quarta-feira, 29 de junho de 2011

É BASTANTE COMUM ASSUMIR POSIÇÕES PELO LADO EMOCIONAL

O duelo, no passado, foi uma modalidade irracional de resolver questões. Os mais diferentes motivos podiam ser resolvidos dessa maneira - problemas afetivos, questões de honra, divergência sobre dívidas... As três principais modalidades de vitória: o primeiro sangue, um dos adversários mortalmente ferido ou mesmo a morte. Assim era lavada a honra. Supostamente o vencedor tinha razão. Na Itália, em fins da Idade Média, dois cavaleiros desafiaram-se em duelo para provar a supremacia de dois poemas. Qual era melhor: Jerusalém Libertada ou Orlando Furioso?

Escrita por Torquato Tasso, Jerusalém Libertada narra a epopeia da tomada da cidade santa na Primeira Cruzada. Ludovico Ariosto – com Orlando Furioso - exalta episódios da Reconquista, quando a Europa expulsou para a África os muçulmanos que se haviam apoderado de Portugal, Espanha e parte da França. As duas obras fizeram muito sucesso e tiveram centenas de edições e os pintores mais célebres deixaram obras-primas envolvendo cenas dos poemas.
No duelo, um dos adversários caiu mortalmente ferido e, antes de expirar, afirmou levar para a eternidade uma grande mágoa: gostaria de ter lido os dois poemas.
É bastante comum a pessoa assumir posições pelo lado emocional. Não conhece a questão, mas faz dela uma razão para viver. São os revolucionários sem causa. Surge um abismo entre a convicção e o fanatismo. Acabam por representar. Assim podem existir teólogos sem fé, moralistas de vida totalmente errada, políticos apenas interessados em seus interesses, ferreiros com espeto de pau.

O QUE FAREI HOJE

Hoje, deixarei meu corpo flutuar em alturas abissais. Acariciarei uma por uma de minhas rugas, desvelarei histórias, apreenderei, na ponta dos dedos, meu perfil interior.

Não recorrerei ao bisturi das falsas impressões. Nem ao espectro da magreza anoréxica. O tempo prosseguirá massageando meus músculos até torná-los flácidos como as delicadezas do espírito.
Suspenderei todas as flexões, exceto as que aprendo na academia dos místicos. Beberei do próprio poço e abrirei o coração para o anjo da faxina atirar pela janela da compaixão iras, invejas e amarguras.
Pisarei sem sapatos o calor da terra viva. Bailarino ambiental, dançarei abraçado à Gaia ao som ardente de canções primevas. Dela receberei o pão, a ela darei a paz.
Acesas as estrelas, contemplarei na penumbra do mistério esse corpo glorioso que nos funde, eu e Gaia, num único sacramento divino. Seu trigo brotará como alimento para todas as bocas, suas uvas farão correr rios inebriantes de saciedade.
Na mesa cósmica, ofertarei as primícias de meus sonhos. De mãos vazias, acolherei o corpo do Senhor no cálice de minhas carências. Dobrarei os joelhos ao mistério da vida e contemplarei o rosto divino na face daqueles que nunca souberam que cosmo e cosmético são gregas palavras, e deitam raízes na mesma beleza.
Despirei os meus olhos de todos os preconceitos e rogarei pela fé acima de todos os preceitos. Como Ezequiel, contemplarei o campo dos mortos até ver a poeira consolidar-se em ossos, os ossos se juntarem em esqueletos, os esqueletos se recobrirem de carne e a carne inflar-se de vida no Espírito de Deus.
Proclamarei o silêncio como ato de profunda subversão. Desconectado do mundo, banirei da alma todos os ruídos que me inquietam e, vazio de mim mesmo, serei plenificado por Aquele que me envolve por dentro e por fora, por cima e por baixo.
Suspenderei da mente a profusão de imagens e represarei no olvido o turbilhão de ideias. Privarei de sentido as palavras. Absorvido pelo silêncio, apurarei os ouvidos para escutar a brisa de Elias e, os olhos, para admirar o que extasiou Simeão.
Não mais farei de meu corpo mero adereço estranho ao espírito. Serei uma só unidade, onda e partícula, verso e reverso, anima e animus.
Recolherei pelas esquinas todos os corpos indesejados para lavá-los no sangue de Cristo, antes que se soltem de seus casulos para alçar o voo das borboletas.
Curarei da cegueira os que se miram no olhar alheio e besuntarei de cremes bíblicos o rosto de todos que se julgam feios, até que neles transpareça o esplendor da semelhança divina.
Arrancarei do chão de ferro os pés congelados da dessolidariedade e farei vir vento forte aos que temem o peso das próprias asas. Ao alçarem o topo do mundo, verão que todos somos um só corpo e um só espírito.
 Ébrio de efusões e graças, enlaçarei num amplexo cósmico todos os corpos e, no salão dourado da Via Láctea, valsaremos até que a música sideral tenha esgotado a sinfonia.

ESTÁ AUMENTANDO O SILÊNCIO NOS CAMPOS E POMARES

Os campos estão mais silenciosos. Há menos voos de abelhas e de outros polinizadores em meio a lavouras e pomares ao redor do planeta, incluindo o Brasil. Trata-se do misterioso desaparecimento das abelhas, principalmente, produzindo um efeito que os pesquisadores estão chamando de distúrbio do colapso das colmeias.

Há cerca de quatro anos, apicultores americanos, canadenses e europeus começaram a ter problemas com suas abelhas melíferas (Apis mellifera): elas estavam desaparecendo das colmeias. Nos Estados Unidos (EUA), a “doença” do desaparecimento das abelhas foi diagnosticada como Colony Collapse Disorder (CCD). “Nos EUA, simplesmente as abelhas abandonam as colmeias. Não se veem abelhas mortas nessas colmeias. Então, elas abandonam as colônias deixando mel, pólen e, às vezes, até as crias”.
Possíveis causas

• Novos inseticidas
• Aparição de vírus
• Problemas com a variabilidade genética
• Falta de alimentos adequados
• Fungicidas que afetam a alimentação das abelhas
• Intensidade no manejo das colmeias, que são transportadas
e alugadas para a polinização de lavouras em todo o país
• Sinais eletromagnéticos
• Ácaros como o Varroa destructor e protozoários
como a Nosema.
A mais recente pesquisa, realizada por Daniel Favre, do Instituto Federal de Tecnologia da Suíça, garante que os sinais electromagnéticos têm consequências para os insetos. “Os celulares podem estar confundindo e até matando abelhas ao redor do mundo”, assegura. O estudo, feito em 2009 e publicado em maio de 2011, revela que, após 20 horas de exposição a esses sinais, as abelhas emitem som para abandonar a casa.


AMPLIADA A FAIXA ETÁRIA PARA A DOAÇÃO DE SANGUE

Nova legislação permite que jovens entre 16 e 17 anos (mediante autorização dos pais ou responsáveis) e idosos com até 68 anos doem sangue no Brasil. Pela norma anterior, a doação era autorizada para pessoas com idade entre 18 e 65 anos de idade.
Com a ampliação da faixa etária para doação, a expectativa do governo federal é aumentar o volume de sangue coletado no Brasil que, atualmente, chega a 3,5 milhões de bolsas por ano. Esta quantidade é considerada suficiente; porém, o esforço do Ministério da Saúde é atingir os padrões recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS): cerca de 5,7 milhões de bolsas de sangue por ano. Para 2012, a meta é que o país registre, anualmente, quatro milhões de bolsas.

PROTEGER A CRIANÇA É INVESTIR NO FUTURO

Enquanto telonas e telinhas espalhadas pelo mundo exibem o glamour das novas coleções da moda, os últimos modelos de automóveis ou o charme de mansões, milhões de crianças são mantidas em porões infestados para cumprir jornadas de trabalho de 16 ou mais horas. Essa distorção passa despercebida à maioria e só ganha evidência em momentos especiais, como o patrocinado há poucos dias pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), que divulgou relatório informando que há 115 milhões de crianças e adolescentes executando atividades perigosas.

Escravidão, prostituição, pornografia e crianças em conflitos armados estão entre as piores formas de trabalho infantil detectadas pela OIT. E ela se refere às mais nocivas, porque se fosse trabalho infantil em geral, listaria mais de 200 milhões de crianças.
A exploração é tamanha que a cada minuto uma criança sofre um acidente de trabalho, como revela matéria especial da página 8 desta edição. E muitas das que não são lesionadas ficam com a saúde comprometida pelas condições absolutamente inadequadas de trabalho.
Lamentavelmente, a sociedade civil ainda releva esse tipo de irregularidade quando se trata de criança de baixa renda. E com frequência emerge a relação: é melhor trabalhando do que trilhar o caminho do crime, como se só existissem essas opções - e o caminho da escola, da formação moral e profissional, da realização fosse um acesso proibido a essas vítimas.
Não é tarefa fácil erradicar a exploração de crianças - talvez seja até impossível em determinadas regiões por questões culturais. Mas é possível amenizar o drama dessas criaturas. E só há uma receita para isso: investimentos maciços em programas sociais. Sem ignorar, claro, a apuração de crimes e punição dos culpados. Porque governo que não cuida de criança não dará atenção ao adulto e muito menos ao idoso.

terça-feira, 28 de junho de 2011

OLIVIO DUTRA, O ANTI-PALOCCI

Em um velho prédio numa barulhenta avenida de Porto Alegre, em companhia da mulher, vive há quatro décadas o ex-governador e ex-ministro Olívio Dutra. Em três ocasiões, Dutra abandonou seu apartamento: nas duas vezes em que morou em Brasília, uma como deputado federal e outra como ministro, e nos anos em que ocupou o Palácio do Paratini, sede do governo gaúcho. Apesar dos diversos cargos (também foi prefeito de Porto Alegre), o sindicalista de Bossoroca, nos grotões do Rio Grande, leva uma vida simples, incomum para os padrões atuais da porção petista que se refastela no poder.

No momento em que o PT passa por mais uma crise ética, dessa vez causada pela multiplicação extraordinária dos bens de ex-ministro Palocci, Dutra completou 70 anos. Diante de mais uma denúncia que mina o resto da credibilidade da legenda, ele faz uma reflexão: “Política não é profissão, mas uma missão transitória que deve ser assumida com responsabilidade”.
Seu apartamento, que ele diz ter comprado por meio do extinto BNH e levado 20 anos para quitar, tem 64 metros quadrados, provavelmente menor do que a varanda do apê comprado por Palocci em São Paulo por módicos 6,6 milhões de reais. Além dele, o ex-governador possui a quinta parte de um terreno herdado dos pais em São Luiz Gonzaga, na região das Missões, e o apartamento térreo que está comprando no mesmo prédio em que vive. “A Judite (sua mulher) não pode mais subir esses três lances de escada. Antes eu subia de dois em dois degraus. Hoje, vou de um em um.” E por que nunca mudou de edifício ou de bairro? “A vida foi me fixando aqui. E fui aceitando e gostando”.
O ex-governador lamenta os deslizes do PT e reconhece que sempre haverá questões delicadas a serem resolvidas. Mas cabe à própria sigla fazer as correções. “Não somos um convento de freiras nem um grupo de varões de Plutarco, mas o partido tem de ter na sua estrutura processos democráticos para evitar que a política seja também um jogo de esperteza”.






ÁREA INDUSTRIAL DE GUAÍBA SAI DO PAPEL

O governador Tarso Genro deu início às obras na Área Industrial de Guaíba nesta segunda-feira (27). O Governo Estadual investirá R$ 100 milhões em obras de infraestrutura, como redes de água e energia, qualificação dos acessos, sistemas de esgoto e macrodrenagem nos 932 hectares da área. Sete empresas se instalarão inicialmente na área, com previsão de gerar mais de 1,5 mil empregos e investimentos privados de R$ 500 milhões.

NICOLELIS DECRETA O FIM DO CULTO AO CORPO : “CULTUAREMOS A MENTE”

Devolver o movimento a pessoas paralisadas, controlar objetos com o poder da mente, agir diretamente sobre a realidade sem necessitar mover um músculo do corpo. Segundo o neurocientista Miguel Nicolelis, não é questão de discutir quando essas coisas serão possíveis – na verdade, elas já são.

O médico e cientista brasileiro, que dirige a Comissão do Futuro da Ciência Brasileira e é codiretor do Centro de Neuroengenharia da Universidade de Duke (EUA), participou de um encontro especial do Fronteiras Educação, ligado ao ciclo de debates Fronteiras do Pensamento. Além de discutir os avanços que a neurociência está trazendo ao conhecimento humano, Nicolelis também autografou seu novo livro, “Muito além do nosso eu”. O evento ocorreu na noite desta segunda-feira (27), no Salão de Atos da UFRGS em Porto Alegre.
Para os que dedicam boa parte de seu tempo ao culto do corpo, Miguel Nicolelis trouxe uma boa e uma má notícia. “A boa é que valeu a pena cultuar o corpo, deu certo durante algum tempo”, disse, para completar de forma irônica: “a ruim é que o culto ao corpo acaba aqui. A partir de agora, surge o culto à mente”. A frase marca um dos pontos máximos da fala de Nicolelis, na qual explicou a abrangência dos estudos que provam que a mente pode comandar ferramentas sem movimento do corpo, usando apenas os impulsos do próprio cérebro. Em vários momentos, o neurocientista mostrou estudos que permitiram a macacos executar jogos simples de computador e até mesmo comandar avatares de si próprios – tudo isso sem mover um músculo do corpo, apenas pensando nos movimentos que desejava executar.

CONSIDERAR-SE VIVO

Aqueles que estão concentrados nos prazeres sensoriais passam seus dias em preocupação, ansiedade, angústia, dor e lágrimas, por um longo período da vida; eles se desenvolvem como pássaros e bestas.
Comem boa comida e a jogam fora como lixo.
Essa é a vida sem propósito que a maioria das pessoas leva.
Você pode chamar esse processo de viver?
Um número enorme de seres vivos existe na terra.
Viver não é suficiente. Isso não tem valor por si só, para si mesmo.
Pode considerar-se vivo somente se as motivações, os sentimentos, os pensamentos, as atitudes que incitam a pessoa revelarem as qualidades divinas internas.

Sathya Sai Baba

domingo, 26 de junho de 2011

O CAPITALISMO PRECISA DE FÉRIAS

Os velhos países capitalistas não vão bem. É o que mostram as últimas previsões da ONU  “Uma desaceleração do crescimento mundial é esperada em 2011 e em 2012”. Para os países desenvolvidos, o informe prevê um crescimento de 1,9% em 2011 e depois de 2,3% em 2012. A União Europeia (1,5 e 1,9%) e o Japão (1,1% e 1,4%) fariam ainda bem menos e os Estados Unidos (2,2 e 2,8%) um pouco melhor. O crescimento mundial será puxado pelos países em desenvolvimento, com 6% em 2011 e 6,1 em 2012. “A retomada do crescimento mundial foi freada pelas economias desenvolvidas”, diz o informe. Pode-se mesmo se perguntar se haveria uma retomada nos países desenvolvidos sem o dinamismo dos países emergentes.

O tema da desmundialização remete a um encadeamento que não funciona mais: competividade, logo crescimento, logo emprego. Mas se tudo o crescimento serve a uma pequena parte dos ricos, para quê procurar um crescimento mais elevado? O que está em jogo de verdade é uma outra maneira de distribuir a riqueza, mas também aí é a mundialização que força os acionistas a se esbaldarem, quando todos os outros devem apertar os cintos? Esse projeto visa no fundo a retomar o capitalismo aos “Gloriosos Anos Trinta”, por meio de um protecionismo que permita uma reindustrialização fundada sobre um crescimento produtivista. Significa dar as costas à alternativa real: a grande bifurcação em direção a um outro modelo, que combine a satisfação das necessidades sociais com a luta contra o aquecimento global.


A CRISE DA SOCIEDADE DE MERCADO E A AMÉRICA LATINA

Não parece ser por acaso que, neste momento, o único país da América do Sul que venha apresentando grandes protestos de rua seja o Chile. Apontado há muito tempo como modelo supostamente bem sucedido do neoliberalismo na região, o país de Salvador Allende sofreu um brutal processo de privatizações nos últimos anos. A educação também não escapou da sanha privatista e é contra isso que os estudantes e professores chilenos se rebelam agora. Não parece ser acaso também que o México seja o outro país a apresentar um grave drama social, no caso, uma guerra do com o narcotráfico onde a fronteira de mocinhos e bandidos não é muito bem definida. México, tão perto da América, tão longe de Deus. Por outro lado, a América do Sul como um todo vem se apresentando como um oásis de prosperidade e perspectiva de futuro, perto do que está acontecendo na Europa e nos Estados Unidos, onde, mais uma vez, são os trabalhadores, pequenos e médios empresários que estão pagando a conta de uma crise que não provocaram

VITÓRIA DE GRAZIANO AMPLIA AÇÃO GLOBAL DO BRASIL, PROJETA DILMA E FAVORECE O PASSO SEGUINTE DE LULA


Numa eleição acirrada, em que votaram 180 países, o ex-ministro do governo Lula, José Graziano da Silva, superou por 4 votos o adversário espanhol, Miguel Angel Moratinos, na disputa pela sucessão de Jacques Diouf no comando da FAO, encerrada neste domingo , em Roma. O Brasil conquista assim seu primeiro posto de relevo entre as organizações internacionais, com um candidatura indissociável da luta contra a pobreza e a desigualdade. Não por acaso, antes da votação, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, elogiou o espanhol Miguel Angel Moratinos, candidato que carregava o fardo do protecionismo agrícola das nações ricas contra os pobres. A vitória brasileira reposiciona o papel da FAO no cenário internacional. O que se espera agora é um organismo renovado que passe a ecoar, de fato, os interesses Sul-Sul, na luta por um desenvolvimento feito de segurança alimentar e maior justiça social. Criador do Fome Zero, Graziano é um crítico da especulação financeira decorrente da desregulação do sistema bancário promovida pelo neoliberalismo. Ao contrário de seu adversário espanhol, em diversos pronunciamentos e artigos ele destacou a influência nefasta dos capitais especulativos na formação dos preços dos alimentos, gerando flutuações abruptas que asfixiam produtores e agravam a fome nos países pobres. A vitória do ex-ministro e amigo pessoal de Lula não pode ser entendida sem o pano de fundo da crise mundial que evidenciou o crepúsculo de uma agenda ortodoxa até então hegemônica. Por mais de 30 anos, ela subordinou o destino das nações e a segurança alimentar da sociedade às supostas virtudes dos 'livres mercados', cujo saldo mórbido é o desconcertante paradoxo de um planeta que reúne um bilhão de famintos em pleno apogeu da tecnologia agrícola. A sucessão na FAO influenciará também a ação internacional de Lula que trabalhou intensamente nos bastidores da campanha, em contatos com chefes de Estado, sobretudo da África e América Latina. O líder brasileiro passa a desfrutar agora de uma âncora institucional para seus projetos de cooperação entre América Latina e África, com base nas políticas sociais bem sucedidas de sua gestão. Para o governo Dilma, que se empenhou decididamente na eleição de Graziano, numa ação firme e centralizada no Itamaraty, a vitória é um trunfo que reafirma a liderança e a credibilidade do Brasil junto aos países pobres. O conjunto desagrada os que torciam por uma derrota para transformá-la no atestado de óbito de uma experiência de governo que, com todos os percalços, assumiu contornos de uma nova referência de desenvolvimento, cujos resultados impuseram um revés superlativo ao neoliberalismo tropical.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

SE A MODA PEGAR...

O agricultor Darsílio Schwanz, 53 anos, construiu uma ponte na comunidade de São Sebastião, em Santa Maria de Jetibá (ES), depois de ficar isolado com a precariedade de uma ponte antiga feita de madeira, que impedia a passagem de carros e caminhões. A obra ficou pronta em junho, mas o que chamou a atenção da população local foi a recente placa que ele colocou ao lado da construção:
  

quarta-feira, 22 de junho de 2011

UM CAMINHO DE MÃO DUPLA

Há uma velha e ilustrativa piada envolvendo dois surdos. Vendo o amigo caminhar com decisão, portando um anzol, um senhor com problemas de audição quis saber: vai pescar? Sem entender a pergunta, e lembrando de suas atividades como trabalhador, primeiro respondeu: não, eu vou pescar. O interlocutor concluiu a conversa, desculpando-se: imaginei que você ia pescar.

Menos mal que os dois tinham problemas auditivos. O pior é quando as pessoas não querem escutar. Dialogar implica falar e escutar. Quando os dois gritam e nenhum deles quer escutar, temos o diálogo dos surdos. Esse diálogo pode acontecer nas famílias, na política, na Igreja e até mesmo entre nações. Este ponto de vista parte da autossuficiência de quem se considera o dono da verdade e não precisa ouvir ninguém. Certo dia, uma criança tentou falar com o pai à mesa. Foi interrompida pela frase: agora coma! Mas pai, insistiu o garoto... Já falei, concluiu o pai, não quero ouvir nada agora. Pouco depois, um pouco arrependido, o pai voltou atrás e quis saber: o que você queria dizer, filho? Agora é tarde, responde este: queria preveni-lo que uma mosca caíra na sua sopa...
Dialogar, de alguma maneira, significa trocar de lugar com seu interlocutor, admitindo: quem sabe ele tenha razão. Algumas vezes, o professor deveria trocar de lugar com o aluno, o motorista deveria trocar de lugar com o pedestre, o patrão com o operário, o político com o eleitor, o padre com o fiel, o pai com o filho, o marido com a esposa. É um caminho de mão dupla.

MUDOU. AGORA É A IDADE DA LOBA.

Há apenas uma geração atrás se falava na Idade do Lobo, quando os homens de meia-idade contemplavam a própria Mortalidade, a sombra perturbadora da impotência, a velhice e o ocaso das próprias ilusões desfeitas na rotina do casamento e na rotina do emprego. A crise de meia-idade era representada no estereótipo do pai-de-família grisalho que comprava um automóvel de linhas esportivas, arrumava uma amante quinze anos mais jovem e, em alguns casos, buscava a separação conjugal.

Hoje em dia não se fala mais em crise de meia-idade masculina, como não se fala em homens de uma maneira geral. A mulher saiu do papel de coadjuvante da síndrome masculina para estrela da sua própria. Hoje se fala em Idade da Loba. As lobas fazem mais ou menos o que os lobos faziam, com a preocupação extra da Menopausa e a segunda grande tempestade hormonal das suas vidas, gerada pelo implacável processo de extinção dos mesmos.
Fui ver o filme de Julia Roberts, “Comer, Rezar e Amar”, baseado em livro homônimo. A personagem central é a própria loba, no âmago da sua crise. Ela começa a estória tendo o insight de que seu casamento tornou-se existencialmente estéril. Rompido o casamento, envolve-se ligeiramente com um jovem ator, e depois parte na sua jornada de auto-descoberta, tentando injetar sangue novo, vibração nova na sua existência entorpecida pelas certezas arraigadas. É interessante ver esse tipo de jornada do ponto de vista do universo feminino.
O Homem, essa criança, quando busca a si mesmo vai se entreter com seus brinquedos civilizatórios, Filosofia, Religião, Guerra. A mulher, ser prático, ela sim o verdadeiro repositório da Razão, recupera a identidade das coisas que dormem nos detalhes, o prazer da comida, dos sabores, dos relacionamentos, da experiência religiosa como encontro pessoal e não interpretação da Existência.
É imperativo constatar tudo isso, e viver de acordo, da melhor forma possível. Há uma transição em curso, motivada por transformações econômicas e culturais. Papéis estão sendo redefinidos. Surge uma era da supremacia feminina e não é a Era de Aquarius da contra-cultura dos anos 60. É um mundo ideal para corporações e mercados globais. Um mundo de Racionalidade onde a Humanidade pode prosperar em relativa Paz, refreados os impulsos guerreiros primitivos dos brucutus que somos nós, machos, mal escondidos dentro de ternos e gravatas. Talvez seja chegado o momento de transcender sexismos culturais. Nesse Matriarcado moderno, construir um modelo novo, onde as diferenças reais entre os sexos sejam apreciadas, e as diferenças falsas e arbitrárias deixem de ser barreiras à compreensão mútua.


INTERESSES ECONOMICOS PÕE EM RISCO O DIREITO A ÁGUA.

 Só a projeção de que a disputa por ela será o estopim da terceira guerra mundial já permite dimensionar a importância da água. Esse líquido, que brota generosamente na natureza, sempre existiu em quantidade suficiente para saciar a sede do mundo. Apesar da abundância, centenas de milhões de pessoas não têm, hoje, acesso a ela na quantidade adequada. Além da escassez de fontes, a água que era um item natural do cotidiano - como o ar, o sol... -, passou a ter que ser captada e conduzida até as residências, transformando-se em um serviço pago.

É assim que funciona em todas as cidades, mas até agora o poder público sempre estabeleceu controle sobre os sistemas de abastecimento. E, apesar de antigos e sérios problemas em muitos municípios, o coletivo sempre norteou a maioria das decisões envolvendo a água.
Uma nova realidade começou a ser vislumbrada na semana passada, com a decisão do Tribunal de Contas do Estado, que abriu brecha para a privatização do serviço da água. Este é um tema que precisa ser amplamente debatido antes de uma mudança tão radical. Se, de um lado, o usuário não pode ficar sem água, por outro não é menos relevante considerar o poder que uma empresa responsável pela abastecimento terá.
Quem garante que será preservado o direito universal de acesso à água? A água é um bem precioso demais para submetê-la a interesses econômicos.
A maioria das prefeituras que não atendem sua população não suportaria uma avaliação rigorosa, tendo como parâmetro o bom senso, sobre prioridades que seus administradores adotaram. Também não se pode ignorar a inoperância das agências reguladoras, se elas forem usadas em eventual novo modelo de exploração da água.
A água é vital, ou, numa visão franciscana, é irmã e mãe. Não deve pertencer a alguém e nem a ninguém ser negada.

NÓS CREMOS NA LUZ

É sempre desconfortável quando os meios de comunicação anunciam a falta de luz na região onde moramos. Logo pensamos em tudo o que, normalmente, a luz não leva a pensar, como: a importância de uma pequena vela para acender, o alimento nas geladeiras, os portões eletrônicos, o não uso dos computadores, o não funcionamento dos elevadores etc... É incrível como, hoje, vivemos na dependência da energia elétrica e da luz.

Mais desconfortável se torna para as pessoas e para a sociedade uma realidade que tende a se organizar sem a luz de Deus. Sabemos, pela história, que o pior dos apagões acontece quando as pessoas se endeusam a si mesmas. Então a liberdade vai criando escravidões; o egoísmo vai se tornando o critério para uma cultura de morte; o que parece ter nome de amor vira traição; e a lei que comanda é a de “quem pode mais, chora menos”.
Na mensagem cristã, a luz é a expressão da verdadeira dimensão religiosa e profunda da existência humana. Tudo se ilumina no encontro com Deus, em Cristo. A vida, o mundo real e a história superam o seu lado opaco e obscuro e tudo passa a ser transparente. A nossa vida cotidiana se transforma em permanente novidade e o tempo sempre é tempo oportuno para novos horizontes de vida e esperança. Nós cremos na LUZ!


O PLANETA E NÓS.

Amaneira como o ser humano atual trata o planeta parece a mesma adotada por golfinhos e baleias em suicídio coletivo. O desespero por riquezas e lucros imediatos e enormes nos últimos 50 anos trouxe o desmatamento, a poluição e uma enorme devastação ao planeta. Uns poucos levaram milhões ao consumo excessivo. Não aprenderam a poupar e agora começa a faltar até onde havia vida e bens em abundância.
A mídia teve enorme culpa nisso, pois, por mais dinheiro, aceitou ser o veículo poderoso desse consumo desenfreado. Assim como levou milhões a consumirem mais do que precisavam e a desperdiçar comprando em excesso, ajude agora a poupar e a deixar as florestas e os animais em paz.
Exaurida, a Terra começa a dar sinais de desequilíbrio catastrófico. Tiraram demais e nada lhe deram em troca. A geração dos últimos 50 anos parece a de filhos que sugam tudo da mãe e, ao vê-la enferma, não sabem mais o que fazer para recuperá-la.
Ela adoeceu por culpa deles.
Assim mesmo, enquanto alguns se culpam e prometem corrigir o seu erro, milhões de outros não estão nem aí com a doença da mãe.
Que ela morra, mas que eles não fiquem sem o seu lucro.

SERIA CÔMICO SE NÃO FOSSE TRÁGICO

O cidadão americano Richard James Verone, que sofre de dores crônicas no peito e problemas no pé esquerdo, entrou em um banco e roubou US$ 1 com a intenção de ser preso e receber tratamento médico na cadeia.
O “ladrão”entrou em um banco na Carolina do Norte, entregou um bilhete a uma funcionária dizendo que estava armado, e pedindo que ela lhe entregasse US$ 1. De acordo com o jornal “Gaston Gazette”, ele então se sentou para esperar chegada da polícia ao local. “Eu não fiquei com medo. Eu disse à funcionária que me sentaria e aguardaria pela polícia“.
Verone trabalhou para a Coca-Cola durante 17 anos, mas foi demitido há três. Desde então, vivia de biscates e não tinha plano assistência médica. Nos EUA, não há um sistema universal de saúde como o SUS brasileiro. “Se você não tem saúde, você não tem nada”, disse Verone.
De acordo com a Folhapress, Verone poderia ser liberado se pagasse fiança de US$ 2 mil, mas preferiu ir preso para ser tratado na cadeia. Ao jornal, ele contou que, ao cometer um crime não violento, poderia garantir alguns benefícios sociais do governo quando saísse da cadeia.
Se a moda pega, acho que não sobrava uma agência de banco sem ser assaltada no Brasil.

O VIIRUS RONDA OS GAÚCHOS

A morte de duas pessoas por gripe A no Rio Grande do Sul volta a colocar os gaúchos em alerta. As vacinas contra a gripe que estavam sobrando em postos de saúde do Estado até a semana passada, pela baixa adesão dos grupos de risco à campanha de vacinação, agora parecem ser insuficientes para atender a demanda. Com a divulgação dos óbitos, a população correu para se vacinar, fazendo com que o Estado superasse a meta de 80% de imunização, que até então não havia sido atingida. A procura pela vacina também aumentou nas clínicas privadas.

Até a sexta-feira 10 foram notificados 87 casos de gripe A no RS, com cinco confirmações, tendo duas delas resultado em morte, segundo divulgação da Secretaria Estadual da Saúde. Os outros casos confirmados são referentes a uma gestante e uma criança, ambos de São Gabriel, que apresentam boa evolução, e uma criança do município de Camaquã, que já teve alta hospitalar. Os óbitos foram de uma mulher de 48 anos, moradora de Anta Gorda, e de um idoso de 71 anos, diabético, residente em Bagé, que não se vacinou contra a gripe este ano.
“Não há risco de epidemia, a rede de saúde está preparada para atender possíveis casos”, afirmou secretário da saúde do Rio Grande do Sul, Ciro Simoni. De acordo com o secretário, o Estado recebe esta semana um reforço de mais 100 mil doses da vacina contra a gripe. Idosos, gestantes, indígenas, crianças de seis meses a menos de dois anos e profissionais da saúde continuam sendo os principais alvos da imunização. Isso porque o reforço de 100 mil doses não possibilitará uma grande ampliação do grupo a ser vacinado. Cerca de 400 mil pessoas dos grupos prioritários ainda não se vacinaram, apesar de a campanha ter encerrado em 27 de maio. Simoni enfatizou a necessidade de prevenção por parte da população, o que inclui a vacinação e cuidados de higiene.

SUSTENTABILIDADE ADJETIVO OU SUBSTANTIVO (Leonardo Boff)


É de bom tom hoje falar de sustentabilidade. Ela serve de etiqueta de garantia de que a empresa, ao produzir, está respeitando o meio ambiente. Atrás desta palavra se escondem algumas verdades mas também muitos engodos. De modo geral, ela é usada como adjetivo e não como substantivo.

Explico-me: como adjetivo é agregada a qualquer coisa sem mudar a natureza da coisa. Exemplo: posso diminuir a poluição química de uma fábrica, colocando filtros melhores em suas chaminés que vomitam gases. Mas a maneira com que a empresa se relaciona com a natureza donde tira os materiais para a produção, não muda; ela continua devastando; a preocupação não é com o meio ambiente mas com o lucro e com a competição que tem que ser garantida. Portanto, a sustentabilidade é apenas de acomodação e não de mudança; é adjetiva, não substantiva.
Sustentabilidade, como substantivo, exige uma mudança de relação para com a natureza, a vida e a Terra. A primeira mudança começa com outra visão da realidade. A Terra está viva e nós somos sua porção consciente e inteligente. Não estamos fora e acima dela como quem domina, mas dentro como quem cuida, aproveitando de seus bens mas respeitando seus limites. Há interação entre ser humano e natureza. Se poluo o ar, acabo adoecendo e reforço o efeito estufa donde se deriva o aquecimento global. Se recupero a mata ciliar do rio, preservo as águas, aumento seu volume e melhoro minha qualidade de vida, dos pássaros e dos insetos que polinizam as árvores frutíferas e as flores do jardim.
Sustentabilidade, como substantivo, acontece quando nos fazemos responsáveis pela preservação da vitalidade e da integridade dos ecossistemas. Devido à abusiva exploração de seus bens e serviços, tocamos nos limites da Terra. Ela não consegue, na ordem de 30%, recompor o que lhe foi tirado e roubado. A Terra está ficando, cada vez mais pobre: de florestas, de águas, de solos férteis, de ar limpo e de biodiversidade. E o que é mais grave: mais empobrecida de gente com solidariedade, com compaixão, com respeito, com cuidado e com amor para com os diferentes. Quando isso vai parar?

MONOCULTURA E PRODUÇÃO EM ESCALA

- Alimentos e recursos naturais são vistos apenas como commodities - mercadorias para gerar lucro
- Alto uso de agrotóxico (veneno), sem se responsabilizar por conseqüências
- Alto uso de maquinário e expulsão da mão-de-obra do campo
- Geração de graves problemas ambientais
- Controle do capital em todo ciclo produtivo: 50 empresas controlam o ciclo em todo o mundo
- Padronização da alimentação - inadequada para a saúd- Base no capital financeiro, fictício, que está migrando para os recursos naturais, energéticos e agrícolas, e transformando-os em mercadorias privadas, deixando para as nações apenas o passivo ambiental
Mas a produção de alimentos é viável sem o agronegócio? Sim, tanto que, no Brasil, o agronegócio é adotado por apenas 10% dos produtores (400 mil unidades), enquanto que os outros 90% (4 milhões de unidades) são de pequenos agricultores. No entanto, a grande imprensa está a serviço do agronegócio e das transnacionais. O transgênico se disseminou no Brasil com o movimento do capital pela voz de grandes veículos, como a Veja, IstoÉ, Folha, Globo etc.
Nosso País é o que mais usa agrotóxicos no mundo. E diagnostica, a cada ano, 40 mil novos casos de câncer no estômago, dos quais 20 mil vão a óbito. Por isso está se formando uma Campanha Nacional contra os agrotóxicos, que já envolve mais de 40 entidades de diversos segmentos - agricultores, universidades, órgãos governamentais, movimentos sociais, consumidores (Ministério Público, Fiocruz, Anvisa, Idec, MST etc.).

COMO SURGIU O PRIMEIRO CTG

O primeiro CTG do Rio Grande do Sul foi o 35 CTG, fundado em 1948, a partir dos estudantes do Colégio Júlio de Castilhos.

Além de criar uma tradição gaúcha, era preciso desenvolver a cultura rio-grandense. Foi dentro deste espírito que nasceu a Ronda Crioula, estendendo-se do dia sete ao dia vinte de setembro, aproveitando a “Semana da Pátria”, e fazendo o “Fogo Simbólico da Pátria” se transformar em “Chama Crioula”, como símbolo da união indissolúvel do Rio Grande à Pátria.
Paixão Cortes, um dos líderes do movimento, foi convidado para montar guarda de gaúchos pilchados em honra ao herói farrapo David Canabarro, porque seriam trazidos os restos mortais do herói de Santana do Livramento para Porto Alegre.
Paixão Cortes, então, reuniu um piquete de oito gaúchos, e no dia cinco de setembro de 1947 prestaram a homenagem a Canabarro. Este piquete é conhecido como “Grupo dos Oito”, o qual foi a semente que levou à criação do primeiro CTG rio-grandense.
Em 24 de abril de 1948, começou-se a realizar conferências, grupos de estudos, já com o CTG constituído em movimento. As atividades se dariam no auditório da FARSul.
O 43º Congresso Tradicionalista Gaúcho reconheceu todos os fundadores do 35 CTG como pioneiros do Tradicionalismo organizado. Paixão Cortes foi o primeiro patrão de honra e o patrão oficial foi Antônio Cândido da Silva Neto, sendo Glaucus Saraiva patrão quando da fundação.
Antônio Fagundes assumiu em 1956 a patronagem do 35 CTG, com apenas 21 anos de idade. O nome deste Centro de Tradições foi escolhido em homenagem à Revolução Farroupilha, que teve seu início em 1835. A entidade se destacou pelo modelo organizativo do desenvolvimento tradicionalista, até porque outras entidades possivelmente já existissem, mas não para propagar o Rio Grande do Sul como cultura. Por isso o 35 CTG é considerado o pioneiro a levar o tradicionalismo do Rio Grande além das fronteiras. Portanto, a tradição gaúcha dos CTGs se tornou um marco histórico do século XX no Rio Grande do Sul como a principal cultura do estado.

COMO DIZIA O CHACRINHA: QUEM NÃO SE COMUNICA SE TRUMPICA

E mídia brasileira é especialista em ser supérflua, quando isso interessa para promover ou desgastar aquilo ou aquele que lhe interessa politicamente.

Ela é especialista em afagar, fazendo com que seus alvos se desarmem, para depois bater impiedosamente. É a mão dos versos de Augusto dos Anjos.
Desde o início do Governo Dilma, ela vinha insistindo na tese da “gerente” como definidora da personalidade da Presidenta e que isso “marcaria sua diferença” para com o “político” Lula.
Essa “gerência” consistia, basicamente, em alguns traços.
“Falar pouco e fazer muito”, como se o período anterior tivesse sido o inverso.
Na economia, “cuidar do perigo inflacionário”, como se o Governo anterior tivesse sido de um descalabro nesta matéria.
Na política, a característica da “gerentona” deveria ser a de “não dar bola” para a necessidade de composição política que um governante precisa necessariamente, num Congresso complicado e de baixo nível de definição ideológica como o que temos.
Ora, Dilma Rousseff é uma mulher formada numa longa e intensa luta política. Aceitar que isso fosse “esquecido” para ressaltar um perfil apenas técnico não é apenas falso, seria uma mutilação.
Mas essa era a receita e, sejamos honestos, parte do governo assumiu direitinho o discurso receitado pela mídia. Aliás, houve gente que achou que, fazendo assim, a mídia de tornaria “amiga” e dócil.
Mais que uma ingenuidade, um desvio potencialmente fatal que, por sorte, tem muito tempo e condições para ser corrigido.
Reparem o ponto de “virada” no comportamento da mídia.
Praticamente na mesma semana (foram nove dias de diferença), tivemos o início do caso Palocci e a votação do Código Florestal.
Em ambos, o campo progressista acabou se dividindo e assumindo uma postura vacilante. Não é o caso de se discutir se a demissão do ministro deveria ter acontecido mais cedo ou se ele deveria ser mantido. Ou se haveria alguma possibilidade de negociação na votação que não levasse à derrota que sofremos.
Mas, em uma e outra situação, o Governo não foi claro e afirmativo. Ou melhor, demorou a sê-lo e permitiu, assim, que se construísse uma impressão de fraqueza política num governo que, seja na questão ética, seja na questão ambiental, não tem um átomo do que se envergonhar.
E a nossa mídia (muy amiga, e mui amistosamente tratada), percebeu que o mote é apresentar a presidenta como – agora, o contrário, reparem – como fraca e vacilante.
Ela é apresentada como sendo contra o sigilo dos documentos secretos, depois como tendo passado a ser a favor, agora como sendo contra, novamente.
Ou como sendo a favor do regime diferenciado de contratação das obras da Copa, depois recuando e agora reafirmando seu apoio.
O Governo está deixando que falem pela Presidenta e, quando falam por ela, cada um diz uma coisa, e diz o que lhe convém.
Num regime presidencialista, quem fala pela Presidência é o Presidente; aqui, a Presidenta. Seus porta-vozes têm de ser poucos e para afirmações ou já muito definidas ou absolutamente genéricas.
Agora, num governo progressista, não é apenas o “quem fala é o Presidente”, mas a quem fala. E este “a quem fala” é de importância crucial, tanto quanto aquilo que se fala.
E o que fala a Presidenta está desaparecendo do alcance do povo, porque os canais formais da grande mídia o minimizam, a comunicação direta inexiste e as pequenas estruturas de informação de que dispomos são subutilizadas e nem sequer esclarecidas das posições do Governo.
A Presidenta disse que não negociará com os desmatadores, que vai estimular a Petrobras, que não abre mão de investir na democratização das telecomunicações, que não haverá sigilo algum, nem de um, nem de mil anos, para documentos que tratem de violação de direitos humanos e…quem a ouviu?
Qual foi o principal momento de comunicação do Governo, o que o simboliza? O ótimo plano “Brasil sem Miséria”? Quem sabe dele? O desemprego em queda? A afirmação da Petrobras como grande alavanca de nosso desenvolvimento?
Infelizmente, o “grande momento” de comunicação foi, até agora, a malfadada entrevista do ministro Palocci no Jornal Nacional, que não deixou nada, senão a sensação de mal-estar e, de quebra, roubou a atenção do lançamento da primeira plataforma de petróleo quase toda construída no Brasil  e da firmeza com que a presidenta ali se expressou.
Falou com ênfase, com paixão, com simplicidade. Não precisou deixar de ser a técnica, a capaz, a administradora para ser, acima de tudo, alguém que acredita nos destinos do Brasil e na justiça para o povo brasileiro.
Os últimos dias mostraram que a Presidenta percebeu que, no jogo da política, é ela própria quem terá de conversar mais e já está fazendo isso. Mas, no jogo da mídia, ainda não está claro se já se percebeu que a protagonista da comunicação tem de ser ela, não a personagem que a mídia faz dela.



SILENCIOSAMENTE EXISTE UMA CONTRA-REVOLUÇÃO NA EUROPA.

A nova Governança Europeia visa colocar sob maior vigilância os orçamentos nacionais para reforçar as sanções contra os estados em déficit excessivo e limitar o crescimento dos gastos públicos. O pacto para o euro visa aumentar a flexibilidade do trabalho para evitar aumentos de salários e reduzir os gastos com a proteção social. A Grécia está no seu terceiro plano no espaço de um ano e viu a sua dívida e o seu déficit crescerem ao ritmo do empobrecimento da população.

sábado, 18 de junho de 2011

WALL STREET E SEU PAPEL NO NARCOTRÁFICO

A política dos EUA para o México é um pesadelo. Ela minou a soberania mexicana, corrompeu o sistema político e militarizou o país. Obteve também como resultado a morte violenta de milhares de civis, pobres em sua maioria. Mas Washington não está nenhum pouco preocupado com os “danos colaterais”, desde que possa vender mais armas, fortalecer seu regime de livre comércio e lavar mais lucros das drogas em seus grandes bancos. Os principais bancos dos EUA se tornaram sócios financeiros ativos dos cartéis assassinos da droga. A guerra contra as drogas é uma fraude. Ela não tem a ver com proibição, mas sim com controle.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

AOS PAIS I

Recentemente um grupo de crianças pequenas passou por um teste muito interessante. Psicólogos propuseram uma tarefa de média dificuldade, mas que as crianças executariam sem grandes problemas. Todas conseguiram terminar a tarefa depois de certo tempo. Em seguida, foram divididas em dois grupos.

O grupo A foi elogiado quanto à inteligência.. “Uau, como você é inteligente!”, “Que esperta que você é!”, “Menino, que orgulho de ver o quanto você é genial!” .... e outros elogios à capacidade de cada criança.
O grupo B foi elogiado quanto ao esforço. “Menina, gostei de ver o quanto você se dedicou na tarefa!”, “Menino, que legal ter visto seu esforço!”, “Uau, que persistência você mostrou. Tentou, tentou, até conseguir, muito bem!” ... e outros elogios relacionados ao trabalho realizado e não à criança em si.
Depois dessa fase, uma nova tarefa de dificuldade equivalente à primeira foi proposta aos dois grupos de crianças. Elas não eram obrigadas a cumpririrem a tarefa, podiam escolher se queriam ou não, sem qualquer tipo de consequência.

AOS PAIS II

As respostas das crianças surpreenderam. A grande maioria das crianças do grupo A simplesmente recusou a segunda tarefa.. As crianças não queriam nem tentar. Por outro lado, quase todas as crianças do grupo B aceitaram tentar. Não recusaram a nova tarefa.

A explicação é simples e nos ajuda a compreender como elogiar nossos filhos e nossos alunos. O ser humano foge de experiências que possam ser desagradáveis. As crianças “inteligentes” não querem o sentimento de frustração de não conseguir realizar uma tarefa, pois isso pode modificar a imagem que os adultos têm delas.. “Se eu não conseguir, eles não vão mais dizer que sou inteligente”. As “esforçadas” não ficam com medo de tentar, pois mesmo que não consigam é o esforço que será elogiado. Nós sabemos de muitos casos de jovens considerados inteligentes não passarem no vestibular, enquanto aqueles jovens “médios” obterem a vitória. Os inteligentes confiaram demais em sua capacidade e deixaram de se preparar adequadamente. Os outros sabiam que se não tivessem um excelente preparo não seriam aprovados e, justamente por isso, estudaram mais, resolveram mais exercícios, leram e se aprofundaram melhor em cada uma das disciplinas..
No entanto, isso não é tudo. Além dos conteúdos escolares, nossos filhos precisam aprender valores, princípios e ética. Precisam respeitar as diferenças, lutar contra o preconceito, adquirir hábitos saudáveis e construir amizades sólidas. Não se consegue nada disso por meio de elogios frágeis, focados no ego de cada um. É preciso que sejam incentivados constantemente a agir assim. Isso se faz com elogios, feedbacks e incentivos ao comportamento esperado.

AOS PAIS III

Nossos filhos precisam ouvir frases como: “Que bom que você o ajudou, você tem um bom coração”, “parabéns meu filho por ter dito a verdade apesar de estar com medo... você é ético”, “filha, fiquei orgulhoso de você ter dado atenção àquela menina nova ao invés de tê-la excluído como algumas colegas fizeram... você é solidária”, “isso mesmo filho, deixar seu primo brincar com seu videogame foi muito legal, você é um bom amigo”. Elogios desse tipo estão fundamentados em ações reais e reforçam o comportamento da criança que tenderá a repeti-los. Isso não é “tática” paterna, é incentivo real.

Por outro lado, elogiar superficialidades é uma tendência atual. “Que linda você é amor”, “acho você muito esperto meu filho”, “Como você é charmoso”, “que cabelo lindo”, “seus olhos são tão bonitos”. Elogios como esses não estão baseados em fatos, nem em comportamentos, nem em atitudes. São apenas impressões e interpretações dos adultos. Em breve, crianças como essas estarão fazendo chantagens emocionais, birras, manhas e “charminhos”. Quando adultos, não terão desenvolvido resistência à frustração e a fragilidade emocional estará presente.
Homens e mulheres de personalidade forte e saudável são como carvalhos que crescem nas encostas de montanhas. Os ventos não os derrubam, pois cresceram na presença deles. São frondosos, copas grandes e o verde de suas folhas mostra vigor, pois se alimentaram da terra fértil.
Que nossos filhos recebam o vento e a terra adubada por nossa postura firme e carinhosa.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

AS TRAGADAS QUE ENVENENAM OS PULMÕES

No Brasil, oito em cada dez homens que morrem por doenças respiratórias crônicas são fumantes

A participação do tabagismo na mortalidade por doenças respiratórias crônicas entre os brasileiros está acima da média mundial: oito em cada dez homens que morrem por esses males são tabagistas. Entre as mulheres, são seis óbitos a cada dez. A média mundial é de cinco em cada dez óbitos entre os homens e dois em cada dez entre as mulheres. Além disso, um milhão de fumantes brasileiros, de ambos os sexos, jovens e idosos, convivem com alguma doença respiratória crônica, associada ao ato de fumar.
Os dados, levantados pela Pesquisa de Tabagismo e divulgados pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), também revelam que os fumantes, a partir dos 30 anos (grupo que pode ser diagnosticado com doenças respiratórias crônicas dentro do recorte estudado), sofrem 40% mais com essas doenças, se comparados aos não-fumantes. As doenças respiratórias crônicas representam hoje a terceira causa de mortalidade por doença no Brasil, ficando atrás apenas dos problemas cardiovasculares e dos cânceres. Somente em 2008, cerca de quatro brasileiros morreram a cada hora por complicações respiratórias crônicas.

FURIA DA NATUREZA

Os vulcões despertam na humanidade sentimentos contraditórios. A imagem da lava sendo expelida é, muitas vezes, bonita, mas também assustadora, já que revela o potencial de destruição desse fenômeno da natureza. Sempre que um vulcão entra em erupção, vira notícia.

Recentemente a imprensa divulgou a erupção do Grimsvötn, no sul da Indonésia Eoutro no Chile. No ano passado, a erupção de outro vulcão, islandês, também tomou conta dos noticiários, por conta do caos aéreo que provocou na Europa - a nuvem de cinzas se alastrou, impedindo os voos.
Embora os cientistas tenham desvendado muitos mistérios a respeito dos vulcões, o conhecimento sobre eles não os tornou menos fascinantes. A curiosidade afeta a todos, tanto os que se assustam diante de uma erupção quanto os que se fascinam.
Quando as pessoas pensam em vulcões, a primeira imagem que vem à cabeça é provavelmente uma montanha alta com lava alaranjada sendo expelida. De fato, há vários tipos de vulcões assim. Mas a palavra “vulcão” descreve uma gama de fenômenos geológicos muito mais ampla. Em geral, pode-se dizer que vulcão é qualquer lugar onde uma certa quantidade de material é expelida de dentro do planeta para a superfície terrestre.
Mas por que essas formações geológicas entram em erupção? Para entender melhor, pode-se dizer que a Terra é como uma grande panela de pressão e os vulcões são as válvulas de escape.
Os gases do interior do planeta vão se acumulando, a pressão vai aumentando até chegar a um ponto que o lacre do vulcão, formado pela lava solidificada de explosões anteriores, não suporta mais e se rompe, liberando gases e lava em altíssima temperatura. Depois da erupção, a pressão diminui e a lava se solidifica, formando um novo lacre.

NA BUSCA DE SONHOS...

Quase 200 milhões de pessoas no mundo vivem fora do local de origem; o Brasil vira destino.


Pode haver choques de conceitos, alguns restringindo a definição de acordo com o espaço geográfico do deslocamento, outros formando palavras compostas, mas o que ninguém discute é que cada vez mais pessoas estão trocando seu lugar de origem por outro – seguindo sonhos de uma vida melhor, fugindo de conflitos, expulsos da terra...
A classificação mais usual para migrante é aquele se move dentro do país - o imigrante seria quem chega a outro país e o emigrante é o que sai do país. Mas existem outras definições, como migração externa (de um país para outro), interna (dentro do mesmo país), migração definitiva (não sai mais do local para onde foi), temporária (tempo determinado), migração espontânea (por vontade do migrante), forçada (por imposição externa, que pode incluir os refugiados). As divergências quanto à denominação evaporam quando um outro subtema entra em cena: os efeitos das migrações. Porque ninguém duvida que elas transformam cidades, Estados, países e até continentes – este último, caso da relação África-Europa ou Europa-América, por exemplo.
No plano global, outra certeza: o mundo nunca teve tanta gente vivendo fora do país de origem. A Organização das Nações Unidas (ONU) calcula em 190 milhões o total de migrantes. E o movimento não cessa, pelo contrário, é intensificado por guerras, catástrofes climáticas e outros fenômenos.
No cenário brasileiro, a mobilização humana faz parte da história do país. Em 1980, estudo de José O. Beozzo concluiu que 40 milhões de brasileiros não viviam no município onde haviam nascido. Esse número dobrava quando eram consideradas as transferências dentro de um mesmo município, do campo à cidade...
O dado mais recente é do IBGE/PNAD/2005/2006. De uma população de 184,6 milhões de pessoas, 74,2 milhões não moravam no município de origem e 30,1 milhões não viviam no Estado em que tinham nascido. Nesse segundo item, destaque para o Distrito Federal: 53,3% não eram do local. Roraima tinha a metade de seus moradores vindos de outros Estados; Rondônia, 47,4%; Mato Grosso; 42,5%; São Paulo, 24,3%. No Sul, o Paraná aparece com 18,1% de seus habitantes oriundos de outros Estados, Santa Catarina com 16,1% e o Rio Grande do Sul com apenas 4,4% - o mais baixo índice entre todos.
Não há lei que obrigue as pessoas a permanecer onde nascem, muito menos regras que bloqueiem caminhos e a tentativa de realizar planos. É até bom aspirar novos patamares, o que implica, muitas vezes, mudanças de endereço. O ruim, e não raro dramático, é quando alguém é obrigado a deixar para trás parentes, amigos, as raízes enfim, e seguir viagem a procura de um emprego, que com frequência acaba no subemprego, na exploração ou na marginalidade. A conquista da sobrevivência fez brasileiros cruzarem o país em praticamente todas as direções. Desbravando fronteiras agrícolas ou empurrados por ciclos econômicos, milhões de pessoas colonizaram áreas, construíram cidades, misturaram sotaques e culturas. Movimentaram a demografia a tal ponto de o migrante de ontem acolher o de hoje.
Enquanto as rotas se multiplicam, mudam as direções – e os comportamentos. A Europa, de onde partiram dezenas de milhões de pessoas nos séculos XIX e XX, não quer mais receber migrantes e refugiados. O Brasil, de onde embarcaram milhões de pessoas, virou destino para vizinhos e até haitianos. A economia faz girar pessoas, atraindo e alimentando sonhos, mas também destrói projetos de vida. As periferias das grandes cidades estão repletas de famílias que viram a expectativa de uma nova vida se transformar em uma realidade

LEMBRANDO O MESTRE-ESCOLA ARNO ECKE

Esbelto, de figura elegante, sempre fumando seu palheiro, ele foi um desbravador. Quando os colonos  não tinham mais terras para cultivar nas Colonias Velhas, eles, em grupo, emigraram para  para as terras de Horizontina, notória por ser a sede da mais conhecida empresa de colheitadeiras. Não havia nada, exceto alguns caboclos,  Reinavam as florestas de ipês,angicos e canjeranas  soberbas, a perder de vista.

Os colonos vieram, em caravanas, trazendo seu professor, e uma imensa vontade de trabalhar e de fazer a vida a partir do nada. Ele estudara vários anos em São Leopoldo e acumulara vasto saber humanístico. Sabia latim e grego e lia em línguas estrangeiras. Viera para animar a vida daquela pobre gente. Era mestre-escola, figura de referência e respeitadíssimo. Dava aulas de manhã e de tarde. À noite ensinava português para colonos que só falavam em casa alemão, italiano e polones . Ao lado disso, abriu uma escolinha com os mais inteligentes para formá-los como guarda-livros para fazer a contabilidade das bodegas e vendas da região.
Como os adultos tinham especial dificuldade em aprender, usou  métodos criativos. Como mestre-escola era um Paulo Freire avant la lettre. Conseguiu montar uma biblioteca de mais de  mil livros. Obrigava cada família a levar um livro para casa, lê-lo, formava-se uma roda onde cada um contava em português o que havia lido e entendido. Não ensinava apenas o básico, mas tudo o que um colono devia saber: como medir terras, como tirar os juros, como cuidar da mata ciliar e tratar os terrenos com grande declive. Introduzía-os nos rudimentos de filologia, ensinando-os as palavras latinas e gregas.
Mas era um mestre-escola no sentido pleno da palavra porque não se restringia às quatro paredes. Saía com os alunos para contemplar a natureza, explicar-lhes os nomes das plantas, a importância das águas e das árvores frutíferas.
Naqueles fundos ignotos de nosso país, havia uma pessoa angustiada por problemas políticos e metafísicos. Criou até uma pequena roda de amigos que gostavam de discutir “coisas sérias”, mas mais que tudo para ouvi-lo. Sem interlocutores, lia os clássicos do pensamento como Spinoza, Hegel, Darwin, Ortega y Gasset. Passava longas horas à noite colado ao rádio para escutar programas estrangeiros e se informar sobre a segunda guerra mundial.
Era crítico à Igreja dos padres porque estes não respeitavam os vizinhos, todos protestantes alemães, condenados já ao fogo do inferno por não serem católicos. Opunha-se com dureza àqueles que discriminavam os “negros e colonos ” (os que cheiravam mal).
Sua piedade era interiorizada. Passou a todos um sentido espiritual e ético de vida: ser sempre honesto, nunca enganar e confiar irrestritamente na Providência divina. Morreu, de serviço em função de todos, não mais como professor e escritor mas como Escrivão do Registro de Imóveis. Sabia que ia morrer.  deveriam ter escrito  seu lema de vida na sua tumba: “De sua boca ouvimos, de sua vida aprendemos: quem não vive para servir não serve para viver”.
Este mestre-escola sábio e interiorano era Arno Ecke, meu querido e saudoso amigo, cujo trabalho e importância nunca foi reconhecido pela classe política de Horizontina.



E A NOSSA CAIXA PRETA...

A caixa preta foi imaginada por Adolf Hitler quando seu amigo Fritz Todt morreu, em circunstâncias misteriosas, em desastre aéreo. O instrumento foi aperfeiçoado e hoje tem condições de revelar, em detalhes, toda a viagem, inclusive os últimos instantes antes do acidente. As caixas pretas do Airbus frances, aos poucos, estão sendo estudadas e revelarão, em parte, o mistério da queda do avião. As últimas palavras dos pilotos: “Não temos mais indicadores válidos” e finalmente: “Não estou entendendo mais nada”.

Um menino, de nove anos, e sua irmã mais velha foram passar as férias no interior, na casa da avó. Betinho ganhou de presente um estilingue, mas não conseguia acertar em nada. Num impulso atirou no pato de estimação da avó. Acertou na cabeça e o matou.
Com medo, Betinho escondeu o pato morto num monte de lixo. Mas sua irmã, Mariana, viu tudo e começou a explorar o irmão. Diante de qualquer serviço a ser feito, Mariana ameaçava: olha o pato. Tornou-se verdadeira escravidão. Finalmente, Betinho não aguentou e confessou à avó seu pecado. Sorrindo, ela disse: eu vi, estava na janela e já te perdoei porque te amo. Beijou-o e disse: só queria ver quanto tempo você ficaria escravo de sua irmã.
Os dois fatos têm algo em comum. Existe dentro de nós uma caixa preta, que se chama consciência. Ela registra tudo o que acontece. Na vida, todos fazemos concessões às aparências. Há mesmo pessoas que só jogam para a plateia. Sentimentos menos puros misturam-se com nossas atitudes: vaidade, orgulho, hipocrisia, respeito humano, covardia. No entanto, no íntimo de cada pessoa existe um santuário inviolável, só conhecido por ela e por Deus. É à prova de falsificações. A morte é o instante das coisas claras, tornando definitivo aquilo que a pessoa é.
O tempo é o espaço que Deus concede para nosso amadurecimento. É a graciosa possibilidade de mudar de rota, evitando o desastre.

LUZ E NOVAS ESPERANÇAS

Não são estranhas algumas expressões populares que transparecem grande sabedoria. Por exemplo: “Se Deus quiser, uma luz vai aparecer no meu caminho!” “Já estamos vendo uma luz no fundo do túnel!” “O médico me disse que o tratamento está dando sinal de luz em meu estado de saúde!” “Depois de um diálogo, uma boa leitura e um estudo mais aprofundado, minha vida se iluminou!” “Depois de uma crise econômica parece despontar uma luz!” Tantas outras expressões do dia a dia vão mostrando que a luz é também uma promessa promissora.


A USINA DE BELO MONTE

Gigante - Belo Monte é um projeto de usina hidrelétrica para ser implantado em 100 quilômetros do rio Xingu. O lago da usina terá área de 516 km2. O custo de obra está estimado em cerca de R$ 20 bilhões. Belo Monte deve produzir 11,2 mil megawatts/hora, a terceira maior do mundo - atrás de Itaupu (14 mil MW) e Três Gargantes, China (18,2 mil MW). A usina no Xingu terá capacidade para abastecer 26 milhões de habitantes. Deve gerar 20.000 empregos, mas causará o deslocamento de cerca de 15.000 indígenas de vários grupos étnicos.
O titular da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou que o governo respeita a posição da Anistia Internacional sobre a Usina de Belo Monte, mas vai manter a decisão de levar a obra adiante. A Anistia Internacional pediu que o governo brasileiro suspenda o projeto até que os direitos das populações indígenas estejam garantidos. A organização diz: “Dar continuidade ao projeto de Belo Monte é sacrificar os direitos humanos pelo desenvolvimento”.

Belo Monte é o maior empreendimento energético do PAC. O projeto é contestado por ambientalistas, MPF e Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). A ONG Justiça Global alega: “Nem cinco das 40 condicionantes exigidas pelo Ibama no licenciamento prévio foram cumpridas.” A OAB e o CIMI também são contra.










O SONHO DE UMA VIDA MELHOR E O SOFRIMENTO

Tão antiga quanto a civilização, a migração é caminho para realização ou frustração, felicidade ou sofrimento. São inúmeros os casos de famílias que voltaram as costas à sua origem e rumaram na direção de uma vida melhor. Cederam à aspiração e ascenderam econômica e socialmente. Nunca, porém, sem superar adversidades.

Sacrifícios também passaram e passam milhões de pessoas obrigadas a abandonar amigos e familiares. Expulsas da terra pelo inevitável êxodo rural, fugindo da fome ou de guerras, há um contingente cada vez maior que perambula pelo planeta em busca de condições mínimas de sobrevivência. E o pior é que dificilmente encontra - acaba em subabitações de periferias de cidades, submetido ao subemprego ou à criminalidade.
São incontáveis as histórias patrocinadas pela mobilidade humana. No Brasil, as migrações começam pelos índios, passam pela desumanidade praticada contra os negros escravos, pelos imigrantes europeus e, em escala sempre intensa, pelos que se deslocam entre cidades ou Estados. A cada ciclo econômico um novo fluxo, como se as raízes tivessem de ser cortadas para que a pessoa pudesse pelo menos sonhar com um patamar melhor de vida.
É positivo que alguém procure novos horizontes e dê vazão à ambição pessoal e profissional. Porém, desde que seja espontâneo. Forçar uma família a se mudar para um ambiente desconhecido e hostil para sobreviver beira a crueldade. O mundo jamais passará sequer perto do ideal, mas é possível suavizar o drama de milhões de seres humanos - dando ao agricultor condições para se manter no campo; oferecendo emprego digno; permitindo ao filho do operário acesso ao ensino superior; alimentando a expectativa de uma vida melhor... Acima disso, o fim das guerras e de todas as formas de violência - um cenário ainda utópico, mas que deve ser perseguido.

PASSADO

O passado é história, o passado deve ser passado. Não repassado.

É isso: deixe o teu passado onde ele sempre deveria estar!
Pare de fazer comparações, de ficar remoendo, de ficar se arrependendo, se lastimando pelo que fez ou pelo que não fez, pelo que aconteceu ou pelo que não aconteceu.
Libere perdão e perdoe-se paralelamente. Não fique olhando para trás.
Carregue os bons sentimentos sim, e os que não são, deixe-os lá.
Traga consigo as boas lembranças, e as que não são, mantenha-as guardadas.
Se o teu passado te impulsiona, ótimo! Se te paralisa, corte as cordas que te amarram a ele.
Se arrepende de alguma coisa? Perfeito! Faria algo diferente? Maravilhoso! Agiu da melhor forma possível em todas as oportunidades? Melhor ainda! Mas, que isso só sirva de uma mola propulsora para o teu hoje. Caso contrário, não fique perdendo tempo e energias naquilo que ficou, que deixou, que perdeu...
Pronto! Passou...

ORTODOXIA TREME: OBAMA QUER UM BANCO COMO O BNDES

Diante de uma crise que não cede, mesmo depois de o governo despejar US$ 1,3 trilhão no metabolismo dos mercados, retidos, em boa parte, nos cofres da banca privada --que prefere investir em títulos públicos ou especular nas bolsas de commodities a financiar a demanda e o investimento-- o presidente Barack Obama cogita agora criar um banco de desenvolvimento estatal, semelhante ao BNDES brasileiro. A intenção é ter uma ferramenta contracíclica , induzindo investimentos em infraesterutura para injetar algum oxigênio à atividade econômica. A crise e sua longa convalescência evidenciaram o custo elevado do desmonte do aparato público promovido por três décadas de neoliberalismo nos EUA, iniciado com Reagan, em 1981, passando por Clinton nos anos 90 até o seu esfarelamento completo com Bush. Em 2007/2008, quando os mercados entraram em parafuso com a crise das sub-primes, o governo não dispunha de mecanismos para se contrapor à lógica pró-cíclica, sobretudo das finanças, que agem como manada, exacerbando períodos de alta e agravando as dinâmicas recessivas. A reação de Obama , algo tardia, mas sobretudo amesquinhada pela resistência republicana que deseja impor limite acanhados à instituição - no ano passado, por exemplo, o BNDES concedeu US$ 96,32 bilhões em empréstimos, 3 vezes mais que o BID controlado pelos EUA, com US$ 28,8 bi-- traz importantes lições ao Brasil. Um dos maiores acertos do governo Lula foi ter preservado e expandido o fôlego do sistema financeiro público que permitiu ao país resistir e reverter a espiral recessiva e voltar a crescer. Entre 2008 e 2010, quando a banca privada deixou o país na mão criando uma crise de crédito, o BNDES aumentou sua fatia no financiamento produtivo de 9,4% para 22,5% O dispositivo midiático demotucano fez fogo e criticou as tendências estatizantes do empréstimo público subsidiado ( a taxa de juro do BNDES é de 6% contra Selic de 12,25%). A intenção de Obama agora reafirma a relevancia desse ferramental num mundo onde nações se tornam reféns da incerteza financeira, que imobiliza governos e partidos desprovidos de instrumentos para enfrentá-la. Os textos inéditos de Luiz Gonzaga Belluzzo publicados nesta pág. explicam a natureza centralizadora do sistema financeiro no capitalismo. Seu poder estrutural de 'coordenar' a economia não pode ficar subordinado à lógica privada.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

OS SENADORES BRASILEIROS, O CÓDIGO FLORESTAL E O TRIBUNAL DE HAIA

Quando vi a notícia de que o Tribunal Penal Internacional, que funciona em Haia, na Holanda, realizou a primeira audiência para o julgamento do ex-comandante do exército sérvio-bósnio Ratko Mladic, no dia 03 de junho, eu abri um arquivo no meu computador com o seguinte título: Os senadores brasileiros, o Código Florestal e o Tribunal de Haia. Foi tudo que consegui escrever, tal o sentimento impactante que me causa a perda quase total da confiança em um Sistema pelo qual lutamos: o Sistema Democrático. Quantas mortes para garantir o poder ao povo! O poder ao povo pela representação. Onde está essa segurança agora? Penso que estamos como os filhos do Bin Laden! Onde está o corpo do Bin Laden? Nós nos perguntamos, onde está o Sistema que defende a tudo e a todos? Teremos de procurar onde está o corpo da democracia? Onde está o corpo da justiça? Quando o mundo aceitou a vingança dos EUA, afogou a justiça junto com o Bin Laden. Quantos o queriam em julgamento? Entretanto, a justiça foi feita “pelas próprias mãos”, a exemplo de tanta produção cinematográfica que o próprio USA faz. Eles realmente acreditam na justiça pelas próprias mãos. Será que órfãos de leis, de justiça, de órgãos públicos respeitáveis e honestos, nós teremos de começar a fazer justiça pelas próprias mãos? Novamente, a impotência me deixa sem inspiração.

Apesar de saber que o Tribunal Penal Internacional pode ser uma instituição comprometida como tantas outras, penso que se os Senadores brasileiros, em se comprometendo com o grande capital, venham a aprovar a anistia a pessoas que conscientemente cometeram crimes ambientais, portanto, crimes contra a humanidade, dando “o braço a torcer” ao domínio vil de um dinheiro fruto do sofrimento de espécies de todos os reinos precisaram de um julgamento desse porte. Autorizar o uso das margens dos rios, e todos esses detalhes técnicos amplamente divulgados e que todas as pessoas sérias sabem que resultarão em crimes, esse Senado – inteiro – deve ser submetido ao Tribunal de Haia. Sua decisão estará legitimando o que aconteceu na Amazônia, com a morte dos Ambientalistas, em Porto Alegre, com a destruição descabida da Sede da AGAPAN, e a justiça aquela – respaldada em leis – estará no fundo mar. Então teremos aberto um tempo sem lei, sem respeito, um tempo que já tínhamos vencido, do tal “olho por olho, dente por dente.” Em um tempo destes, ao cidadão honesto, respeitador da convivência coletiva e sustentável, dos seres da natureza, nossos irmãos, a esse cidadão, respeitor do planeta, terá de copiar hollywood e fazer do Brasil um grande Kill Bill?

CIBERCOMBATE UM ATO DE GUERRA, SEGUNDO OS EUA.

O Departamento de Defesa norte-americano concluiu que a sabotagem em computadores praticada por outro país pode constituir um ato de guerra, uma decisão que, pela primeira vez, abre uma brecha para que os Estados Unidos respondam com a tradicional força militar. A primeira ciber-estratégia formal do Pentágono, da qual trechos não especificados deverão ser tornados públicos no mês que vem, representa uma tentativa recente de lidar com um mundo em mudanças, no qual um hacker pode representar uma ameaça significativa aos reatores nucleares, metrôs e oleodutos norte-americanos, enquanto hostil aos militares do país. De certa maneira, o Departamento de Defesa pretende que seu plano seja uma advertência, a potenciais adversários, das consequências de atacar os Estados Unidos dessa forma. “Caso pare de funcionar nosso sistema de poder”, disse uma autoridade militar, “talvez possamos enfiar um míssil por suas chaminés abaixo.”

Recentes ataques aos próprios sistemas do Pentágono – bem como a sabotagem do programa nuclear do Irã através do vírus Stuxnet – proporcionaram uma nova urgência aos esforços norte-americanos de desenvolver uma abordagem mais formal aos ciberataques. Um momento crucial ocorreu em 2008, quando pelo menos um dos sistemas de computadores militares dos Estados Unidos foi penetrado. Neste fim de semana, a Lockheed Martin, uma das principais empreiteiras militares, reconheceu que havia sido vítima de uma infiltração quando tentava controlar seu impacto.
O relatório do Pentágono também deflagrará um debate sobre um leque de questões delicadas até hoje não questionadas, incluindo como os Estados Unidos poderão ter absoluta certeza sobre a origem de um ataque e como definir quando a sabotagem a um computador é suficientemente séria para constituir um ato de guerra. Essas questões já foram objeto de discussões entre os militares.
Por esse motivo, os planejadores militares acreditam que a melhor maneira de deter ataques importantes é a de forçar os países que constroem armas de ciberataques a serem responsáveis por seu uso. Numa comparação paralela, dizem especialistas, é o que o que o governo de George W. Bush adotou ao responsabilizar governos estrangeiros por abrigar organizações terroristas, uma política que levou as tropas norte-americanas à campanha para expulsar os taliban do poder no Afeganistão.

A HISTÓRIA VOLTOU PARA AS RUAS

No início dos anos 90 obteve grande repercussão midiática a tese do "fim da História", elaborada por Francis Fukuyama, economista, professor de Filosofia Política e um dos principais ideólogos dos anos Reagan. Segundo essa tese, a História teria chegado ao fim com a queda do Muro de Berlim e a derrocada da União Soviética. Esses dois acontecimentos marcariam a vitória definitiva da democracia liberal e do modelo de civilização liderado pelos Estados Unidos. Ao longo da década de 90, essa ideia andou de mãos dadas com um fervoroso entusiasmo pela globalização que estaria derrubando fronteiras e levando o mundo a um novo patamar. A contrapartida dessa ideologia, no terreno econômico, era uma agressiva onda de privatizações e desregulamentação da economia, especialmente no plano financeiro. A globalização que ocorreu, de fato, foi sobretudo a do capital financeiro.

GOLOPE DE ESTADO FINANCEIRO AMEAÇA DEMOCRACIA EUROPEIA

O recente discurso do presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, carrega consigo o programa de um verdadeiro golpe de estado financeiro contra a democracia europeia. O que está em questão é se Grécia, Irlanda, Espanha, Portugal e o resto da Europa terminarão por destruir o reformismo democrático e derivar para uma oligarquia financeira. O objetivo financeiro é evitar os parlamentos para exigir um “consenso” que dê prioridade aos credores estrangeiros a custo do conjunto da economia. Exige-se dos parlamentos que abdiquem de seu poder político legislativo em favor dos banqueiros.

OLLANTA HUMALA É O NOVO PRESIDENTE DO PERU

O nacionalista Ollanta Humala, presidente eleito do Peru, venceu em 19 das 25 regiões do país nas eleições de domingo (05/06), indicou o último dado oficial publicado nesta terça-feira (07/06) pelo ONPE (Escritório Nacional de Processos Eleitorais). Com 95,17% dos votos apurados, a coalizão de Humala, Ganha Peru, obteve 51,6% dos votos totais, enquanto a coligação Força 2011, da candidata Keiko Fujimori, 48,39%.

A diferença de 3,21% se explica pela vitória em 19 das 25 regiões do país, que preferiram majoritariamente dar apoio a Humala, principalmente na região sul, onde o nacionalista obteve números contundentes e demonstrou claramente as diferenças existentes entre as províncias do interior em relação a Lima e as regiões do litoral norte.

ÀGUA E SABÃO EVITAM INFECÇÕES EM MACHUCADOS

Lavar ferimentos com água e sabão é medida suficiente para que 95% deles curem em até uma semana. O tratamento caseiro é o mais indicado pelos médicos para evitar infecções em pequenos machucados. Médicos do Johns Hopkins Children’s Center, dos EUA, constataram que este é o melhor método para acelerar a recuperação de machucados; melhor até do que o uso de antibióticos, segundo a pesquisa.
Para desinfetar o ferimento, não é preciso esfregar. Apenas o contato com o sabão neutro é suficiente. Além disso, recomenda-se proteger o local com gaze e trocá-la duas vezes ao dia. As mãos de quem faz o curativo também devem estar bem limpas, novamente, com água e sabão. Se surgir secreção, vermelhidão ou febre, é bom procurar ajuda especializada.

FRIO. UM PERÍODO RUIM PARA OS ASMÁTICOS

Incidência é maior entre as crianças


Uma em cada seis é vítima das crises de falta de ar. Tratamento visa controlar sintomas
Um em cada sete brasileiros com mais de 18 anos têm asma. Entre as crianças, a incidência da doença sobe para uma em cada seis. A asma é responsável pela morte prematura de cerca 2.000 pessoas por ano no Brasil, cerca de 400 mil internações hospitalares e número incontável de atendimentos ambulatoriais, principalmente em salas de urgência, conforme dados da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia. É a terceira ou quarta causa de hospitalizações pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A asma é uma doença crônica, ou seja, não tem cura, a pessoa terá que aprender a conviver com ela. O tratamento visa controlar os sintomas: aperto e chiado no peito, tosse seca e falta de ar. Mais importante do que usar remédio é afastar-se dos agentes desencadeantes das crises de falta de ar: alérgenos (poeira, mofo, pelo de animais), fatores irritantes das vias aéreas (perfumes, produtos químicos, fumaça de cigarro), infecções virais, sinusite, doença do refluxo, medicações, alimentos, fatores emocionais (ansiedade) e prática exacerbada de atividade física.
A rinite alérgica é um importante fator de risco para asma. Cerca de 80% dos asmáticos têm rinite e 30% dos riníticos têm asma. Portanto, os cuidados de higiene do ambiente, que visam eliminar principalmente os ácaros da poeira doméstica, maiores causadores de alergia, servem também para prevenir e manter sob controle as crises de asma. Entre os irritantes que agravam a asma, o principal é o cigarro. Diversos estudos relataram uma incidência aumentada de asma nas crianças cujas mães fumam. Ninguém deve fumar na presença de um asmático, assim como no interior do seu quarto.
Além dos cuidados de higiene do ambiente, a asma é controlada por medicamentos. Alguns são usados apenas durante as crises, outros devem ser tomados de maneira regular, independente dos sintomas, conforme orientação do médico. O ideal é fazer com que as crises não ocorram.
Durante as crises, o paciente asmático não deve esperar que os sintomas desapareçam sozinhos, quanto mais precoce o uso de medicamentos, melhor será a resposta. Os especialistas recomendam que os pacientes asmáticos combinem com seus médicos um plano de ação paras as crises, sabendo identificar quais são os sinais de gravidade que devem levar à procura por atendimento de urgência.