quarta-feira, 28 de setembro de 2011

NINISTRA PEDE SUSPENSÃO DA PROPAGANDA DE GISELE BÜNDCHEN DE LANGERIE


Na propaganda, modelo usa roupas íntimas para mostrar modo "certo" de dar más notícias aos maridos
Foto: Reprodução

 Desde que foi ao ar pela primeira vez, no dia 20 de setembro, uma propaganda de lingerie estrelada pela modelo brasileira Gisele Bündchen está provocando polêmica. A Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) já recebeu seis reclamações contra a peça publicitária da empresa Hope. A ministra Iriny Lopes enviou ofício para a Hope e uma representação ao Conselho de Autorregulamentação Publicitária (Conar) para que a propaganda seja suspensa.

No filme, Gisele “ensina” o modo “certo” de contar uma má notícia ao marido, como ter batido o carro ou estourado o limite do cartão de crédito. Os resultados são melhores quando ela aparece vestida apenas de calcinha e sutiã.
Segundo a secretaria, as queixas são de que a propaganda reforça o estereótipo da mulher como objeto sexual e ignora as conquistas da sociedade contra o sexismo (discriminação baseada no sexo). Por isso, o comercial da Hope estaria infringindo os artigos 1° e 5° da Constituição Federal que tratam da dignidade da pessoa humana e da igualdade perante a lei, respectivamente.
O Conar informou que ainda não recebeu nenhuma denúncia da secretaria e, por isso, não comentou o assunto. A Hope informou que a propaganda teve o objetivo de mostrar, de forma bem-humorada, que a sensualidade natural da mulher brasileira pode ser uma arma eficaz na hora de dar uma má notícia. E ressalta que seria absurdo a empresa, que vive da preferência das mulheres, tomar qualquer atitude depreciativa em relação às próprias clientes.
Com informações da Agência Brasil.

ATRIZ DE "QUEM QUER SER MILIONÁRIO?" APARECE COM PELE CLAREADA EM ANÚNCIO DA L'OREAL

A atriz indiana Freida Pinto, que ficou famosa por protagonizar o filme "Quem Quer ser um Milionário?", apareceu com sua pele clareada em uma campanha da multinacional francesa de cosméticos L’Oreal. O branqueamento da atriz de 26 anos, cuja foto parece ter sido alterada por softwares de edição de imagem, como o Photoshop, causou polêmica na Internet.

Montagem: Reprodução-Jeff Karpala/Wikicommons

Essa não é a primeira vez que a L’Oreal é criticada por exagerar no uso de recursos gráficos para remover imperfeições e demonstrar a efetividade de seus produtos em peças de publicidade.

Em 2008, uma foto da cantora Beyoncé também chamou a atenção pela claridade de seu tom de pele. No ano seguinte, o mesmo ocorreu com a própria Freida Pinto, que passou a ser modelo da marca após o sucesso de "Quem quer ser um milionário?", filme ganhador de oito Oscars.





CORAGEM...PRECISAMOS DE MUITA CORAGEM!

Perguntaram a Pauline Tangiora, anciã da tribo Maori da Nova Zelândia qual era para ela a virtude mais importante. Para surpresa ela disse:”é a coragem”. E perguntaram-lhe: “por que, exatamente, a coragem?” Respondeu:

”Nós precisamos de coragem para nos levantar em favor do direito, onde reina a injustiça. Sem a coragem você não pode galgar nenhuma montanha; sem coragem nunca poderá chegar ao fundo de sua alma. Para enfrentar o sofrimento você precisa de coragem; só com coragem você pode estender a mão ao caído e levantá-lo. Precisamos de coragem para gerar filhos e filhas para este mundo. Para encontrar a coragem necessária precisamos nos ligar ao Criador. É Ele que suscita em nós coragem em favor da justiça”.
Eu acrescentaria: hoje precisamos de coragem para denunciar as ilusões do sistema neoliberal, cujas teses foram rigorosamente refutadas pelos fatos; coragem para reconhecer que não vamos ao encontro do aquecimento global mas que já estamos dentro dele; coragem para mostrar os nexos causais entre os inegáveis eventos extremos, conseqüências deste aquecimento; coragem para revelar que Gaia está buscando o equilíbrio perdido que pode implicar a eliminação de milhares de espécies e, se não cuidarmos, de nossa própria; coragem para acusar a irresponsabilidade dos tomadores de decisões que continuam ainda com o sonho vão e perigoso de continuar a crescer e a crescer, extraindo da Terra, bens e serviços que ela já não pode mais repor e por isso se debilita dia a dia; coragem para reconhecer que a recusa de mudar de paradigma de relação para com a Terra e de modo de produção pode nos levar, irrefreavelmente, a um caminho sem retorno e destarte comprometer perigosamente nossa civilização; coragem para fazer a opção pelos pobres contra sua pobreza e em favor da vida e da justiça.

Precisamos de coragem para sustentar que a civilização ocidental está em declínio fatal, sem capacidade de oferecer uma alternativa para o processo de mundialização; coragem para reconhecer a ilusão das estratégias do Vaticano para resgatar a visibilidade perdida da Igreja e as falácias das igrejas mediáticas que rebaixam a mensagem de Jesus a um sedativo barato para alienar as consciências da realidade dos pobres, num processo vergonhoso de infantilização dos fiéis; coragem para anunciar que uma humanidade que chegou a perceber Deus no universo, portadora de consciência e de responsabilidade, pode ainda resgatar a vitalidade da Mãe Terra e salvar o nosso ensaio civilizatório; coragem para afirmar que, tirando e somando tudo, a vida tem mais futuro que a morte e que um pequeno raio de luz é mais potente que todos as trevas de uma noite escura.
Para anunciar e denunciar tudo isso, precisamos de coragem e de muita coragem.



ESQUERDA/DIREITA: A PENEIRA DA HISTÓRIA VOLTOU A CHACOALHAR.

*Com a economia estagnada, Sarkozy quer dar um choque fiscal na França** presidente conservador demitirá 30.400 funcionários públicos, sendo 14 mil do setor de educação ** meta é reduzir o déficit dos atuais 5,7% para 4,5% en 2012, quando os franceses elegem novo governo ** União Européia aprova Taxa Tobin de 0,1% sbre transações financeiras** alíquota é equivalente à rejeitada pelo Congresso brasileiro para financiar o rombo da saúde pública.*

A grande verdade é que a maioria das siglas, à direita e à esquerda, esbanja seu despreparo para um reencontro com desafios, escolhas e conflitos antes terceirizados aos ditos mercados autorreguláveis. A dissolução é de tal monta que na maior crise do capitalismo dos últimos 80 anos, a 'novidade' no repertório partidário brasileiro é o nascimento do PSD, uma direita amarrotada com roupa de centrismo envergonhado que confessa não ter propostas para nada. O PSD se permite tal desfaçatez porque o campo para o esculacho ideológico foi pavimentado pelo recuo e a omissão do lado oposto. O ostracismo a que foram relegados projetos e palavras como socialismo, planejamento, bem comum, estatização, interesse estratégico e soberania popular cobra agora seu preço num desarmamento político, organizativo e ideológico desnorteador. Impasses apodrecem o tecido social e econômico em diferentes nações sem que se disponha de instrumentos e forças aptas a redimir o horizonte de populações acuadas e escalpeladas. A Grécia é o exemplo do desastre explícito, mas não é o único

OS DA CASA GRANDE ESTÃO BRAVOS


Em meio ao debate sobre a crise econômica internacional, Lula chegou a França. Seria bom que soubesse que, antes de receber o doutorado Honoris Causa da Sciences Po, deveria pedir desculpas aos elitistas de seu país. Um trabalhador metalúrgico não pode ser presidente. Se por alguma casualidade chegou ao Planalto, agora deveria guardar recato. No Brasil, a casa grande das fazendas estava reservada aos proprietários de terras. Assim, Lula, agora, silêncio, por favor. Os da casa grande estão bravos.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

PARA DESESTRESSAR: O LENHADOR E A RAPOSA

Um lenhador acordava todos os dias às 6 horas da manhã e trabalhava o dia inteiro cortando lenha, só parando tarde da noite. Ele tinha um filho lindo de poucos meses e uma raposa, sua amiga, tratada como bicho de estimação e de sua total confiança.
Todos os dias, o lenhador, que era viúvo, ia trabalhar e deixava a raposa cuidando do bebê. Ao anoitecer, a raposa ficava feliz com a sua chegada.
Sistematicamente, os vizinhos do lenhador alertavam que a raposa era um animal selvagem, e, portanto, não era confiável. Quando sentisse fome comeria a criança. O lenhador dizia que isso era uma grande bobagem, pois a raposa era sua amiga e jamais faria isso. Os vizinhos insistiam:
-Lenhador, abra os olhos!
-A raposa vai comer seu filho.
-Quando ela sentir fome vai devorar seu filho!
Um dia, o lenhador, exausto do trabalho e cansado desses comentários, chegou à casa e viu a raposa sorrindo como sempre, com a boca totalmente ensangüentada.
O lenhador suou frio e, sem pensar duas vezes, deu uma machadada na cabeça da raposa. A raposinha morreu instantaneamente.
Desesperado, entrou a correr no quarto. Encontrou seu filho no berço, dormindo tranquilamente, e, ao lado do berço, uma enorme cobra morta.
O Lenhador enterrou o machado e a raposa juntos.
Moral da estória:
Se você confia em alguém, não importa o que os outros pensem a respeito, siga sempre o seu caminho e não se deixe influenciar. Quantas amizades já foram desfeitas, lares destruidos, quantos mal entendidos, tudo por causa da influência e do julgamento de outras pessoas. Por isso, nunca tome decisões precipitadas, nada melhor do que o diálogo, ainda que você encontre a "raposa" com a boca cheia de sangue...

EM NENHUM MOMENTO A HUMANIDADE É TÃO DETESTAVEL COMO NAS PERSEGUIÇÕES RELIGIOSAS


Para encurtar: um absurdo multar mulheres por usar burca, como está acontecendo na França. Aliás: o absurdo começa em proibir o uso. Mais: na terra que criou a frase que definiu os anos 6o. É proibido proibir.

O argumento cínico que tem sido usado é que a restrição no fundo favoreceria as mulheres muçulmanas, porque supostamente elas seriam obrigadas pelos maridos a se cobrir por inteiro.
Quem acredita nisso acredita em tudo.
É, na verdade, mais uma manifestação do antiislamismo que vai se espalhando perigosamente pela Europa. Lembremos. Há pouco tempo um homicida serial na Noruega matou copiosamente porque achava que seu governo não estava lidando direito com a “ameaça islâmica”. Em sua monumental História da Inglaterra — cuja leitura fascinante devo ao Projeto Gutenberg, de cujo fundador morto falei dias atrás — o escritor, historiador e filósofo David Hume escreveu: “Em nenhum momento a natureza humana aparece de forma tão detestável, e ao mesmo tempo tão absurda, como nas perseguições religiosas, que afundam o homem abaixo dos espíritos do inferno em maldade, e abaixo das feras em selvageria.” (Hume narrou o caso de uma mulher grávida que foi condenada a morrer numa fogueira na época da Rainha Maria, primogênita de Henrique 8. Ela deu à luz na agonia, e um dos presentes tirou a criança. Mas imediatamente veio de um líder católico uma ordem para que o bebê fosse devolvido às chamas.)
Num recente pronunciamento, o papa Bento 16 instou os islâmicos a tentar compreender melhor os outros. O alvo foi errado. A mensagem deveria ter sido dirigida aos não inslâmicos, como mostra o exemplo francês, aliás um entre tantos.

A BATALHA POLÍTICO-IMOBILIÁRIA PELO CONTROLE DE JERUSALÉM


Cada pedra é um conflito, cada muro uma leda, cada rocha o rastro sagrado de algum Deus diferente: Jerusalém. Suprema, mágica, polifônica, acolhedora, juvenil, discriminatória e veloz. Capital “eterna” para os judeus, capital da palestina “histórica” para os palestinos, capital fundacional do cristianismo, Jerusalém é uma viagem dentro da viagem, um labirinto de ódio e de amor que está no centro da disputa territorial entre israelenses e palestinos, onde intervém corporações secretas, milionários norteamericanos, ritos religiosos corrompidos por dólares, capitais árabes bloqueados e uma política urbana de manifesto isolamento.

Uma mesma cidade, três religiões, islamismo, cristianismo, judaísmo, três histórias, dois nomes diferentes: Yerushalayim – a paz aparecerá – para os judeus, Al Qods – a santa – para os árabes. Nesta capital poliglota, de cruzes e contrastes, convergem os relatos fundadores das três religiões monoteístas: para os árabes, Jerusalém é, depois de Meca e Medina, o terceiro lugar santo do Islã. Para os judeus, Jerusalém é a cidade conquistada pelo rei Davi no ano de 1004 antes de Cristo, logo depois de Davi se unir às tribos de Israel. Para os cristãos, Jerusalém é o epicentro dos atos fundadores do cristianismo, o lugar onde Cristo viveu a paixão e a ressureição. Jerusalém, capital de quem? A resposta é inequívoca. Como diz Khaled, um comerciante da célebre rua Salah Ad Din, de Jerusalém Oriental: “é de quem tiver mais capital e poder para se apropriar dela”.
A história de Arieh King merece um capítulo a parte. Sua atividade, financiada com fundos provenientes do mundo inteiro, tem o mérito da transparência ao mesmo tempo em que revela a luta pela posse da Cidade Santa. “Trabalho para o futuro da nação judia”, proclama sem titubear. Os cristãos palestinos denunciam essa política aplicada de judaização de Jerusalém. Árabes, muçulmanos e cristãos de Jerusalém viram a maneira pela qual, pouco a pouco, as casas situadas nas ruelas da Cidade Velha que levam ao Templo foram mudando de proprietário.

A batalha imobiliária é uma corrida contra o relógio. Para retomar as negociações de paz, além das fronteiras de 1967, do fim da colonização e do retorno dos refugiados, a Autoridade Palestina reivindica como condição que Jerusalém Oriental seja a capital de um futuro Estado Palestino. Políticas de Estado, municipais e agentes privados participam dessa corrida. Jerusalém é o território de um combate imobiliário em cujo interior se movem as sombras da geopolítica.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

PALESTINA: A CONQUISTA DO ESTADO


O que é mais arriscado, a paz ou a guerra? O que é mais perigoso para palestinos e israelenses: o ódio mútuo alimentado pela morte e a violência ou a aposta humanista numa reconstrução generosa dos laços e valores compartilhados que sustentam convivência fraterna entre as nações? A quem interessa um povo palestino humilhado, expropriado em seus direitos, fragmentado em lotes territoriais, cindido em facções, que o enfraquecem enquanto nação mas ao mesmo tempo convidam ao desespero da ação unilateral pelas armas? A quem interessa uma Israel prisioneira de uma agenda bélica, asfixiada pelo orçamento da guerra, intoxicada por uma cultura de perseguição que apequena sua subjetividade e afeta a qualidade de vida e o futuro de seus jovens, além de legitimar governantes toscos que, definitivamente, não representam o povo judeu naquela que é a sua maior riqueza: a densidade e a alegria humanista que sempre o distinguiu em todos os campos da civilização? Depo is de décadas de impasses, em que a sua sorte foi jogada nos campos de batalha e em mesas de negociação nas quais a sua existência enquanto povo foi tratada como objeto e não como sujeito histórico, a nação palestina resolveu olhar para frente porque é lá que se encontra a paz. E a paz é a única fronteira que unifica a pátria palestina e a pátria israelense.

Ao levar à ONU diretamente, sem intermediários, como cabe a um povo dotado de legitimidade e autodeterminação, seu pleito pelo reconhecimento do Estado soberano, o que os palestinos estão dizendo é que o futuro do Oriente Médio não está na diáspora, nem no confinamento, tampouco na negação mútua de sonhos e direitos. Estão dizendo que a convivência realmente fraterna entre árabes e judeus, e entre os próprios judeus e os próprios palestinos passa por acordos e concessões mútuas. Mas, acima de tudo, passa pela mais importante das transformações que a história agendou para agora: assumirem juntos a construção de seu próprio destino, afastando a influencia nefasta de interesses econômicos expansionistas e imperiais, bem como de seus aliados internos e regionais que representam, no fundo, o grande obstáculo ao florescimento de uma verdadeira primavera da liberdade e da justiça social no Oriente Médio. Saudamos a festa de libertária de todos os povos condensada na festa contagiante da nação palestina, cuja soberania, definitivamente, conquisou seu lugar nos corações e mentes dos democratas de todo o mundo. E isso nenhum veto imperial pode reverter.

SERÁ???


Saiu na Folha (*), na primeira página:

“Ibope ganha rival: americana Nielsen medirá audiência no Brasil”
A Nielsen é uma das maiores empresas de medição de audiência do mundo.
O Ibope detém o monopólio da audiência em tevê no Brasil desde 1988.
(Vinte e três anos.
O Chacrinha ainda não tinha pança.)
Todas as redes de TV, segundo a Folha (*), já conversaram com a Nielsen.
Menos uma.
Qual, amigo navegante ?
A Globo !

A ÁSIA SALVARÁ O CAPITALISMO GLOBAL?

O McKinsey Global Institute  observa que a classe média chinesa compreende hoje 29% dos 190 milhões de lares do Império do Meio, e em 2025 alcançará espantosos 75% de 372 milhões de lares (se, claro, o experimento capitalista chinês não tiver, até lá, despencado de algum precipício, e a bolha imobiliária/financeira não explodir e afogar, na enxurrada, a sociedade).
Na Índia, com população de 1,2 bilhões, já há, segundo o Instituto McKinsey7, 15 milhões de lares com renda anual superior a 10 mil dólares; em cinco anos, as projeções indicam que serão 40 milhões de lares, ou 200 milhões de pessoas, naquele patamar de renda. E na Índia em 2011, como na China em 2001, a única saída é para cima (outra vez: enquanto durar essa retomada).
Aos norte-americanos, esses números talvez pareçam surreais (ou talvez comecem a preparar as malas de migrantes), mas renda anual de menos de 10 mil dólares/ano significa viver confortavelmente na China ou na Indonésia, enquanto, nos EUA, com renda familiar média de cerca de 50 mil dólares/ano, vive-se, praticamente, como pobre.
Só na China, 300 milhões de pessoas – ‘apenas’ 23% da população chinesa total – vivem hoje em áreas urbanas de médio a grande porte e recebem o que sempre se chamou “rendas das quais podem dispor”. Constituem, de fato, uma nação ‘só deles’, uma economia já equivalente a 2/3 da economia alemã.

NÃO SOMOS CONTRA O SISTEMA. O SISTEMA E CONTRA NÓS.

Uma das principais razões da Primavera Árabe foi o completo descontrole dos preços dos alimentos, carestia gerada, significativamente por especulação. Os protestos na Grécia, Itália, Espanha, França, Alemanha, Áustria e Turquia foram consequência direta da recessão global. Na Espanha, cerca de metade da população que tem hoje 16-29 anos – uma “geração perdida” hiper educada – está hoje desempregada, recorde europeu.

É o pior da Europa, mas na Grã-Bretanha 20% dos que têm 16-24 anos estão desempregados, mais que a média do resto da União Europeia. Em Londres, quase 25% da população em idade de trabalhar está desempregada. Na França, 13,5% da população é hoje oficialmente pobre –os que vivem com menos que 1.300 dólares/mês.
Como muitos em toda a Europa Ocidental estão vendo, o estado já rompeu o contrato social. Os indignados de Madrid colheram perfeitamente o espírito do momento: “Não somos contra o sistema. O sistema é que é contra nós.”

VOCÊ ESTÁ COMIGO, OU CONTRA MIM?

Vale a pena lembrar que o capitalismo foi “civilizado” graças à incansável pressão de incansáveis, resolutos movimentos da classe trabalhadora e a sempre presente ameaça de greves e, até, de revoluções. A existência do bloco soviético, modelo alternativo de desenvolvimento econômico (embora distorcido), também ajudou. Para apresentar-se como contraponto à URSS, os grupos dominantes em Washington e na Europa tiveram de comprar o apoio de suas massas, defendendo o que ninguém jamais se envergonhou de chamar de “o modo de vida ocidental”. Forjou-se complexo contrato social, que implicou o capital fazer concessões.
Agora, acabou. Já nada é assim em Washington, o que é óbvio. E cada vez menos é assim tampouco na Europa. Aquele sistema começou a fazer água – isso, sim, é total triunfo de uma ideologia! –quando o neoliberalismo tornou-se único sucesso da cidade. Abriu-se uma supervia expressa que partia diretamente dali, e levou todas as tendências mais frágeis da classe média diretamente para a situação de novo proletariado pós-industrial, ou, simplesmente, para o status de inempregáveis.
Se o neoliberalismo parece ainda vitorioso, é porque não há modelo realista, alternativo, de desenvolvimento. E, mesmo assim, o que o neoliberalismo possa ter ganho é muito discutível. Simultaneamente, os progressistas do mundo estão paralisados, como que esperando que a velha ordem derreta, ela mesma. Infelizmente, a história ensina que, como em encruzilhadas semelhantes no passado, o mais provável é que, à frente, se encontrem as vinhas da ira, ao estilo populista de direita, como tudo – ou, ainda pior, declarado fascismo.
“O ocidente contra o resto” é fórmula simplista que não basta nem para começar a descrever esse mundo. Imagine-se, em vez disso, um planeta no qual “o resto” tente ultrapassar o ocidente por várias vias, mas já absorveu o ocidente de vários modos ainda não descritos porque profundos demais. Aí está a ironia: sim, o ocidente “declinará”, Washington inclusive, e, mesmo assim, deixará ocidente por todos os cantos.

QUEDA E DECLINIO DA TURMA TODA


A ansiedade e a perplexidade dos EUA atingiram um novo patamar quando a última projeção do FMI indicou que, ao menos em alguns aspectos, a economia chinesa ultrapassaria a dos EUA em 2016. Até recentemente, o Goldman Sachs apontava para 2050 como o ano em que ocorreria essa troca do primeiro lugar. Dentro dos próximos 30 anos, segundo o Goldman Sachs, provavelmente os cinco primeiros serão China, EUA, Índia, Brasil e México. A Europa Ocidental? Bye-bye.

DESEMJPREGO PODE AFETAR MAIS DE 40 MI NO G20 EM 2012

Segundo estudo da Organização Internacional do Trabaho (OIT) e da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o atual ritmo de geração de empregos nos países do G20 deve fazer 40 milhões de vítimas no ano que vem. Com 200 milhões de trabalhadores já afetados, situação é 'preocupante' e aproxima-se do pior momento da Grande Depressão dos anos 30. Ministros do Trabalho do G20 debatem crise em Paris.
Em Paris, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, reforçou as observações da OIT sobre a situação do país nesta crise. Para ele, como o Brasil tem hoje “protagonismo perante o mundo” no mercado de trabalho, já que deve gerar este ano mais de 10% das vagas formais (cerca de 2,5 milhões) de que todo o G20 precisa por ano.

Na semana passada, ao abrir a Assembléia Geral das Nações Unidas, a presidenta Dilma Rousseff também havia dito que o Brasil continua criando empregos, enquanto o mundo – especialmente o rico – sofre com desemprego.

FAZER O QUE É MAIS DIGNO.

As presidentes da primeira e da terceira economia da América Latina, e que são as duas maiores da América do Sul, Dilma Rousseff e Cristina Fernández de Kirchner, apoiaram de forma clara e contundente a Palestina. Seus estrategistas de relações exteriores se mobilizaram para conseguir a adesão unânime dos chanceleres sul-americanos a uma declaração conjunta dos países árabes e dos governos da América do Sul em defesa dos palestinos. Quase conseguiram: faltou um. O governo da Colômbia.
Como se pode notar, há coincidências boas e coincidências ruins. Tudo depende do ponto de vista de quem observa. Há quem ache que atuar de maneira correta e consistente é ter plena liberdade para fazer tudo que seu mestre mandar. Há quem ache que atuar de maneira correta e consistente é ter integridade para fazer o que é mais digno. E não há coincidência possível entre uma e outra postura.

sábado, 24 de setembro de 2011

UM DIA DE TRABALHO NA CÂMARA QUE VAI FICAR NA HISTÓRIA

New Image1 Um dia para ficar na história da Câmara
De onde e quando menos se espera, as coisas acontecem. Em Brasília, a Câmara dos Deputados viveu um dia inusitado da sua história recente nesta quarta-feira: os nossos deputados trabalharam muito.

Num só dia, eles votaram e tomaram decisões que afetam a vida dos brasileiros em várias áreas.
Se são boas ou ruins para o país, é outro problema, os próprios leitores poderão julgar. Apresento abaixo o resultado do trabalho das excelências, além de mostrar quem ganhou e quem perdeu nesta história:
** Concessão do aviso prévio de 90 dias proporcional ao tempo de trabalho: ganharam os trabalhadores e perderam as empresas que terão seus custos aumentados e certamente os repassarão aos consumidores. Se Dilma sancionar a lei, os empregados terão direito a mais três dias de aviso prévio por ano trabalhado. Para receber o aviso de 90 dias, precisa, portanto, ficar 20 anos na mesma empresa.
** Criação da Comissão da Verdade para investigar violação dos direitos humanos entre 1946 e 1988: ganhou o governo, que há tempos vinha procurando um acordo entre parentes de vítimas e militares; perderam os setores militares que não queriam a comissão, e setores de esquerda que queriam uma comissão mais ampla com a análise limitada aos anos de ditadura militar (1964-1985).
** Rejeitado novo imposto para financiar a saúde: perderam os governadores que defendiam a volta da CPMF e os brasileiros que dependem do detonado serviço público de saúde; ganharam os parlamentares da situação e da oposição que derrubaram a antiga CPMF ainda no governo Lula.
** Ana Arraes é indicada para o TCU: ganharam o governador pernambucano Eduardo Campos, seu filho, Dilma e Lula, que bancaram a campanha dela; perderam os líderes dos dois maiores partidos da base aliada _ Cândido Vacarezza, do PT, e Henrique Alves, do PMDB , que apoiaram outros candidatos.
**Também o Senado mostrou serviço ontem: por 14 votos a 5, a Comissão de Constituição e Justiça aprovou o relatório do senador Luiz Henrique (PMDB-SC) a favor de mudanças no Código Florestal. Neste caso, perderam o governo, que apontou a inconstitucionalidade do texto e a CNBB, que lançou uma campanha de mobilização popular contra a proposta; ganharam os desmatadores do agronegócio.


Ufa!
Como ninguém é de ferro, as excelências do Congresso Nacional já estão voltando hoje para descansar nos seus Estados. Na Câmara e no Senado, o fim de semana começa antes e, em compensação, vai até terça-feira, quando elas voltam à labuta.
Vida dura.





PENSAMENTO ESCRAVOCRATA


Inacreditável como existem pessoas dotadas de frieza e desumanidade. Diversos comentários na matéria “Aviso prévio maior pode beneficiar domésticos” , publicada hoje na Folha, dão um show de pensamento escravocrata.

Diante da explicação de que uma empregada doméstica, depois de trabalhar por vinte anos (!!!!) para uma família, ao ser despedida de forma imotivada, terá direito a 60 dias mais de salário, estas pessoas só faltam dizer que isso arruinará o país, tirando sua competitividade(!!!).
Meu Deus, uma pessoa que passa vinte anos numa casa, que vê crianças crescerem e tornarem-se adultas, e muitas vezes é até responsável por parte de sua educação, deve poder ser expulsa a pontapés, sem ter cometido nenhuma falta? Deve poder, não é, porque a idade já não lhe permite pendurar-se nas janelas a limpar vidraças, ou ajoelhar-se para limpar o chão, ou para tarefas pesadas…
Incrível que não apareça um comentáriozinho sequer dizendo que é uma proteção mais do que merecida para quem deu uma vida de trabalho a uma família…
Temos uma sub-elite escravocrata, que assiste inconformada os pobres serem tratados como seres humanos, ascenderem, educarem-se e a seus filhos. É dever de todas as pessoas dotadas de humanidade – inclusive e sobretudo os que têm papel de responsabilidade ao fazerem comunicação - mostrar como pode ser monstruoso deixar um trabalhador ao desamparo, sobretudo empregadas domésticas, em geral mulheres de pouca instrução e recursos, às quais, aos 5o ou 60 anos é difícil conseguir outro emprego, justamente por lhes faltarem as forças que neste tipo de atividade os patrões querem delas…
E a nossa mídia, que explica tudinho aos empregadores, até com gráficos, não consegue dizer que isso representa apenas um mínimo de proteção a gente que trabalhou tanto tempo. E que, no caso dos empregados domésticos, nem mesmo com o FGTS conta…
Essa é a mente escravocrata que nossa mídia, que se diz tão cosmopolita, cria em parte da classe média brasileira. E temos, sem medo da polêmica, de enfrentá-la, em nome da dignidade humana.
E perguntar-lhes, olhos nos olhos: e se fossem seus pais, seu avós? Porque são pobres, mulatos, negros, devem servir e, após, morrer?





MAIS UM?

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O HOMEM SE FEZ LOBO DO HOMEM

Ao longo da história, normas de conduta ética derivaram das religiões. Deuses e seus oráculos prescreviam aos humanos o certo e o errado, o bem e o mal. Forjou-se o conceito de pecado, tudo aquilo que contraria a vontade divina. E injetou-se no coração e na consciência dos humanos o sentimento de culpa.

Cada comunidade deveria indagar aos céus que procedimento convinha, e acatar as normas éticas ditadas pelos deuses. Sócrates (469-399 a.C.) também fitou o rumo do Olimpo à espera dos ditames éticos das divindades que ali habitavam. Em vão. O Olimpo grego era uma zorra. Ali imperava completa devassidão.
Foi a sorte da razão. E o azar de Sócrates; por buscar fundamentos éticos na razão foi acusado de herege e condenado à morte por envenenamento.
Apesar da herança filosófica socrática contida nas obras de Platão e Aristóteles, no Ocidente a hegemonia cristã ancorou a ética no conceito de pecado.
Com o prenúncio da falência da modernidade e a exacerbação da razão, o Ocidente, a partir do século 19, relativizou a noção de pecado. Inclusive entre cristãos, bafejados por uma ideia menos juridicista de Deus e mais amorosa e misericordiosa.
Estamos hoje na terceira margem do rio... Deixamos a margem em que predominava o pecado e ainda não atingimos a da ética. Nesse limbo, grassa a mais deslavada corrupção. O homem se faz lobo do homem.
Urge chegar, o quanto antes, à outra margem do rio. Daí tanta insistência no tema da ética

QUAL É A DIFERENÇA?

Adiferença entre consumo e consumismo é que no primeiro as pessoas adquirem somente aquilo que lhes é necessário para sobrevivência. Já no consumismo a pessoa gasta tudo aquilo que tem em produtos supérfluos. Podem não ser de boa qualidade nem os mais indicados, porém ela tem curiosidade de experimentar devido à propaganda e ao apelo dos produtos de marca.
No entanto, a definição de necessidade e de supérfluo é algo relativo, já que um produto considerado supérfluo para alguém pode ser essencial para outra pessoa, de acordo com as camadas sociais a que a população pertence. Isso pode gerar violência, pois as pessoas que cometem crimes na maioria das vezes não roubam ou furtam por necessidade, e sim por vontade de ter aquele produto e não possuir condições de adquiri-lo. Nesses casos, a necessidade de consumo se torna uma doença, uma compulsão, que deve ser tratada para evitar maiores danos à pessoa. Muitas vezes, o consumismo chega a ser uma patologia comportamental. Pessoas compram compulsivamente coisas que não irão usar ou que não têm utilidade, apenas para atender à vontade de comprar.
A sociedade capitalista da atualidade é marcada por uma necessidade intensa de consumo, seja por meio dos mercados internos, seja pelos mercados externos. Com o aumento do consumo há maior necessidade de produção e o excesso de demanda leva à geração de mais empregos, o que aumenta a renda disponível na economia e esta acaba sendo revertida para o próprio consumo. Todo este processo leva a uma intensificação da produção e consequente aumento da extração de matérias-primas e do consumo de energia, muitas vezes de fontes não renováveis. Às vezes, uma pessoa compra por influência de outras que também são influenciadas pelas propagandas, filmes, revistas etc. Ou seja, a sociedade cria um padrão, que tende a ser seguido pelas pessoas.

Em nossas sociedades houve uma tentativa trágica de reencantar o mundo pelo consumismo e a diversão. O consumismo promete preencher os desejos, necessidades e carências com diferentes produtos, mas o faz de tal maneira que nunca fiquemos satisfeitos e desperte em nós a necessidade, a compulsão de adquirir novos produtos que o mercado produz sem recesso. O que começa como uma necessidade converte-se em compulsão ou em vício. Qualquer privação inesperada, irrita e frustra.

PELO MENOS, SORRIA.

Numa oportunidade, Madre Teresa estava sendo entrevistada por um repórter de uma cadeia de televisão da Alemanha. Na entrevista, o repórter garantiu: eu sou grande admirador do seu trabalho junto aos pobres, mas o que a senhora me diz das riquezas do Vaticano, em particular, e de sua Igreja, em geral?

A reação da freira foi firme e terna, ao mesmo tempo. Encarando seu interlocutor disse: o senhor não é feliz. Algo o está machucando, o senhor não tem paz! Colhido de surpresa, o jornalista ficou confuso e não soube o que responder. E a irmã continuou: o senhor deveria ter mais fé! Mas eu não tenho fé, gaguejou, na defensiva. O senhor precisa rezar, aconselhou a religiosa. Mais uma vez, o repórter desculpou-se: mas eu não sei rezar! E Madre Teresa, cheia de suavidade e firmeza, disse: então eu rezarei pelo senhor. Mas enquanto não conseguir rezar, procure, pelo menos, sorrir para os outros.
Nas ruas de nossas cidades, os caminhões de lixo ignoram todas as outras realidades e recolhem a sujeira. Na vida animal, os corvos desprezam a beleza e a vida e procuram apenas a podridão. Os dois exemplos ilustram a atitude de muita gente: apenas procuram possíveis fatos negativos. E porque estão machucados por dentro, imaginam que se realizarão agredindo os outros.

ALGUÉM PERGUNTOU: COMO SE DEVE REZAR?

Esta pergunta é difícil. Não cremos que se possa dar uma fórmula completa que esgote sua pergunta. Mesmo assim, nos atrevemos a dar algumas pistas. Certas pessoas gostam de acender velas, de fazer promessas e rezam quando alguma necessidade os aflige. Nada contra. Jesus disse: “Pedi e recebereis”. Mas cremos que essa não é a melhor oração. A verdadeira oração não deve ser de petição. Deve ser um diálogo amoroso com Deus que, antes que nós o peçamos, já sabe do que precisamos. A oração, mais do que pedir coisas, deve ser um diálogo entre amigos. Quem se sente amado por Deus deve dialogar com ele para alimentar a amizade. Quando amigos deixam de conversar, a amizade empalidece, enfraquece e morre. Mais do que pedir coisas, é bom manter a amizade com Deus. Quem só reza quando está em apuros, trata Deus com oportunismo. Na realidade não pensa em Deus, mas em si mesmo. Neste caso, o centro não é Deus, mas a própria pessoa que reza e os seus interesses. Não se trata de fazer a vontade de Deus, mas a sua própria. Nesse caso não importa tanto a repetição de palavras, mas a afetividade no relacionamento com Deus.

´PROJETO IMPULSIONA AGROECOLOGIA

As pequenas propriedades da Bacia do Rio Uruguai contam com mais uma tecnologia de desenvolvimento de suas unidades e da produção ecológica. No dia 7 de setembro, foi inaugurada a primeira unidade do Projeto de Agroecologia Integrada e Sustentável (Pais) no RS. Foi no município de Barracão, na propriedade de Albino Belentir, agricultor reassentado na comunidade Primeira Conquista.
Esta é a primeira das 100 unidades produtoras que serão implementadas em áreas de famílias atingidas pelas barragens da Bacia do Rio Uruguai, nos municípios de Aratiba, Mariano Moro, Barracão, Esmeralda e Capão Alto. Nesta primeira fase, serão implantados 275 Pais no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. O programa é desenvolvido por meio de parceria entre o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e a Fundação de Educação para o Associativismo (FEA), com apoio da Fundação Banco do Brasil.
Os agricultores recebem kit de implementos destinados à criação de aves e à produção de hortifrutigranjeiros. “Para tanto, passam por processo de seleção e diagnóstico que comprove a viabilidade do investimento”, detalha o presidente da FEA, Rogério Dalló.
Cada unidade tem um galinheiro no centro, três canteiros de hortas agroecológicas no entorno desse espaço, uma área para pastoreio e pomar. O destino mais próximo da produção do Pais são as escolas de rede pública, que por lei têm de utilizar 30% dos recursos destinados à merenda escolar na compra de alimentos oriundos da agricultura familiar

AVANÇANDO NO CAMINHO CERTO E COM TRANSPARÊNCIA.

O estudo “Mudanças recentes na pobreza brasileira”, divulgado na primeira quinzena de setembro pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), traz novos dados positivos. Três chamam mais atenção. O primeiro é a constatação de que a desigualdade social no Brasil está diminuindo, o que provoca melhoria na distribuição de renda; o segundo é que mais de 26 milhões de brasileiros passaram a ter renda mensal de pelo menos um salário mínimo; e o terceiro: o número de miseráveis, que em 2009 recebiam menos de R$ 67,00 por mês, caiu de 15 milhões para 8,6 milhões.

Não precisa ser especialista para saber que quanto menor for a concentração de renda em um país, mais escassos serão os casos de injustiça social. Também é consenso de que quando a economia vai bem mais portas são abertas - ao emprego, à ascensão, à realização... Fica difícil entender por que o Brasil demorou tanto para acordar para estas obviedades;

CUBA TEM O 8º MELHOR SISTEMA, ESTADOS UNIDOS 15º E BRASIL 35º

 A ONG Save the Children, organização internacional com sede nos EUA que luta pelos direitos das crianças, divulgou nesta semana um novo estudo em que mensura o grau de qualidade dos países no atendimento médico infantil.

De acordo com o ranking produzido pela entidade, entre os 161 países avaliados, Chade e Somália ocupam as duas últimas posições e Suíça e Finlândia, as duas primeiras. Cuba foi a primeira nação latino-americana listada, na 8ª posição, à frente de Alemanha (10ª), França (12ª), Reino Unido (14ª) e Estados Unidos (15ª).
Entre os latino-americanos, o Uruguai ocupa a segunda colocação, na 31ª posição geral, seguido pelo Brasil, na 35ª. O México alcançou apenas o 65º lugar no ranking, e a Argentina, o 77º.



O SUS NA OPINIÃO DE JATENE


Em novo livro, diretor do Incor e ex-ministro da Saúde, Adib Jatene, diz que tecnologia impôs grandes mudanças à medicina em 40 anos. Frente a custos maiores e novo perfil epidemiológico do país, Sistema Único de Saúde precisa dobrar recursos. 'Esse é o grande problema', diz Jatene. 'Mídia faz população acreditar que carga tributária é insuportável.'
Aos 21 anos, Sistema Único de Saúde (SUS) vive 'paradoxo'. É gratuito e aberto a todos mas tem menos dinheiro do que iniciativa privada gasta para atender menos gente. Em nenhum outro país é assim, segundo a OMS. Despesa estatal brasileira é um terço menor do que a média mundial. Para especialistas, SUS exige mais verba. 'Orçamento precisa dobrar', diz Adib Jatene.





quarta-feira, 21 de setembro de 2011

VIVA! O CARRO TRIUNFOU

O carro triunfou. Eles entopem os estacionamentos das universidades privadas e públicas, dos aeroportos, dos shoppings, dos supermercados. Estacionar já se tornou um drama. Ter uma vaga cativa – e gratuita – é um privilégio que se assemelha ao da casa própria.

Nos grandes centros já é mais caro estacionar do que almoçar. A verdade é que ninguém quer andar de ônibus e menos ainda de bicicleta, com as ruas atulhadas de carros se tornou um perigo pedalar, fora a quantidade enorme de gás carbônico que se ingere.
A sugestão da “carona solidária” não pegou. Ninguém quer andar de carona com o outro, todos querem dirigir sua própria máquina. Ninguém quer esperar ninguém. Aliás, o ato de “esperar” se tornou um problema. Em tempos de sociedade da “banda larga”, esperar é o mesmo que sofrer.
O estresse no trânsito é alto, os engarrafamentos enormes, a irritação é grande, mas ninguém quer abrir mão do carro. E ainda mais: quanto mais potente, belo e equipado o carro, melhor. A última novidade é o GPS a bordo. Todos querem.
Dirigir se tornou um ato de poder e prazer. Quem não tem carro deseja um, mesmo que seja popular, e quem tem um popular deseja um SUV. Ninguém quer regredir no consumo.
O fato é que apesar da campanha do “dia mundial sem carro”, o mesmo está mais do que nunca na moda. A civilização do automóvel já está entre nós brasileiros. As concessionárias e revendedoras comemoram vendas fantásticas e quebram recordes sucessivos. O governo dá o seu empurrão com as reduções de IPI que vão e voltam.
As montadoras afirmam que o “brasileiro ama carro”. E vai ver que ama mesmo, que o diga a “liturgia” de lavar o carro no final de semana, uma manifestação de amor ao veículo que ganha laços afetivos de membro da família.

O DIA EM QUE A PALESTINA DERROTOU OS EUA.

Entre a presença de Dilma Rousseff na abertura da 66ª Assembleia Geral da ONU e a ausência de Barack Obama, explícita no discurso do presidente dos EUA, abriu-se um flanco. Faltou Obama no discurso de um presidente enfraquecido e na defensiva, refém de interlocutores ausentes (Bin Laden e o Hamas). E Dilma Rousseff esteve lá, inteira, com a sua história, os seus compromissos e uma agenda clara. Ela não tem, perante o mundo, do que se envergonhar. E o presidente dos EUA tem tanto do que se envergonhar que se envergonhou, nas palavras, na cabeça baixa, na postura de quem fala no que não acredita e defende a posição dos seus adversários. Nesta vergonha de Obama está a vitória palestina. Na ausência explícita do primeiro presidente negro, advogado ativista dos direitos civis, eleito, entre outras coisas, para recuperar a moral mundial, Obama compareceu como vergonha. Mas é preciso que se diga, de novo: na postura evasiva e derrotada do homem mais poderoso do mundo está a vitória palestina.

AVISO PRÉVIO PASSA A SER DE 30 A 90 DIAS


Provocada pela recente polêmica criada pelo Supremo ao reconhecer que o aviso prévio não podia ter a mesma duração de 30 dias, sem respeitar a proporcionalidade estabelecida na Constituição, a Câmara votou hoje, finalmente, um projeto do Senado de 1989 (!!!) regulamentando o aviso prévio proporcional.

O texto é muito simples – 30 dias para todos, como hoje, e mais três dias por ano trabalhado, num limite de 60 dias, perfazendo um máximo de 90 dias.
Havia uma enorme quantidade de emendas e conseguiu-se um acordo para todas serem retiradas. Assim, o projeto não volta ao Senado e pode ser sancionado pela presidenta Dilma sem mais demora.





BERLUSCONE E SEUS DERIVADOS

Em pouco mais de uma semana depois de ter ficado publicamente conhecida a sua opinião sobre o país que governa (“a Itália é um país de merda”), o primeiro ministro italiano Silvio Berlusconi volta a chocar o senso comum com seu diagnóstico sobre a chefe de Estado alemã Angela Merkel: “É uma bunduda incomível”. Em O Globo, a mesma notícia do episódio trazia o comentário de um político italiano: “Como um indivíduo desses pode continuar governando o país?”

Na verdade. Berlusconi é apenas o modelo exagerado de uma série antiga e nova de políticos que oscilam entre o picaresco e o grotesco, com amplo beneplácito popular. O pensador pós-modernista Jean Baudrillard (1929-2007) já havia levantado, anos atrás, a hipótese de que as massas elegeriam governantes dessa estirpe para poder divertir-se secreta ou abertamente com eles.
Ele costumava amparar a hipótese no diagnóstico do fim da energia própria da política. Dizia que aí onde tem início a hegemonia definitiva do social e do econômico, surge o constrangimento, para a política, de ser o espelho legislativo, institucional, executivo do social. A autonomia da instância política seria inversamente proporcional à hegemonia crescente do social. Assim, a esfera social, comodamente apoiada na maioria silenciosa, poderia fazer espelhar na classe política o seu gosto pelo espetáculo do grotesco ou pela oportunidade de desprezar, ou mesmo odiar, os supostos detentores do poder. Daí, figuras como Berlusconi, Sarkozy, tantos outros.

PELA PRIMEIRA VEZ UMA MULHER ABRE A ASSEMBLÉIA DA ONU

A primeira mulher a abrir uma Assembleia Geral da ONU falou pela paz, criticou a violência, em um recado direto aos Estados Unidos. Pediu o espaço pro Brasil. Afirmou o papel das mulheres. Defendeu, sem meias palavras, deixando implícita uma crítica, a criação do Estado Palestino (no que foi muito aplaudida, o que demonstra que uma minoria poderosa impede os anseios da maioria). E deu uma aula de humanidade e solidariedade, refletindo a atitude do governo do qual foi parte por oito anos: “Queremos para os outros países o que queremos para nós mesmos”. A presidenta deu o seu recado.

APUNHALANDO AS MARGARIDAS


A senadora Kátia Abreu, ex-DEM de Tocantins, atualmente, às vésperas de integrar o probo PSD, de Gilberto Kassab, vai se tornando a nova aliada do governo Dilma. O fato é que nos falta a medida certa da indignação, acostumados a que estamos ficando em achar que basta juntar gente cheirosa em marchas contra a corrupção para, enfim, bradar por um país melhor. Mas essa simples perspectiva – a de um indivíduo como Kátia Abreu pertencer a um governo dito de esquerda, ainda que de forma periférica – deveria servir para tocar fogo nas ruas.

Presidente da Confederação Nacional de Agricultura, líder da ultra-reacionária bancada ruralista no Congresso, Kátia Abreu é a face visível e supostamente moderna de uma ideologia que, desde o descobrimento, moldou as principais relações políticas, econômicas e sociais brasileiras. Moldura esta, é preciso que se diga, que ainda nos confere uma realidade cruel e desumana, baseada numa doutrina escravocrata e excludente, cimentada sob os interesses do latifúndio, da monocultura e da devastação ambiental. Kátia Abreu é a representação física e institucional dessa cultura perversa que produz resultados econômicos vibrantes nos campos de soja e miséria humana em tudo o mais.
Ao admiti-la como aliada, Dilma terá apunhalado cada uma das 70 mil bravas camponesas que, na Marcha das Margaridas, foram lhe prestar apoio e solidariedade, no mês passado, em Brasília.

EMPREGADO DA KAISER DEMITIDO POR BEBER SKOL RECEBE INDENIZAÇÃO.

Um promotor de vendas da Volpar Refrescos S.A., distribuidora das cervejas Kaiser e Sol, vai receber R$ 13 mil (17 vezes sua remuneração) de indenização por danos morais por ter sido demitido após ser surpreendido por superiores bebendo cerveja Skol, marca considerada concorrente da Kaiser. A Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho, ao não conhecer do recurso de revista empresarial, manteve decisões anteriores que consideram a dispensa ofensiva à liberdade de escolha.

O FATO E O DESEJO.



A capa do Estadão online é uma incrível expressão de um desejo mal contido de nossa grande imprensa. Olhem aí ao lado, como Lula sofre o “ataque” de um manifestante que participava do “protesto” que “tumultou” a cerimônia de entrega do título de “Doutor Honoris Causa” ao ex-presidente na Universidade Federal da Bahia.
O jornal transforma reivindicação – 10% do PIB para a Educação, algo mais do que justo que se peça numa Universidade – em protesto e o sucesso do ato em tumulto. É só ler como são descritos o “protesto” e o “tumulto” pelo próprio jornal, lá na matéria:
Como não havia espaço no salão onde ocorria o evento, os estudantes tiveram de ficar do lado de fora. Depois, conseguiram entrar no salão, onde acompanharam o fim das homenagens a Lula e voltaram a gritar palavras de ordem – enquanto pegavam autógrafos do ex-presidente nos próprios cartazes nos quais estavam escritas as reivindicações.
Portanto, a foto registra o momento em que o ex-presidente era “agredido” por um manifestante com um aperto de mão, depois de “ter sido obrigado” pelos estudantes a autografar seus cartazes.
A capa do Estadão online é uma incrível expressão de um desejo mal contido de nossa grande imprensa. Olhem aí ao lado, como Lula sofre o “ataque” de um manifestante que participava do “protesto” que “tumultou” a cerimônia de entrega do título de “Doutor Honoris Causa” ao ex-presidente na Universidade Federal da Bahia.

A FILA DO SUS E O CANARINHO GREGO.

A sociedade grega vive os estertores de uma longa agonia a caminho de um desfecho sobre o qual ninguém mais tem dúvida: será o calote para redução política de um passivo impagável da ordem de 300 bi de euros. Enquanto não se acumulam forças políticas para um epílogo indissociável de reformas superiores na arquitetura da União Européia, as turquesas ortodoxas continuam a espremer o país. A Grécia representa apenas 2% do PIB da UE. Coube-lhe, porém, condensar as fragilidades de um conjunto do qual pode ser a espoleta devastadora. Como dizem seus economistas, a Grécia é o canarinho da mina: sua morte anuncia a contaminação de toda a estrutura.
O que importa aqui, portanto, já não é tanto o objeto sacrificado inutilmente, mas a resiliência de uma ideologia que, ademais de minar as bases estratégicas do euro, contamina outras fronteiras do planeta. Inclusive as do Brasil.
Pois bem, o Brasil pagará este ano cerca de 6% do PIB em juros da dívida pública. Em 12 meses até julho essa despesa somou R$ 225 bi, segundo o economista Amir Khair. Ao mesmo tempo, o país se debate num impasse angustiante na área da saúde pública, asfixiada por um rombo orçamentário da ordem de R$ 40 bi. Não há esperança de dignidade no atendimento a mais de 75% da população que depende da fila do SUS com um buraco dessa magnitude. O conservadorismo nativo veta a criação de uma taxa de 0,1% sobre operações financeiras para uso exclusivo -ao contrário do que se fez com a CPMF- na saúde pública. As proporções em jogo são desconcertantes. Mas o veto é seguido de um silêncio constrangedor por boa parte do PT.

Em seu pronunciamento na ONU, nesta 4ª feira, a presidenta Dilma Rousseff dispensou ao quadro internacional um diagnóstico aplicável ao impasse fiscal na saúde pública brasileira: "Não é por falta de recursos financeiros que ( ...) ainda não encontraram uma solução para a crise. É, permitam-me dizer, por falta de recursos políticos e algumas vezes, de clareza de ideias. Ficam presos na armadilha que não separa interesses partidários daqueles interesses legítimos da sociedade". Tem razão a Presidenta Dilma. O canarinho grego difere do brasileiro, mas ambos sofrem da mesma doença: a ganância rentista.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

PARTIDO PIRATA ELEGE 15 EM BERLIM

Eram os 15 candidatos do Partido Pirata.

Saíram do zero. O partido não tinha um único deputado na Câmara de Representantes de Berlim. Nas primeiras pesquisas, apareciam com um, dois por cento das intenções de voto. Como não tinham dinheiro, não contrataram uma empresa de marketing para fazer a propaganda do partido. Fizeram eles mesmos os cartazes, as fotos, as palavras de ordem. E passaram a pendurar seus cartazes nos postes, tímidos em meio à euforia e ao ar de certeza profissional dos grandes partidos e de seus marqueteiros.
Mas a coisa veio vindo. Os números foram subindo. Na saída de agosto já estavam com 4,5% nas intenções de voto. Na entrada de setembro dobraram o Cabo da Boa Esperança, e para frente, a caminho das Índias, quer dizer, a caminho da Alexanderplatz, onde fica a Rothaus, sede do parlamento de Berlim. Chegaram a 5,5% das intenções de voto.
Já com os Piratas, a situação foi inteiramente outra. Seu barquinho virou uma caravela, sua propaganda amadora ganhou a simpatia até de quem não votava neles, descrita como bem humorada, inteligente e autêntica. Acabaram com 8,9% dos votos, e quase criaram um problema legal e inédito na eleição: tivessem mais votos, não teriam candidatos suficientes para preencher as cadeiras a que teriam direito. Piratearam votos de todos os partidos, sem exceção, até da CDU e do FDP, segundo as pesquisas. Têm agora 15 cadeiras em 152, praticamente 10%, o suficiente para provocar algumas marés.

Na verdade, os Piratas acabaram navegando de uma posição monotemática, a liberdade de expressão e o maior direito à privacidade na internet, em direção à incorporação de bandeiras à esquerda: acabar o imposto eclesiástico (“privatizemos as religiões”, dizia um cartaz), adoção de um salário mínimo (que não existe na Alemanha, e até o momento só a Linke abraçava essa causa do movimento sindical, inclusive o que apóia tradicionalmente o SPD), tornar gratuito o transporte público, causas ambientais e, para alegria do senador Suplicy, a adoção de uma renda mínima para os berlinenses.
Essas bandeiras foram simpáticas sobretudo para os jovens, setor que mais padece com o desemprego, mesmo na próspera Alemanha, e, também segundo as pesquisas, eles atraíram para as urnas 21 mil navegantes, quer dizer, votantes que antes desprezavam o voto. Além disso, forçaram o discurso dos Verdes, de quem tiraram o maior contingente de votos, a ir mais para a esquerda.
Bons ventos acolham esse novo partido

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

DILMA: PATENTE NÃO PODE MATAR PESSOAS.


O discurso pronunciado hoje pela Presidenta Dilma Rousseff não é meramente declaratório, quando fala da quebra ou limitação do direito de patente para remédios essenciais para doenças crônicas. O Governo brasileiro vem tendo uma atuação firme neste campo. Nos últimos tempos, várias tem sido as vitórias judiciais sobre laboratórios que pretendiam prorrogar prazos de validade de patentes.

Só este ano, foram negadas na Justiça as prorrogações das patentes dos remédios Aprovel, para hipertensão, Geodon, para tratamento de esquizofrenia, Dronedarone, usado para combater arritmias cardíacas e o Actos, usado para combater diabetes tipo 2.
Nosso mecanismo de quebra de patentes, que permite que isso seja feito por tempo limitado e com remuneração aos laboratórios, embora seja positivo, tem servido mais para pressionar os laboratórios a baixarem os preços do que para a revogação de patentes, pelas dificuldades jurídicas e pelas possíveis retaliações das multis farmacêuticas, retirando medicamentos do mercado.
Chega a ser monstruoso que se inviabilize o tratamento de pessoas por conta da expectativa de lucro dos laboratórios.
Mas é assim que se pode definir casos como, por exemplo, do medicamento Glivec, derivado da pirimidina, e usado no combate à leucemia que chega a custar R$ 10 mil e que, felizmente, graças a uma decisão do Superior Tribunal de Justiça, poderá ser fabricado como genérico a partir do ano que vem.

NÓSSA AMÉRICA LATINA É UM MUNDO DE DORGA.


Um estudo recente realizado pela Comissão Mundial para Políticas Antidrogas, que conta com o aval da ONU, chegou a uma conclusão óbvia, mas nem por isso menos eloqüente: o que o mundo anda fazendo para combater o uso de drogas ilegais, a tal "guerra às drogas" iniciada há quatro décadas pelo presidente norte-americano Richard Nixon, é um fracasso rotundo, contundente e irremediável. E a razão de terem chegado a essa conclusão é simples: bilhões de dólares e milhares de vidas mais tarde, a produção, o comércio e o uso das drogas ilegais continua crescendo a todo vapor. Aliás, cresce tanto que hoje em dia cocaína e heroína custam muito menos do que custavam há vinte anos.

Calcula-se que existam no mundo 270 milhões de usuários de drogas. Um Brasil e meio. Uma população 27 vezes maior que a de Portugal, quatro vezes e meia maior que a da França, seis vezes maior que a colombiana. Enfim, um número de pessoas que, reunidas, formaria o quarto país mais populoso do mundo.
O maior mercado consumidor é os Estados Unidos, que consome anualmente, segundo os cálculos mais fiáveis, cerca de 165 toneladas de cocaína. Em segundo lugar, mas avançando rapidamente, vem a Europa, que consome cerca de 124 toneladas anuais. Esses dois mercados são abastecidos basicamente pela produção latino-americana de cocaína, mais especificamente da região andina, ou seja, Bolívia, Peru, Colômbia e, em medida quase insignificante, Equador. A maior parte do que chega aos Estados Unidos passa pelo México, onde, aliás, se consome 17 toneladas anuais, deixando o Canadá, com suas 14 toneladas, para trás.
Na América Latina, os produtores e exportadores de drogas são empresários bem sucedidos, sem dúvida. Lucram cada vez mais, e mostram que sabem defender seus interesses, não importa ao custo de quantas vidas.

Pena que esses latino-americanos, empreendedores bem sucedidos, tenham preferido manter seus negócios em nossas comarcas. Bem que poderiam seguir o exemplo dos plantadores de maconha na Califórnia. Lá, os empreendedores locais conseguiram um feito notável: hoje em dia, a maconha é o mais bem sucedido cultivo em todo o estado. Rende cerca de 14 bilhões de dólares por ano. Plantam, processam, comercializam – e nenhum latino-americano morre por causa deles.

ATÉ TU, BRUTUS?

O que o presidente dos EUA vai dizer aos seus cidadãos? O que ele dirá aos cidadãos do mundo? Como ele vai racionalizar a oposição de seu país ao reconhecimento do estado palestino? Como ele explicará sua posição, que vai contra a posição do mundo esclarecido – e menos esclarecido?

E, sobretudo, o que Barak Obama dirá a si mesmo antes de deitar a cabeça no travesseiro? Que os palestinos não merecem um estado? Que eles tem a chance de consegui-lo por meio de negociações com Israel? Que eles não têm direitos iguais no novo mundo que pensamos ele viria a estabelecer?
Será que ele admitirá para si mesmo que, por conta de considerações eleitoreiras – sim, Obama está se mostrando bastante oportunista – ele também está prejudicando os interesses de seu país, tanto como os (verdadeiros) interesses de Israel, e agindo também contra sua própria consciência?
Está difícil, hoje, entender a América de Obama. O homem que prometeu mudança está se tornando o pai dos conservadores americanos. No que concerne a Israel, não há diferença entre ele e o último a brindar no Tea Party. Nós não esperamos uma grande negociação de Hillary Clinton; ela pode continuar a recitar falas ocas a respeito de negociações, mas Obama?
Até tu, Brutus? Afinal de contas, em sua fala do Cairo você prometeu uma nova alvorada para o mundo muçulmano, prometeu uma nova América para o mundo árabe. E o que veio disso? O mesmo velho lobo americano – que cega e automaticamente apoia toda e qualquer extravagância de Israel, de tal modo que não está claro qual é o poder do mundo e qual é o protetorado – e sequer vestido em pele de cordeiro.

É ASSIM: CADA UM DÁ O QUE TEM.

No passado houve um pequeno incidente. Ninguém lembrava direito como fora, mas em função disso a inimizade se estabeleceu. As duas vizinhas nem se cumprimentavam. Com o tempo, dona Luíza chegou à conclusão de que essa atitude era infantil e não servia para nenhuma das duas e, por isso, resolveu tentar a reconciliação. Dias depois, encontrou a vizinha, Maria Eduarda. Cumprimentou-a e disse: estamos nessa desavença há anos, sem nenhum motivo. Quem sabe, a partir de hoje façamos a paz e vivamos como duas boas e velhas amigas. Vou pensar no caso, respondeu ela, e darei a resposta nos próximos dias. Partindo de dona Luíza, pensou ela, coisa boa não deve ser. Qual será o golpe que ela prepara? Mas não vai levar, ela não me engana. Chegando em casa, Maria Eduarda preparou uma cesta de presentes, cobrindo-a com um lindo papel, mas encheu-a com terra e esterco de vaca. Mandou a empregada levar o presente, com uma dedicatória: aceito sua proposta de amizade e para selar nosso compromisso, envio este maravilhoso presente! Dona Luíza, naturalmente, não gostou do presente, mas não se exaltou. Era evidente que a vizinha preferia a guerra.
Alguns meses depois foi a vez de dona Luíza presentear a vizinha. Enviou a ela uma caprichada cesta. Desconfiada, Maria Eduarda pensou em jogar tudo no lixo, mas a curiosidade venceu e ela abriu a caixa. Lá estava um vaso com lindas violetas, acompanhado de uma dedicatória: ofereço esta flor como sinal de nossa amizade; foram cultivadas com o adubo que você me enviou!
A sabedoria popular ensina que somente podemos dar aquilo que possuímos. É no coração que se originam as coisas boas e más. É ainda o coração que tem a possibilidade de profanar as melhores coisas e transformar as coisas negativas. Uma arma nunca é mortal. Ela se torna mortal quando alimentada pelo ódio. Uma bomba nas mãos de São Francisco não ofereceria nenhum perigo, mas um coração irado pode até agredir com um ramo de flores.
E as flores nos ensinam a transformar o mal em bem. As violetas foram cultivadas com esterco, mas mostram apenas cor e alegria. O jasmim, independente do adubo de suas raízes, oferece a todos o seu perfume inigualável.
O amor é o perfume das atitudes humanas. Onde não há amor, ensina São João da Cruz, coloque amor e um dia – se não tiver pressa – colherá amor. O homem e a mulher foram criados para amar. Amar e ser amado é o caminho da felicidade. Mas não podemos exigir de alguém que nos ame. Ele apenas poderá dar aquilo que tem. O coração é um jardim, o amor é a flor mais maravilhosa

NO SUBTERRÂNEO DAS MULTIDÕES

No subterrâneo das multidões estão os sábios que estudam e pensam, que analisam e contemplam, estão os santos que brilham como estrelas do céu na terra dos humanos e estão aqueles que inventam um novo tipo de vida e convivência, ao avesso daquela que deveria ser.

Como podemos nos relacionar com as multidões, sem nos aproximar da pessoa? Como podemos superar o medo de viver numa grande cidade sem pensar no coração das pessoas?
Creio que agora podemos imaginar um caminho possível de superação do medo, um jeito viável para confiar. Esse caminho e esse jeito passam pelo encontro com a pessoa. Há em cada ser humano uma bondade inscrita no coração, um espaço de confiança onde a ternura pode operar milagres. Se diante das multidões nem sempre sabemos o que pensar, o que dizer e como agir, diante da pessoa nos convenceremos que não há lobo para quem ama.
Num tempo onde a globalização parece ser a marca do progresso, onde a pessoa se vê ameaçada a ampliar a multidão dos solitários, creio que se faz urgente a retomada do diálogo, do aconchego e da aproximação humana. Não se globaliza sentimentos, nem se pode anular as grandes e fundamentais aspirações do ser humano como: a felicidade, a paz, o amar e ser amado. Não há evolução que consiga anular o mistério da vida de cada ser humano. Não esqueçamos que no subterrâneo das multidões está o melhor da vida, onde cada pessoa é única, insubstituível e irrepetível.

O QUE VOCÊ ACHA: ALIENAR PODE SER BOM?

Alienar pode ser bom. Você aliena o apartamento para conseguir um empréstimo vultoso ou uma chácara. Férias podem ser uma saudável alienação. Mas, por alienar-se demais ou de menos muitos homens e mulheres arruinaram seu casamento. Vamos e venhamos, nem toda esposa aceita que seu marido decida por telefone uma compra para a firma na hora da intimidade. Quem não tira a cabeça do escritório, pode perder o coração da esposa e dos filhos. E não adianta dizer que faz isso por eles. Não faz. E se o faz está fazendo errado.

Ninguém lê um livro com o nariz em cima das letras. Há que haver uma saudável distância, se pretendemos ler um livro, pensar na firma ou na nossa própria família. Nem perto demais, nem distante demais.
É impressionante o número dos políticos e artistas em segundas ou terceiras uniões. Não terá sido a distância, mal calculada por conta da profissão, que gerou os conflitos que terminaram em divórcio? Há profissões que mais separam do que unem. Se a pessoa não souber por a família em primeiro lugar, perderá a família. É que se lá fora a competição é dura, em casa também é. Os filhos e o cônjuge que fica mais tempo em casa costumam competir com a empresa e a carreira. Um dos dois empreendimentos se perderá. Quando a escolha se torna difícil demais é sinal que a família está mal avaliada. Alienar-se no mau sentido é péssimo; no bom sentido, é salutar. Procure ajuda se não está sabendo achar tempo para a pessoa a quem você declarou amor eterno. Se ela não vier primeiro, o resto, se vier, virá para ferir.

domingo, 18 de setembro de 2011

E POR FALAR EM PEDRAS...

Nunca desvalorizes ninguém...
Guarda cada pessoa perto do teu coração...
Porque um dia podes acordar...
E perceber que perdeste um diamante....
Enquanto estavas muito ocupado(a) coleccionando pedras.
E por falar em pedras...lembrei-me agora daquele poema lindíssimo de Fernando Pessoa que devia ser lido todos os dias... e em voz alta, para o "ouvirmos" melhor!):

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço de que a minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá a falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da sua alma .
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um 'não'.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...
(Fernando Pessoa)

NÃO COMPRE GATO POR LEBRE


A recente campanha em favor do voto distrital tem uma história curiosa. Primeiro, foi divulgada com o estardalhaço que a mídia de direita dedica aos temas que considera prioritários, ocupando a capa de revistas e as colunas de seus comentaristas mais prestigiados. Depois, teve seu lançamento “sério” e “oficial”.

Aconteceu esta semana, em São Paulo, no Instituto Millenium, seu 7º Colóquio, com uma interrogação no título Voto Distrital ou Proporcional? Os participantes responderam em coro (quase unânime): distrital.
O Instituto Millenium congrega empresários, banqueiros, alguns intelectuais e muita gente da grande imprensa: os proprietários dos maiores veículos de comunicação, seus chefes de redação, alguns jornalistas e comentaristas, quase todos os personagens que costumam ouvir quando precisam da opinião de “entendidos” (em qualquer coisa, desde a crise da Líbia à musica popular). Não esquecendo diversos ex-integrantes do governo Fernando Henrique Cardoso.
É evidente que as pessoas de direita têm todo o direito de se reunir para discutir suas ideias. De procurar fazer com que elas sejam conhecidas pela sociedade. De usar suas empresas e seu dinheiro para isso.

É natural, na democracia, que apóiem os candidatos com que mais se identificam. Que façam oposição àqueles de que discordam: os esquerdistas, socialistas, progressistas. E que não gostem dos petistas e “lulopetistas” (palavra inventada pelos jornais dos empresários que integram o Instituto).
Seria bom para todos, no entanto, que houvesse mais transparência nas relações entre a direita e alguns grupos de mídia. Que elas fossem assumidas com franqueza.
Pode-se concordar ou não com a campanha pró-voto distrital. Mas é ruim quando a opinião pública não fica sabendo de onde vem, quem a inspira e organiza. O risco é que ela compre gato por lebre”.



E O DINHEIRO ONDE ESTÁ?

Nos anos 90 o setor financeiro detinha 10% do lucro norte-americano; hoje essa fatia é da ordem de 40%. Num mundo cujo PIB oscila em torno de US$ 60 trilhões, os ativos financeiros somam US$ 600 trilhões. Quanto rendem em recursos fiscais? A julgar pelo exemplo brasileiro, pouco. Cruzamentos de dados da Receita Federal demonstraram que dos 100 maiores contribuintes da extinta CPMF, 62 nunca tinham recolhido imposto. O roubo recente de 170 cofres particulares no banco Itáu em São Paulo, reafirma o calibre da sonegação. Apenas 3 donos dos mini-caixas 2 compareceram para registrar o tradicional B.O. Muitos contrataran detetives particulares na tentativa de reaver a fortuna sem ter  que dar explicações à Receita. Sob  sigilo do nome, um dos afanados revelou à Folha que guardava apenas algumas pedras de diamante no cofre: tres milhões de reais. Há, portanto, um rio subterrâneo de fastígio plutocrático que transita por debaixo da crise. Quem se dispõe a trazer um pedaço dele à superfície na forma de receitas fiscais indispensáveis à superação dos desafios, incertezas e carências desse momento? 

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

ORIGEM DA REVOLUÇÃO FARROUPILHA VAI ALÉM DE IMPOSTOS



PARA O FERIADO DE 20 DE SETEMBRO - BOA LEITURA





REVOLUÇÃO FARROUPILHA  I
No início do Império novas ideias políticas entraram em conflito no Brasil, sacudindo o ranço das oligarquias políticas e a burocracia centralizadora, herdeira de um sistema conservador criado no período colonial. Infelizmente, D. Pedro I criou o Estado divorciado da nação brasileira, que ainda não estava organizada no momento da independência. Desde então os políticos brasileiros se consideram donos do Estado, cuidando apenas de seus interesses para proverem seus bens particulares, ignorando o bem comum. Como reflexo desta situação, a corrupção ficou impune e a Justiça se tornou interesseira e mesquinha, funcionando apenas contra pequenos e marginalizados.

As revoltas e insurreições no Primeiro Reinado e na Regência são provas incontestáveis do pouco caso dos governantes em relação à nação. As proclamações, protestos e denúncias contra a tirania e abusos de políticos infames e desonestos que exploravam o povo se sucediam por causa da inércia da sociedade. Tal fato se dava e ainda acontece porque a massa é mantida ignorante e tolhida em suas iniciativas. Não é por acaso que professores recebem salários aviltantes e que o ensino e a educação se esfacelaram, perdendo-se a noção do direito de cidadania.
REVOLUÇÃO FARROUPILHA II

É certo que sempre há políticos honestos e bem-intencionados. Também não podemos generalizar uma ideia para todos os segmentos sociais. Pessoas socialmente iguais seguem doutrinas políticas diferentes. Só há ideia única quando a sociedade vive sob tirania política ou religiosa. Assim, durante o período farroupilha houve um entrechoque de doutrinas discutidas por intelectuais e políticos, mas que raramente atingia o povo, na sua maioria analfabeto. As novas ideias eram divulgadas nos jornais, de duração efêmera porque dependiam de assinantes, nas lojas maçônicas, no teatro e nas casas de negócio.
Não tivemos pensadores políticos no período farroupilha. As doutrinas reproduzidas nos periódicos são de pensadores europeus, em desacordo com a realidade sócio-política brasileira rural e escravocrata, com as ideias de Locke próprias para uma sociedade urbana e industrial. Ou com a doutrina democrática dos escritos da Joven Itália, de Mazzini, em choque com o liberalismo dos farroupilhas.
REVOLUÇÃO FARROUPILHA III

Com a morte de D. João VI, em 1826, os portugueses aclamaram o imperador D. Pedro I rei de Portugal. Os liberais, temendo que o Brasil voltasse a se submeter a Portugal, pressionaram D. Pedro I a abdicar do trono português em favor da filha, Dona Maria da Glória.
A agitação dos liberais aumentou contra o Poder Moderador, que permitia ao imperador dissolver a Câmara de Deputados. A perda da Província Cisplatina, que gerou lutas de fronteira, foi considerada como prejuízo ao Rio Grande do Sul, pelos recursos aplicados e pelas mortes de rio-grandenses. Em maio de 1824, as províncias de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas formaram a Confederação do Equador. D. Pedro reagiu com violência, ordenando a prisão e fuzilamento dos revolucionários. Esse absolutismo do imperador entrou em choque com as ideias dos liberais, que não aceitavam o ministério formado por portugueses e exigiam a formação de novo ministério constituído por brasileiros. D. Pedro I preferiu abdicar a favor de seu filho D. Pedro de Alcântara, em 7 de abril de 1831, partindo para Portugal.
Como o Parlamento estava em recesso, elegeu-se uma Regência Trina Provisória, que governou pouco mais de dois meses, quando deputados e senadores elegeram Francisco de Lima e Silva, José da Costa Carvalho e João Bráulio Muniz.
REVOLUÇÃO FARROUPILHA  IV

O período regencial, de 1831 a 1840, caracterizou-se como o mais perturbador e instável da história política do Brasil, época de mudanças, de transformações, de choques de teorias que eclodiram em desordens e revoltas em várias províncias.
Para conter as desordens baixou-se o edital (em 04/02/1832), proibindo a reunião de vadios armados e obrigando-os a conseguir empregos em oito dias, sob pena de serem presos de três a oito meses (O Noticiador, de 17.2.1832, p. 1).
Grupos políticos - O jornal O Noticiador, periódico liberal moderado, de 16.5.1832, à página 3, considerou os farroupilhas como exaltados, fazendo graça com a origem do apelido que significava pessoa desprezível, miserável, maltrapilho, embora os chefes revolucionários fossem estancieiros, oficiais militares, oficiais da Guarda Nacional, comerciantes e charqueadores. O pequeno texto jocoso também se refere aos restauradores, comedores de produtos portugueses, que querem o retorno de D. Pedro I de Portugal.
REVOLUÇÃO FARROUPILHA  V

Existiam três grandes grupos políticos: os conservadores, os restauradores e os liberais. Embora se autodenominassem de partidos, eram grupos de pessoas com ideias comuns e que pretendiam apenas assumir o poder.
Os conservadores não queriam mudanças, pretendiam manter a monarquia, considerando que do rei dependia toda a salvação da nação. Propugnavam pelo Estado unitário e pelo governo centralizado. Criticava-se a república como forma de governo, que levaria o Brasil a dividir-se em vários países. A religião católica era sustentação do trono e força de coesão da sociedade.
Os restauradores ou caramurus, na maioria portugueses naturalizados brasileiros, fundaram a Sociedade Militar com o propósito de lutar pelo retorno de D. Pedro ao Brasil. Em resposta, os liberais fundaram a Sociedade Defensora da Liberdade e Independência Nacional, que comemorava festivamente o Sete de Abril, lembrando a abdicação de D. Pedro como fim do absolutismo e da centralização do poder. Os liberais queriam nova constituição de acordo com os costumes do povo, sem o poder Moderador e com o Legislativo forte. Em sua doutrina, a liberdade seria garantida pelas leis. Queriam a descentralização do poder sob o sistema de federação, a fim de respeitar as diferenças regionais.
Os liberais dividiam-se em moderados (chimangos) e exaltados (farroupilhas). Os moderados queriam as reformas políticas através de leis. Constituíam o grupo dos monarquistas e o grupo dos republicanos. Os exaltados ou farroupilhas pretendiam as mudanças através da luta armada.
REVOLUÇÃO FARROUPILHA VI

Quando o padre Diogo Antônio Feijó, um liberal, assumiu o Ministério da Justiça, iniciou uma série de reformas que provocou a reação dos mais exaltados. A primeira grande mudança foi do Processo Criminal, tornando mais rígida a justiça e a atuação dos juízes. Em 1831 criou o juiz de paz, para pequenas causas de âmbito municipal. Desmobilizou os soldados, mantendo os oficiais, e desativou a Milícia, ambos com oficiais nomeados pelo comandante militar, para criar a Guarda Nacional, com oficiais eleitos por vereadores. A Guarda Nacional tornou-se a força policial de chefes de oligarquias municipais. Em 1835 a Guarda Nacional era a maior força militar armada e seu comandante-geral, coronel Bento Gonçalves da Silva, foi escolhido pelos conspiradores para chefiar a revolução e presidir a República Rio-Grandense.
Outra lei que gerou descontentamento foi a chamada Lei Feijó, que proibia o tráfico de escravos, multando o capitão da embarcação, o intermediário e o comprador, obrigando-os a devolver os escravos para a África. Autoridades corruptas ignoraram a Lei Feijó. A Lei de 27.10.1831 proibiu a guerra aos índios e a servidão, que ainda existiam com a desculpa de civilizá-los.
REVOLUÇÃO FARROUPILHA VII

Essas mudanças provocaram dissensões políticas nas províncias, que reagiram com revoltas, sendo a mais longa a guerra civil dos farrapos. Procurando uma política conciliatória, a Regência, em 12 de agosto de 1834, aprovou o Ato Adicional à Constituição, que criou as Assembleias Legislativas Províncias, mas manteve a nomeação do presidente da província. Ao tentar contentar os conservadores e os liberais, o governo central provocou o acirramento dos confrontos políticos. Na abertura da Assembleia Legislativa, em 20 de abril de 1835, o presidente Antônio Rodrigues Braga denunciou a existência de uma conspiração entre rio-grandenses e seguidores de Juan Lavalleja para implantar uma república no Rio Grande do Sul unida ao Uruguai e separada do Brasil.
Lavalleja era compadre de Bento Gonçalves e seguidor do caudilho Manuel Oribe, que estava em luta contra o caudilho Frutuoso Rivera, compadre de Bento Manoel Ribeiro. Ambas as facções enviavam mensageiros ao Rio Grande do Sul para contratarem vadios e escravos como soldados, aumentando a insegurança na fronteira.
Finalmente, a introdução de moedas de cobre falsas, fabricadas nos Estados Unidos e ingressando pelo porto de Rio Grande e de São José do Norte, destruía o poder aquisitivo, pois as autoridades confiscavam o contrabando e o governo provincial pagava os funcionários e suas dívidas com o cobre falso, que era aceito no comércio com deságio de 20% a 30%.
Os farroupilhas aproveitaram o descontentamento das classes produtoras para sublevar a zona da Campanha e depor o presidente Braga, iniciando a Guerra Civil com a proclamação da República Rio-Grandense.