo perderam como é que estão se sentindo. Estão arrasados, é óbvio. O que deve ser mostrado é a dolorosa verdade: montes de eletrodomésticos cobertos de lama e filas de compradores de eletrodomésticos nas mega-liquidações de janeiro.

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