É imprescindível que a população pense com seriedade sobre a historicidade da democracia brasileira, na medida em que candidatos assustadores figuram na liderança a cargos municipais importantes que impactarão a vida dos brasileiros. Estas figuras grotescas não apresentam propostas que beneficiem as condições materiais de existência, sobretudo, da população desvalida. Para permanecerem no poder eles aliam-se à parte podre da elite econômica, cumprindo religiosamente seus interesses.
Os contrastes das más administrações são evidentes nas cidades. As diferenças da qualidade de vida entre os bairros nobres e os da periferia são abissais. Durante suas campanhas, os vulgos outsiders tentam encantar os pobres com promessas que nunca serão realizadas, fingem arregaçar as mangas pelos marginalizados. No entanto, a situação se repete a cada gestão. O curioso é que conseguem enganar os excluídos, sempre presas fáceis a cada novo pleito.
Vivemos em sobressaltos, desde o período da redemocratização do país, como o que recentemente presenciamos no resgate de práticas fora da curva do Estado de Direito, ocorridas no fim do governo passado e que culminaram na tentativa do golpe do dia 8 de janeiro de 2023.
As lembranças da ditadura militar ainda são cultuadas. Milhares de pessoas convencidas pelos extremistas de direita marcharam em direção aos três poderes da República para alvejarem a liberdade. Após mais de trinta anos dos tempos de chumbo praticados pelo governo militar, o país e sua frágil democracia sofre constantes ataques. É desnudado o radicalismo como opção, o fascismo como alternativa.
Por essas razões e por outras não mencionadas neste simples texto, volto a perguntar por onde anda a nossa democracia com todos os episódios antidemocráticos recorrentes, com candidaturas fascistas e seus desejos de poder e de domínio. Pobre povo pobre. Resta-nos desejar que no dia da votação possamos ver essa nuvem insana se afastar dos eleitores.
Termino esse texto prestando uma breve homenagem a uma admirável socióloga e jornalista que nos deixou precocemente nesta semana. Nathalia Urban foi uma incansável lutadora por um mundo livre de opressões de qualquer natureza e justo para todos, por uma América Latina de veias abertas para a democracia. Sua luta nunca terá sido em vão, pois sua práxis humanizadora estará sempre viva em nossa memória. Na sua breve existência ela fez a diferença e inspirou a todos que conheceram seu nobre e significativo trabalho. Nathalia Urban Presente!